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Parar de beber: entendendo o processo e os benefícios

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O que significa parar de beber?

Parar de beber refere-se à interrupção do consumo de álcool, especialmente quando o uso é frequente e em grandes quantidades, o que pode gerar uma dependência conhecida como alcoolismo.

É importante lembrar que nem todo consumo de álcool caracteriza alcoolismo, que se define pelo uso excessivo, compulsivo e prolongado de bebidas alcoólicas, causando impacto negativo na vida pessoal, familiar, profissional e social da pessoa. Quando uma pessoa é dependente, ela sente necessidade de consumir álcool para evitar sintomas1 desagradáveis de abstinência, que desaparecem com o retorno ao consumo.

Assim, "parar de beber" é um objetivo tanto para quem busca interromper o alcoolismo quanto para aqueles que desejam deixar de beber socialmente.

Como o álcool afeta o organismo?

O álcool provoca uma série de efeitos no organismo, tanto a curto quanto a longo prazo:

A curto prazo, o álcool tem efeito diurético2, podendo causar desidratação3 e irritação no sistema digestivo4, levando a esofagite5, gastrite6, náuseas7 e vômitos8. O consumo excessivo, mesmo esporádico, pode resultar na conhecida ressaca, com sintomas1 como dor de cabeça9, fadiga10, sede e sensibilidade à luz e ao som.

A longo prazo, o álcool afeta diversos sistemas:

  • Sistema nervoso central11: atua como depressor, reduzindo a atividade cerebral, o que pode causar euforia, desinibição, perda de reflexos, problemas de atenção e, em casos graves, até coma12 ou morte.
  • Sistema cardiovascular13: pode aumentar o risco de hipertensão14, miocardiopatia15, arritmias16 e AVC, pois libera adrenalina17, acelerando o ritmo cardíaco.
  • Sistema digestivo4: pode levar a gastrite6, úlceras18, pancreatite19 e aumentar o risco de cânceres no trato digestivo.
  • Sistema imunológico20: enfraquece as defesas do corpo, aumentando a vulnerabilidade a infecções21.
  • Fígado22 e rins23: o álcool sobrecarrega esses órgãos, comprometendo suas funções, o que pode levar a condições como hepatite24 alcoólica, cirrose25 e câncer26 de fígado22.
Veja sobre "Posso beber tomando remédios?", "Limitar o consumo de álcool reduz o risco de câncer26" e "Cirrose25 hepática27".

Por que parar de beber?

Existem muitos motivos para parar de beber, incluindo a prevenção dos danos físicos, como problemas no fígado22, cérebro28 e sistema cardiovascular13, além de questões de saúde29 mental, como depressão e ansiedade. Além disso, parar de beber pode melhorar os relacionamentos familiares, sociais e profissionais, aumentar o desempenho e a concentração no trabalho ou nos estudos e reduzir comportamentos de risco, como dirigir embriagado.

Muitas pessoas encontram uma qualidade de vida melhor ao parar de beber, com mais energia, melhor bem-estar e uma sensação geral de saúde29 e disposição.

Como parar de beber?

Parar de beber pode ser desafiador, mas é possível com o apoio adequado e as estratégias certas:

  • Admitir o problema: reconhecer a dependência e decidir parar são os primeiros passos fundamentais.
  • Estabelecer metas: definir objetivos realistas, como reduzir gradualmente ou interromper completamente o consumo.
  • Evitar gatilhos: evitar situações que aumentam a vontade de beber, como eventos sociais onde há consumo de álcool.
  • Buscar hobbies alternativos: substituir atividades que envolvem o álcool por hobbies saudáveis e prazerosos.
  • Obter suporte emocional: amigos, familiares e grupos de apoio, como o “Alcoólicos Anônimos”, podem ser essenciais para lidar com momentos de fraqueza.
  • Tratar questões de saúde29 mental: o acompanhamento psicológico pode ajudar a lidar com estresse, ansiedade e depressão, que muitas vezes estão associados ao alcoolismo.
  • Conhecimento sobre o álcool: informar-se sobre os efeitos prejudiciais do álcool pode reforçar a motivação para parar.
  • Celebrar pequenas vitórias: reconhecer e celebrar cada progresso, por menor que seja, pois isso aumenta a confiança e fortalece a decisão.

Com determinação e suporte, é possível superar a dependência e alcançar uma vida mais saudável e equilibrada.

Leia também sobre "Os vícios e as suas caraterísticas", "Jogadores patológicos" e "Síndrome30 de abstinência".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do CISA - Centro de Informações sobre Saúde e Álcool e do Alcoólicos Anônimos.

ABCMED, 2024. Parar de beber: entendendo o processo e os benefícios. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1478860/parar-de-beber-entendendo-o-processo-e-os-beneficios.htm>. Acesso em: 20 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
2 Diurético: Grupo de fármacos que atuam no rim, aumentando o volume e o grau de diluição da urina. Eles depletam os níveis de água e cloreto de sódio sangüíneos. São usados no tratamento da hipertensão arterial, insuficiência renal, insuficiência cardiaca ou cirrose do fígado. Há dois tipos de diuréticos, os que atuam diretamente nos túbulos renais, modificando a sua atividade secretora e absorvente; e aqueles que modificam o conteúdo do filtrado glomerular, dificultando indiretamente a reabsorção da água e sal.
3 Desidratação: Perda de líquidos do organismo pelo aumento importante da freqüência urinária, sudorese excessiva, diarréia ou vômito.
4 Sistema digestivo: O sistema digestivo ou digestório realiza a digestão, processo que transforma os alimentos em substâncias passíveis de serem absorvidas pelo organismo. Os materiais não absorvidos são eliminados por este sistema. Ele é composto pelo tubo digestivo e por glândulas anexas.
5 Esofagite: Inflamação da mucosa esofágica. Pode ser produzida pelo refluxo do conteúdo ácido estomacal (esofagite de refluxo), por ingestão acidental ou intencional de uma substância tóxica (esofagite cáustica), etc.
6 Gastrite: Inflamação aguda ou crônica da mucosa do estômago. Manifesta-se por dor na região superior do abdome, acidez, ardor, náuseas, vômitos, etc. Pode ser produzida por infecções, consumo de medicamentos (aspirina), estresse, etc.
7 Náuseas: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc .
8 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
9 Cabeça:
10 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
11 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
12 Coma: 1. Alteração do estado normal de consciência caracterizado pela falta de abertura ocular e diminuição ou ausência de resposta a estímulos externos. Pode ser reversível ou evoluir para a morte. 2. Presente do subjuntivo ou imperativo do verbo “comer.“
13 Sistema cardiovascular: O sistema cardiovascular ou sistema circulatório sanguíneo é formado por um circuito fechado de tubos (artérias, veias e capilares) dentro dos quais circula o sangue e por um órgão central, o coração, que atua como bomba. Ele move o sangue através dos vasos sanguíneos e distribui substâncias por todo o organismo.
14 Hipertensão: Condição presente quando o sangue flui através dos vasos com força maior que a normal. Também chamada de pressão alta. Hipertensão pode causar esforço cardíaco, dano aos vasos sangüíneos e aumento do risco de um ataque cardíaco, derrame ou acidente vascular cerebral, além de problemas renais e morte.
15 Miocardiopatia: Termo utilizado para se referir a doenças que afetam o músculo cardíaco.Suas causas são variadas sendo as mais freqüentes a isquemia e a hipertensão. Na América do Sul é importante a infecção pelo Tripanosoma Cruzi, causa da miocardiopatia chagásica. Quando não se encontra uma causa para a doença, ela é chamada miocardiopatia idiopática.
16 Arritmias: Arritmia cardíaca é o nome dado a diversas perturbações que alteram a frequência ou o ritmo dos batimentos cardíacos.
17 Adrenalina: 1. Hormônio secretado pela medula das glândulas suprarrenais. Atua no mecanismo da elevação da pressão sanguínea, é importante na produção de respostas fisiológicas rápidas do organismo aos estímulos externos. Usualmente utilizado como estimulante cardíaco, como vasoconstritor nas hemorragias da pele, para prolongar os efeitos de anestésicos locais e como relaxante muscular na asma brônquica. 2. No sentido informal significa disposição física, emocional e mental na realização de tarefas, projetos, etc. Energia, força, vigor.
18 Úlceras: Feridas superficiais em tecido cutâneo ou mucoso que podem ocorrer em diversas partes do organismo. Uma afta é, por exemplo, uma úlcera na boca. A úlcera péptica ocorre no estômago ou no duodeno (mais freqüente). Pessoas que sofrem de estresse são mais susceptíveis a úlcera.
19 Pancreatite: Inflamação do pâncreas. A pancreatite aguda pode ser produzida por cálculos biliares, alcoolismo, drogas, etc. Pode ser uma doença grave e fatal. Os primeiros sintomas consistem em dor abdominal, vômitos e distensão abdominal.
20 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
21 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
22 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
23 Rins: Órgãos em forma de feijão que filtram o sangue e formam a urina. Os rins são localizados na região posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral.
24 Hepatite: Inflamação do fígado, caracterizada por coloração amarela da pele e mucosas (icterícia), dor na região superior direita do abdome, cansaço generalizado, aumento do tamanho do fígado, etc. Pode ser produzida por múltiplas causas como infecções virais, toxicidade por drogas, doenças imunológicas, etc.
25 Cirrose: Substituição do tecido normal de um órgão (freqüentemente do fígado) por um tecido cicatricial fibroso. Deve-se a uma agressão persistente, infecciosa, tóxica ou metabólica, que produz perda progressiva das células funcionalmente ativas. Leva progressivamente à perda funcional do órgão.
26 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
27 Hepática: Relativa a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
28 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
29 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
30 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
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