Linfogranuloma venéreo
O que é linfogranuloma venéreo?
O linfogranuloma venéreo (LGV) é uma doença sexualmente transmissível, pouco comum, caracterizada primariamente pelo aparecimento de uma lesão1 que se apresenta como uma ulceração2 ou como uma pápula3 na região genital. Seu período de incubação4 varia de 7 a 30 dias, a serem contados da data do contágio5.
Quais são as causas do linfogranuloma venéreo?
O LGV é causado pelas variantes sorológicas L1, L2 e L3 produzidas pela bactéria6 Chlamydia trachomatis. Fatores de risco para a doença incluem residir ou visitar áreas endêmicas, praticar relações anais receptivas, evitar preservativos e praticar sexo indiscriminadamente.
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Qual é o mecanismo fisiológico9 do linfogranuloma venéreo?
A Chlamydia trachomatis é uma bactéria6 intracelular obrigatória. Dos 15 sorotipos clínicos conhecidos a partir dessa bactéria6, apenas três (os sorotipos L1, L2 e L3) causam o LGV. A infecção10 ocorre após contato direto de alguma lesão1 cutânea11 ou mucosa12 com a pele13 ou membranas mucosas14 de um parceiro infectado. Esse organismo etiológico15 não penetra na pele13 intacta. A Chlamydia, depois de contraída, viaja então pelos linfáticos até os linfonodos16 regionais, onde se hospeda e se replica dentro dos macrófagos17, causando uma fase sistêmica da doença.
Quais são as principais características clínicas do linfogranuloma venéreo?
O LGV ocorre em 3 estágios:
- O primeiro deles, que muitas vezes não é reconhecido, consiste em uma pápula3 ou pústula18 genital indolor e que cura rapidamente.
- O segundo, constituído de linfadenopatia inguinal dolorosa, ocorre de 2 a 6 semanas após a lesão1 primária.
- O terceiro estágio, que é mais comum em mulheres e homossexuais, pode ocorrer muitos anos após a infecção10 original e é caracterizado por proctocolite. A condição é caracterizada por pápulas19 ou úlceras20 genitais autolimitadas, seguidas de linfadenopatia dolorosa inguinal e/ou femoral, que pode ser a única manifestação clínica da condição.
Pacientes com LGV também podem apresentar ulcerações21 retais, especialmente entre pacientes que participam de relações anais receptivas. Nestes casos, pode ocorrer dor retal, corrimento e sangramento, sintomas22 que podem ser confundidos com outras condições gastrointestinais, como colite23.
Se não tratado, o LGV pode levar à ulceração2 desfigurante, aumento da genitália24 externa e subsequente obstrução linfática.
Como o médico diagnostica o linfogranuloma venéreo?
O diagnóstico25 inical baseia-se principalmente numa boa história clínica e nos achados do exame físico. O diagnóstico25 laboratorial depende, em última instância, de identificar os sorovariantes L1, L2 ou L3 da Chlamydia. O teste sorológico, contudo, é problemático devido à dificuldade em cultivar o organismo e a cruzada dos muitos sorotipos diferentes. A cultura da Chlamydia trachomatis, embora de diagnóstico25 definitivo, é tecnicamente muito exigente e cara e produz um isolado típico apenas 30% das vezes. A aspiração por agulha de um bubão26 envolvido é o melhor método para obter tecido27 para cultura.
Como tem uma fase sistêmica, a doença produz uma forte resposta imunológica que pode ser detectada em testes de fixação de complemento. Os achados histológicos28 das biópsias29 de linfonodos16 realizados no segundo e terceiro estágios da doença geralmente revelam abscessos30 estrelados.
Como o médico trata o linfogranuloma venéreo?
O tratamento de pacientes com LGV deve incluir tanto cobertura antimicrobiana (antibióticos) como a drenagem31 de bubões32 infectados. A doxiciclina é a droga de escolha em pacientes que não estejam grávidas. Mulheres grávidas e lactantes33 devem ser tratadas com eritromicina. A aspiração com agulha e a drenagem31 dos linfonodos16 inguinais pode ser necessária para alívio da dor e prevenção da formação de úlceras20. Algumas das complicações tardias do terceiro estágio do LGV podem exigir reparo cirúrgico.
Os doentes soropositivos devem ser tratados da mesma forma que os doentes soronegativos, embora possam necessitar de tratamento mais prolongado, com uma resolução mais delongada dos sintomas22. Os pacientes infectados devem abster-se de relações sexuais até que a terapia antibiótica seja concluída e os sintomas22 se resolvam totalmente. Os parceiros sexuais que tiveram contato com o paciente nos últimos 60 dias também devem ser tratados, mesmo que não exibam sintomas22.
Como prevenir o linfogranuloma venéreo?
A melhor forma de prevenir-se contra o linfogranuloma venéreo é fazer uso do preservativo em todas as relações sexuais e afastar parceiros não confiáveis. É importante também fazer uma higienização mais rigorosa dos órgãos sexuais após o coito.
Quais são as complicações possíveis do linfogranuloma venéreo?
As possíveis complicações do LGV são elefantíase do pênis34, escroto35 ou vulva36, devido à obstrução da circulação linfática37, inflamação38 crônica do reto39, nas pessoas que praticam sexo anal receptivo, e estreitamento pela cicatrização das úlceras20.
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As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.