Gostou do artigo? Compartilhe!

Colangites - como elas são?

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que são colangites?

Colangites são inflamações1 dos canais biliares2, tubos que transportam a bile3 (um líquido produzido pelo fígado4) do fígado4 para a vesícula biliar5 e os intestinos6. Há três tipos de colangites: (1) colangite ascendente, causada por infecção7 bacteriana, geralmente precedida por uma coledocolitíase; (2) colangite esclerosante primária, de origem autoimune8 e (3) colangite esclerosante secundária, devido a outras causas, como cálculos biliares, presença de vermes, AIDS ou complicações com endoscopias na via biliar.

Esta doença foi reconhecida em 1877 por Jean M. Charcot.

Saiba mais sobre "Doenças autoimunes9", "Cálculos biliares", "Vermes" e "AIDS".

Quais são as causas das colangites?

As colangites acontecem na maioria dos casos por obstruções das vias biliares10 em decorrência de cálculos, estenoses11 ou neoplasias12. Menos comumente, as obstruções ocorrem por parasitas, como Ascaris lumbricoides, pela AIDS ou pela coledococele (dilatação de natureza congênita13 da parte terminal do colédoco).

A colangite também pode ser uma complicação da manipulação endoscópica das vias biliares10 para fins diagnósticos ou terapêuticos. Em raros casos, ela é consequente a um problema autoimune8.

Qual é o mecanismo fisiológico14 das colangites?

As vias biliares10 são constituídas por um conjunto de ductos que ligam o fígado4 e a vesícula biliar5 ao duodeno15. Eles conduzem a bile3 do fígado4 à vesícula biliar5, onde ela é armazenada. Posteriormente, a bile3 percorre as vias biliares10 em direção ao duodeno15, onde desempenha um papel fundamental na digestão16 das gorduras. A inflamação17 das vias biliares10 dificulta ou impede essa circulação18 da bile3 e o acúmulo da bile3 produz transtornos como infecções19, cirrose20 e hipertensão21.

As colangites são enfermidades graves que podem levar facilmente à morte. Nas colangites ascendentes, a inflamação17 aguda dos canais que conduzem a bile3 é causada por bactérias que migram do intestino para as vias biliares10. O fator que mais frequentemente causa esse tipo de colangite é a interrupção parcial do fluxo de bile3. Essa infecção7 é grave e tende a progredir para infecção7 generalizada, podendo levar ao óbito22 se não tratada adequadamente.

A colangite esclerosante primária tem uma origem autoimune8 e leva a uma inflamação17 dos ductos biliares23. Essa alteração rara atinge principalmente pessoas com mais de 40 anos de idade e costuma ser acompanhada de neoplasias12 malignas.

A colangite esclerosante secundária é uma complicação de outras enfermidades, geralmente de cálculos biliares que dificultam o fluxo da bile3. A AIDS, a presença de Ascaris lumbricoides ou uma dilatação congênita13 do colédoco também são fatores que poderiam causar tal condição, assim como problemas durante uma endoscopia24 da via biliar.

Quais são as principais características clínicas das colangites?

A colangite ocorre mais comumente em mulheres do que homens e o início costuma ser após a idade de 55 anos. Os principais sintomas25 da colangite ascendente são dor, icterícia26, febre27, confusão mental e hipotensão arterial28.

As colangites esclerosante primária e secundária comportam, além desses sintomas25, sangue29 ou muco nas fezes, perda de peso, diarreia30, fadiga31, prurido32 e aumento hepático (hepatomegalia33). Esses sintomas25 podem variar de moderados a graves, dependendo do local acometido e da causa.

É importante diferenciar as colangites entre si, pois seu tratamento e evolução são diferentes.

Leia sobre "Cirrose20", "Ascaridíase" e "Hepatomegalia33".

Como o médico diagnostica as colangites?

O diagnóstico34 de colangite começa com a história médica completa e com o exame físico do paciente, seguidos por um exame de sangue29 (em busca de colestase35), uma colangiografia36 (exame de raio-X contrastado dos ductos biliares23), uma ressonância magnética37 ou uma ultrassonografia38. A colangite esclerosante primária pode requerer uma biópsia39 hepática40 para análise do material recolhido.

Como o médico trata as colangites?

Muitos casos de colangite aguda respondem ao tratamento com antibióticos, mas pacientes com colangites mais graves podem não responder adequadamente ou requerer uma drenagem41 biliar de emergência42. Uma colangiografia36 endoscópica ou mesmo uma cirurgia pode ser necessária para a desobstrução dos canais biliares2.

Como evoluem as colangites?

A colangite, quando não tratada adequadamente, é uma infecção7 com potencial para causar morbidez e mortalidade43 significativas.

Como prevenir as colangites?

Uma das maneiras de prevenir as colangites consiste em tratar correta e prontamente os cálculos biliares, tumores e infestações de parasitas. Um stent pode ser colocado no sistema biliar para que a infecção7 não volte. As colangites de causas genéticas não têm como ser prevenidas.

Veja também sobre "Colangiografia36", "Colelitíase44", "Câncer45 de vesícula46", "Pólipos47 na vesícula46" e "Biópsia39 de fígado4".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas em parte dos sites da da Mayo ClinicAmerican Gastroenterological Association e American College of Gastroenterology.

ABCMED, 2017. Colangites - como elas são?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1303608/colangites-como-elas-sao.htm>. Acesso em: 19 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Inflamações: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc. Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
2 Canais Biliares: Canais que coletam e transportam a secreção biliar dos CANALÍCULOS BILIARES (o menor ramo do TRATO BILIAR no FÍGADO), através dos pequenos ductos biliares, ductos biliares (externos ao fígado) e para a VESÍCULA BILIAR (para armazenamento).
3 Bile: Agente emulsificador produzido no FÍGADO e secretado para dentro do DUODENO. Sua composição é formada por s ÁCIDOS E SAIS BILIARES, COLESTEROL e ELETRÓLITOS. A bile auxilia a DIGESTÃO das gorduras no duodeno.
4 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
5 Vesícula Biliar: Reservatório para armazenar secreção da BILE. Através do DUCTO CÍSTICO, a vesícula libera para o DUODENO ácidos biliares em alta concentração (e de maneira controlada), que degradam os lipídeos da dieta.
6 Intestinos: Seção do canal alimentar que vai do ESTÔMAGO até o CANAL ANAL. Inclui o INTESTINO GROSSO e o INTESTINO DELGADO.
7 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
8 Autoimune: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
9 Autoimunes: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
10 Vias biliares: Conjunto de condutos orgânicos que conectam o fígado e a vesícula biliar ao duodeno. Sua função é conduzir a bile produzida no fígado, para ser armazenada na vesícula biliar e posteriormente ser liberada no duodeno.
11 Estenoses: Estreitamentos patológicos de um conduto, canal ou orifício.
12 Neoplasias: Termo que denomina um conjunto de doenças caracterizadas pelo crescimento anormal e em certas situações pela invasão de órgãos à distância (metástases). As neoplasias mais frequentes são as de mama, cólon, pele e pulmões.
13 Congênita: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
14 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
15 Duodeno: Parte inicial do intestino delgado que se estende do piloro até o jejuno.
16 Digestão: Dá-se este nome a todo o conjunto de processos enzimáticos, motores e de transporte através dos quais os alimentos são degradados a compostos mais simples para permitir sua melhor absorção.
17 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
18 Circulação: 1. Ato ou efeito de circular. 2. Facilidade de se mover usando as vias de comunicação; giro, curso, trânsito. 3. Movimento do sangue, fluxo de sangue através dos vasos sanguíneos do corpo e do coração.
19 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
20 Cirrose: Substituição do tecido normal de um órgão (freqüentemente do fígado) por um tecido cicatricial fibroso. Deve-se a uma agressão persistente, infecciosa, tóxica ou metabólica, que produz perda progressiva das células funcionalmente ativas. Leva progressivamente à perda funcional do órgão.
21 Hipertensão: Condição presente quando o sangue flui através dos vasos com força maior que a normal. Também chamada de pressão alta. Hipertensão pode causar esforço cardíaco, dano aos vasos sangüíneos e aumento do risco de um ataque cardíaco, derrame ou acidente vascular cerebral, além de problemas renais e morte.
22 Óbito: Morte de pessoa; passamento, falecimento.
23 Ductos Biliares: Canais que coletam e transportam a secreção biliar dos CANALÍCULOS BILIARES (o menor ramo do TRATO BILIAR no FÍGADO), através dos pequenos ductos biliares, ductos biliares (externos ao fígado) e para a VESÍCULA BILIAR (para armazenamento).
24 Endoscopia: Método no qual se visualiza o interior de órgãos e cavidades corporais por meio de um instrumento óptico iluminado.
25 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
26 Icterícia: Coloração amarelada da pele e mucosas devido a uma acumulação de bilirrubina no organismo. Existem dois tipos de icterícia que têm etiologias e sintomas distintos: icterícia por acumulação de bilirrubina conjugada ou direta e icterícia por acumulação de bilirrubina não conjugada ou indireta.
27 Febre: É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo. São aceitos como valores de referência indicativos de febre: temperatura axilar ou oral acima de 37,5°C e temperatura retal acima de 38°C. A febre é uma reação do corpo contra patógenos.
28 Hipotensão arterial: Diminuição da pressão arterial abaixo dos valores normais. Estes valores normais são 90 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 50 milímetros de pressão diastólica.
29 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
30 Diarréia: Aumento do volume, freqüência ou quantidade de líquido nas evacuações.Deve ser a manifestação mais freqüente de alteração da absorção ou transporte intestinal de substâncias, alterações estas que em geral são devidas a uma infecção bacteriana ou viral, a toxinas alimentares, etc.
31 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
32 Prurido: 1.    Na dermatologia, o prurido significa uma sensação incômoda na pele ou nas mucosas que leva a coçar, devido à liberação pelo organismo de substâncias químicas, como a histamina, que irritam algum nervo periférico. 2.    Comichão, coceira. 3.    No sentido figurado, prurido é um estado de hesitação ou dor na consciência; escrúpulo, preocupação, pudor. Também pode significar um forte desejo, impaciência, inquietação.
33 Hepatomegalia: Aumento anormal do tamanho do fígado.
34 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
35 Colestase: Retardamento ou interrupção do fluxo nos canais biliares.
36 Colangiografia: Estudo diagnóstico das vias biliares que utiliza uma substância de contraste para evidenciar a anatomia das mesmas e comprovar existência de cálculos, deformidades ou compressões externas.
37 Ressonância magnética: Exame que fornece imagens em alta definição dos órgãos internos do corpo através da utilização de um campo magnético.
38 Ultrassonografia: Ultrassonografia ou ecografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
39 Biópsia: 1. Retirada de material celular ou de um fragmento de tecido de um ser vivo para determinação de um diagnóstico. 2. Exame histológico e histoquímico. 3. Por metonímia, é o próprio material retirado para exame.
40 Hepática: Relativa a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
41 Drenagem: Saída ou retirada de material líquido (sangue, pus, soro), de forma espontânea ou através de um tubo colocado no interior da cavidade afetada (dreno).
42 Emergência: 1. Ato ou efeito de emergir. 2. Situação grave, perigosa, momento crítico ou fortuito. 3. Setor de uma instituição hospitalar onde são atendidos pacientes que requerem tratamento imediato; pronto-socorro. 4. Eclosão. 5. Qualquer excrescência especializada ou parcial em um ramo ou outro órgão, formada por tecido epidérmico (ou da camada cortical) e um ou mais estratos de tecido subepidérmico, e que pode originar nectários, acúleos, etc. ou não se desenvolver em um órgão definido.
43 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
44 Colelitíase: Formação de cálculos no interior da vesícula biliar.
45 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
46 Vesícula: Lesão papular preenchida com líquido claro.
47 Pólipos: 1. Em patologia, é o crescimento de tecido pediculado que se desenvolve em uma membrana mucosa (por exemplo, no nariz, bexiga, reto, etc.) em resultado da hipertrofia desta membrana ou como um tumor verdadeiro. 2. Em celenterologia, forma individual, séssil, típica dos cnidários, que se caracteriza pelo corpo formado por um tubo ou cilindro, cuja extremidade oral, dotada de boca e tentáculos, é dirigida para cima, e a extremidade oposta, ou aboral, é fixa.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.