Infarto mesentérico - como ele é?
O que é o mesentério1?
O mesentério1 é uma prega membranosa em forma de leque que liga o intestino à parede abdominal2, permitindo sua mobilidade peristáltica fisiológica3, mas impedindo o deslocamento patológico do intestino.
Muito recentemente (2017), o mesentério1, que antes era tido apenas como um ligamento4 do aparelho digestivo5, foi reconhecido como um órgão único e contínuo, com funções próprias. Extremamente vascularizado, o mesentério1 ajuda a transferir ao organismo os nutrientes absorvidos pelo intestino. Ele também contém, além de vasos sanguíneos6, nervos e gânglios linfáticos7.
O que é infarto8 mesentérico9?
O infarto8 mesentérico9 é a obstrução causada por um trombo10 ou um êmbolo11 arterial que bloqueiam a circulação12, levando a uma isquemia13 mesentérica14. Há três troncos arteriais responsáveis por levar sangue15 oxigenado ao mesentério1: (1) tronco celíaco, (2) artéria16 mesentérica14 superior e (3) artéria mesentérica inferior17.
Raramente, a oclusão de uma única dessas artérias18 causa sintomas19 de isquemia13, já que elas estão conectadas entre si por numerosas anastomoses20 capazes de garantir, supletivamente, o fluxo sanguíneo de que o mesentério1 necessita.
Há necessidade, quase sempre, de que pelo menos duas das três artérias18 digestivas estejam obstruídas, implicando uma diminuição de mais de 50% do fluxo sanguíneo destinado ao território intestinal, para que os sintomas19 se iniciem.
Veja sobre "Apendicite21", "Dor abdominal", "Abdome agudo22" e "Colelitíase23".
Quais são as causas do infarto8 mesentérico9?
A isquemia13 mesentérica14 aguda é devida ao embolismo24 causado por valvulopatia25 mitral e/ou aórtica ou fibrilação atrial. Pacientes que apresentem um baixo fluxo circulatório por outros motivos e/ou hipercoagulabilidade26 também podem sofrer isquemia13 mesentérica14 aguda por trombose27 arterial.
A isquemia13 mesentérica14 crônica (angina28 intestinal) geralmente é causada pela diminuição do fluxo sanguíneo devido à aterosclerose29 dos vasos mesentéricos30.
A colite31 isquêmica é resultante do baixo fluxo sanguíneo no mesentério1, decorrente de hipotensão32, desidratação33, hipercoagulabilidade26 e/ou vasculite34.
Quais são as principais características clínicas do infarto8 mesentérico9?
Há três tipos de doenças isquêmicas intestinais: (1) isquemia13 mesentérica14 crônica, (2) isquemia13 mesentérica14 aguda e (3) colite31 isquêmica. A isquemia13 mesentérica14 aguda é sempre um quadro clínico de urgência35, que exige tratamento imediato e, em grande parte, pode ser fatal. Esses pacientes apresentam dor periumbilical súbita, náuseas36, vômitos37, sensibilidade abdominal difusa à palpação38, leucocitose39 e íleo adinâmico40.
Achados clínicos típicos da isquemia13 mesentérica14 crônica (angina28 intestinal) são dor abdominal pós-prandial, medo de se alimentar e grande perda de peso.
A colite31 isquêmica gera dor abdominal, diarreia41, sangramento intestinal e inflamação42 no ângulo esplênico43 do cólon44 que é o local mais comum de isquemia13 do cólon44. Um sintoma45 típico é o estreitamento da luz intestinal com ulceração46 em área claramente demarcada.
Saiba mais sobre "Leucocitose39", "Íleo adinâmico40", "Diarreia41" e "Melena47 e Hematêmese48".
Como o médico diagnostica o infarto8 mesentérico9?
A isquemia13 mesentérica14 constitui um verdadeiro desafio diagnóstico49, sobretudo na forma aguda que exige um reconhecimento rápido. Em geral, a tríade (1) dor abdominal pós-prandial, (2) perda de peso e (3) aversão à comida levanta um alto grau de suspeição quanto a esse diagnóstico49.
Apesar do avanço dos métodos semióticos e do conhecimento da sua fisiopatologia50, o diagnóstico49 da isquemia13 intestinal permanece eminentemente51 clínico. A isquemia13 mesentérica14 aguda, além de ser um quadro clínico de abdômen agudo52 pode ter o diagnóstico49 confirmado por uma angiografia53 de urgência35. O diagnóstico49 da isquemia13 mesentérica14 crônica pode ser sugerido por ultrassonografia54 doppler ou angiografia53 mesentérica14. No caso de colite31 mesentérica14, a endoscopia55 mostrará uma escassez de vasos, ulcerações56 aftoides e áreas de inflamação42, fortemente demarcadas.
O diagnóstico49 diferencial deve ser feito com megacólon57 tóxico, que é uma complicação grave da retocolite ulcerativa.
Como o médico trata o infarto8 mesentérico9?
O sucesso no tratamento depende, em grande parte, do diagnóstico49 precoce e da intervenção urgente. A isquemia13 mesentérica14 aguda demanda uma trombólise58 ou cirurgia imediata. Mesmo assim, tem um alto índice de mortalidade59. O tratamento da isquemia13 mesentérica14 crônica consiste na revascularização cirúrgica ou angioplastia60. O tratamento de colite31 isquêmica consiste em hidratação e administração de antibióticos. Um pequeno número de pacientes necessitará de ressecção do segmento intestinal afetado.
Leia sobre "Megacólon57", "Colite31 ulcerativa", "Bridas intestinais", "Aneurisma61 de aorta abdominal62" e "Intussuscepção intestinal".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.