Gostou do artigo? Compartilhe!

Disbiose - você sabe o que é?

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é disbiose1?

No intestino humano convivem em equilíbrio microrganismos “bons”, necessários a um desempenho correto das suas funções, e microrganismos “ruins”, capazes de perturbá-las. A disbiose1 é definida como sendo um desequilíbrio entre os microrganismos benéficos e os outros, patogênicos e prejudiciais à saúde2. É, pois, um estado alterado da ecologia microbiana na cavidade oral3 ou no trato gastrointestinal.

Quais são as causas da disbiose1?

A disbiose1 acontece em função de uma alimentação inadequada ou pelo uso de medicamentos que alteram a flora intestinal, tais como: antiácidos4, anti-inflamatórios, anticoncepcionais e, especialmente, antibióticos. Outras condições que podem levar à disbiose1 são a presença de parasitoses, atrofia5 das mucosas6 intestinais e estresse. Os indivíduos que fazem uso de forma prolongada ou crônica desses medicamentos devem consumir prebióticos e probióticos7 com o objetivo de recompor a flora intestinal.

Saiba mais sobre "Pílulas anticoncepcionais", "Exame parasitológico de fezes", "Estresse" e "Probióticos7 e prebióticos".

Quais são as principais características clínicas da disbiose1?

Nas condições de disbiose1, os organismos patogênicos de baixa virulência8 e até então inócuos apresentam-se em desequilíbrio em relação ao restante da flora bacteriana, alterando a absorção de nutrientes e a resposta imunológica do hospedeiro.

Os principais sinais9 e sintomas10 da disbiose1 são: deficiência da absorção de vitaminas, cansaço, inativação de enzimas digestivas, má digestão11, fermentação excessiva, não-conjugação de sais biliares, comprometimento da absorção de gorduras, produção de promotores tumorais e destruição da mucosa intestinal12.

A disbiose1 está também relacionada com a deficiência de vitamina13 B12, esteatorreia14, síndrome15 do cólon16 irritável, artrite reumatoide17, câncer18 de mama19 e cólon16, psoríase20, eczema21, acne22 e fadiga23 crônica.

Leia sobre "Anemia perniciosa24", "Síndrome15 do intestino irritável" e "Artrite reumatoide17".

Como o médico diagnostica a disbiose1?

O diagnóstico25 dessa condição deve começar pelo histórico clínico do paciente, que revelará os sintomas10 típicos, e pelo exame clínico que pode revelar abdome26 hipertimpânico e dor à palpação27, especialmente do cólon descendente28.

Como o médico trata a disbiose1?

A terapia da disbiose1 consiste basicamente em duas providências, sendo uma dietética e outra baseada na administração de prebióticos e/ou probióticos7. Nos casos mais severos, pode ser necessária a realização de hidrocolonoterapia. A dieta deve evitar a ingestão de carne vermelha, leite de vaca e seus derivados, leite de cabra, açúcar29 refinado e alimentos processados30, passando a adotar uma dieta rica em fibras.

Os probióticos7 são constituídos por bactérias vivas e leveduras benéficas que melhoram a saúde2 do intestino, facilitando a digestão11 e a absorção de nutrientes. Normalmente, essas bactérias são encontradas naturalmente no corpo, mas também podem ser acrescentadas por meio de alguns alimentos e suplementos. Os probióticos7 podem ser encontrados no iogurte, em chocolates e em outros alimentos fermentados.

Os probióticos7 ajudam a mover alimentos através do intestino. Algumas condições comuns tratadas pelos probióticos7 incluem a síndrome15 do intestino irritável, a doença inflamatória intestinal, a diarreia31 infecciosa e a diarreia31 relacionada a antibióticos. Algumas pesquisas mostram que eles ajudam com problemas em outras partes do corpo, como condições da pele32, saúde2 urinária e vaginal, prevenção de alergias e de resfriados e saúde2 bucal.

Veja mais sobre "Benefícios dos probióticos7", "Alergias", "Dermatite33 atópica", "Resfriado comum" e "Intolerância à lactose34" e "Diarreia31".

Os prebióticos são carboidratos ou fibras hidrossolúveis não digeríveis, extraídas de certos alimentos vegetais. Os prebióticos são alimentos não calóricos ou energéticos, cujo consumo é benéfico, porque estimulam seletivamente o crescimento e a atividade de uma ou mais espécies bacterianas “boas” no cólon16.

Os prebióticos podem ser, por exemplo, (1) os oligossacarídeos, presentes em alimentos como a cebola, alho, tomate, banana, cereais integrais como a cevada, aveia, trigo, mel e cerveja; (2) a pectina, que está presente na casca dos cítricos, do maracujá e na maçã; (3) as ligninas, presentes nas cascas de frutas oleaginosas (castanha-de-caju, nozes, amêndoas, avelãs, macadâmias, linhaça, gergelim, amêndoas, etc.) e leguminosas como a soja e o feijão; (4) a inulina, encontrada principalmente na raiz da chicória, no alho, cebola, aspargos e alcachofra.

Os prebióticos ajudam na manutenção da flora intestinal, estimulam a motilidade e o trânsito intestinal, contribuem com a consistência normal das fezes, colaboram para que somente sejam absorvidas pelo intestino as substâncias necessárias e úteis e estimulam o crescimento das bifidobactérias, responsáveis por inibirem a atividade de outras bactérias que são putrefativas e intoxicantes.

Como prevenir a disbiose1?

Para evitar a disbiose1 deve-se fortalecer a barreira intestinal contra microrganismos patogênicos, o que se pode conseguir por meio da síntese de vitaminas e antibióticos naturais e/ou produção de ácidos graxos de cadeia curta. Normalmente, os microrganismos benéficos que compõem a flora intestinal são capazes de produzir estas substâncias e manter a barreira intestinal.

Para garantir este equilíbrio se faz necessária a ingestão adicional de prebióticos e probióticos7. Algumas orientações podem ser úteis na tentativa de minimizar os efeitos negativos da disbiose1:

  • Ter uma alimentação balanceada.
  • Evitar o excesso de ingestão de bebidas alcoólicas.
  • Evitar a automedicação35 e o consumo indiscriminado de medicamentos.
  • Aumentar o consumo de fibras alimentares (25 g/dia).
  • Ingerir cerca de dois litros de líquido durante o dia.
Leia também sobre "Alimentação saudável" e "Vantagens dos alimentos orgânicos".

 

ABCMED, 2017. Disbiose - você sabe o que é?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1300283/disbiose-voce-sabe-o-que-e.htm>. Acesso em: 20 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Disbiose: Desequilíbrio da flora intestinal.
2 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
3 Cavidade Oral: Cavidade oral ovalada (localizada no ápice do trato digestivo) composta de duas partes
4 Antiácidos: É uma substância que neutraliza o excesso de ácido, contrariando o seu efeito. É uma base que aumenta os valores de pH de uma solução ácida.
5 Atrofia: 1. Em biologia, é a falta de desenvolvimento de corpo, órgão, tecido ou membro. 2. Em patologia, é a diminuição de peso e volume de órgão, tecido ou membro por nutrição insuficiente das células ou imobilização. 3. No sentido figurado, é uma debilitação ou perda de alguma faculdade mental ou de um dos sentidos, por exemplo, da memória em idosos.
6 Mucosas: Tipo de membranas, umidificadas por secreções glandulares, que recobrem cavidades orgânicas em contato direto ou indireto com o meio exterior.
7 Probióticos: Suplemento alimentar, rico em micro-organismos vivos, que afeta de forma benéfica seu consumidor, através da melhoria do balanço microbiano intestinal.
8 Virulência: 1. Qualidade ou estado do que é ou está virulento. 2. Capacidade de um vírus ou bactéria de se multiplicar dentro de um organismo, provocando doença. 3. No sentido figurado, caráter daquilo ou daquele que está carregado de violência ou de ímpeto violento.
9 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
10 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
11 Digestão: Dá-se este nome a todo o conjunto de processos enzimáticos, motores e de transporte através dos quais os alimentos são degradados a compostos mais simples para permitir sua melhor absorção.
12 Mucosa Intestinal: Revestimento dos INTESTINOS, consistindo em um EPITÉLIO interior, uma LÂMINA PRÓPRIA média, e uma MUSCULARIS MUCOSAE exterior. No INTESTINO DELGADO, a mucosa é caracterizada por várias dobras e muitas células absortivas (ENTERÓCITOS) com MICROVILOSIDADES.
13 Vitamina: Compostos presentes em pequenas quantidades nos diversos alimentos e nutrientes e que são indispensáveis para o desenvolvimento dos processos biológicos normais.
14 Esteatorreia: Presença excessiva de gordura nas fezes, o que torna as fezes brilhantes.
15 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
16 Cólon:
17 Artrite reumatóide: Doença auto-imune de etiologia desconhecida, caracterizada por poliartrite periférica, simétrica, que leva à deformidade e à destruição das articulações por erosão do osso e cartilagem. Afeta mulheres duas vezes mais do que os homens e sua incidência aumenta com a idade. Em geral, acomete grandes e pequenas articulações em associação com manifestações sistêmicas como rigidez matinal, fadiga e perda de peso. Quando envolve outros órgãos, a morbidade e a gravidade da doença são maiores, podendo diminuir a expectativa de vida em cinco a dez anos.
18 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
19 Mama: Em humanos, uma das regiões pareadas na porção anterior do TÓRAX. As mamas consistem das GLÂNDULAS MAMÁRIAS, PELE, MÚSCULOS, TECIDO ADIPOSO e os TECIDOS CONJUNTIVOS.
20 Psoríase: Doença imunológica caracterizada por lesões avermelhadas com descamação aumentada da pele dos cotovelos, joelhos, couro cabeludo e costas juntamente com alterações das unhas (unhas em dedal). Evolui através do tempo com melhoras e pioras, podendo afetar também diferentes articulações.
21 Eczema: Afecção alérgica da pele, ela pode ser aguda ou crônica, caracterizada por uma reação inflamatória com formação de vesículas, desenvolvimento de escamas e prurido.
22 Acne: Doença de predisposição genética cujas manifestações dependem da presença dos hormônios sexuais. As lesões começam a surgir na puberdade, atingindo a maioria dos jovens de ambos os sexos. Os cravos e espinhas ocorrem devido ao aumento da secreção sebácea associada ao estreitamento e obstrução da abertura do folículo pilosebáceo, dando origem aos comedões abertos (cravos pretos) e fechados (cravos brancos). Estas condições favorecem a proliferação de microorganismos que provocam a inflamação característica das espinhas, sendo o Propionibacterium acnes o agente infeccioso mais comumente envolvido.
23 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
24 Anemia Perniciosa: Doença causada pela incapacidade do organismo absorver a vitamina B12. Mais corretamente, ela se refere a uma doença autoimune que resulta na perda da função das células gástricas parietais, que secretam ácido clorídrico para acidificar o estômago e o fator intrínseco gástrico que facilita a absorção da vitamina B12.
25 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
26 Abdome: Região do corpo que se localiza entre o TÓRAX e a PELVE.
27 Palpação: Ato ou efeito de palpar. Toque, sensação ou percepção pelo tato. Em medicina, é o exame feito com os dedos ou com a mão inteira para explorar clinicamente os órgãos e determinar certas características, como temperatura, resistência, tamanho etc.
28 Cólon Descendente: O segmento do INTESTINO GROSSO situado entre o COLO TRANSVERSO e o COLO SIGMÓIDE
29 Açúcar: 1. Classe de carboidratos com sabor adocicado, incluindo glicose, frutose e sacarose. 2. Termo usado para se referir à glicemia sangüínea.
30 Alimentos processados: São aqueles que passam por processamento industrial (larga escala) ou doméstico, contendo elementos químicos. Este processo de transformação, mesmo que caseiro, é percebido como menos saudável que o natural. Geralmente estes produtos sofrem junção com outro tipo de produto, como conservantes, ou alterações em sua temperatura. Exemplo: qualquer produto enlatado, engarrafado ou embutidos.
31 Diarréia: Aumento do volume, freqüência ou quantidade de líquido nas evacuações.Deve ser a manifestação mais freqüente de alteração da absorção ou transporte intestinal de substâncias, alterações estas que em geral são devidas a uma infecção bacteriana ou viral, a toxinas alimentares, etc.
32 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
33 Dermatite: Inflamação das camadas superficiais da pele, que pode apresentar-se de formas variadas (dermatite seborreica, dermatite de contato...) e é produzida pela agressão direta de microorganismos, substância tóxica ou por uma resposta imunológica inadequada (alergias, doenças auto-imunes).
34 Lactose: Tipo de glicídio que possui ligação glicosídica. É o açúcar encontrado no leite e seus derivados. A lactose é formada por dois carboidratos menores, chamados monossacarídeos, a glicose e a galactose, sendo, portanto, um dissacarídeo.
35 Automedicação: Automedicação é a prática de tomar remédios sem a prescrição, orientação e supervisão médicas.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.