Síndrome serotoninérgica - quando acontece? Como ela é? Tem como evitar?
O que é serotonina?
A serotonina, também conhecida como 5-hidroxitriptamina (5HT), é uma monoamina sintetizada por alguns neurônios1 do sistema nervoso central2 e por algumas células3 do trato gastrointestinal, sendo armazenada principalmente nas plaquetas4. Ela tem como principal função ser um transmissor de impulsos nervosos entre os neurônios1 (neurotransmissor).
No sistema nervoso5, é produzida nos neurônios1 pré-sinápticos pela descarboxilação e hidroxilação do aminoácido triptofano. Ela também pode ser encontrada em vários cogumelos e plantas, incluindo frutas e vegetais.
A serotonina desempenha um papel relevante na inibição da ira, da agressão, da temperatura corporal, do humor, do sono, do vômito6 e do apetite, inibições estas diretamente relacionadas com os sintomas7 da depressão.
Leia sobre "Temperatura corporal", "Depressão" e "Maneiras de lidar com o estresse".
O que é síndrome serotoninérgica8?
A síndrome serotoninérgica8 (ou síndrome da serotonina9) é uma reação grave, potencialmente fatal, ao uso de medicamentos serotoninérgicos. Os casos mais severos são causados pela combinação de dois ou mais desses fármacos. Como o uso de agentes serotoninérgicos estão crescendo na prática clínica, a incidência10 da síndrome serotoninérgica8 tem sido cada vez maior.
Quais são as causas da síndrome serotoninérgica8?
A síndrome serotoninérgica8 é causada pela (1) administração de substâncias pró-serotoninérgicas; (2) aumento da liberação da serotonina estocada no organismo; (3) diminuição de recaptação pré-sináptica neuronal de serotonina; (4) inibição do metabolismo11 da serotonina; (5) estimulação do receptor pós-sináptico da serotonina e (6) aumento da resposta pós-sináptica à estimulação pela serotonina.
A síndrome serotoninérgica8 normalmente surge com a administração de dois ou mais medicamentos que aumentam a concentração de serotonina. As medicações mais comumente envolvidas são o L-triptofano, inibidor do metabolismo11 da serotonina; inibidores da monoamina oxidase (IMAOs); anfetamina; lítio; ecstasy; cocaína; dextrometorfan; inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRSs); antidepressivos tricíclicos; trazodona; venlafaxina; buspirona; ácido lisérgico (LSD); agonistas da dopamina12 e L-dopa.
As pessoas mais susceptíveis à síndrome13 são indivíduos com idade avançada, usuários crônicos de antidepressivos, hepatopatas e pessoas com doença endotelial (aterosclerose14, hipertensão arterial15, etc).
Saiba mais sobre "Cocaína", "Antidepressivos", "Insuficiência hepática16", "Arteriosclerose17" e "Hipertensão arterial15".
Quais são as principais características clínicas da síndrome serotoninérgica8?
A síndrome serotoninérgica8 é caracterizada por uma tríade sintomática18 típica:
- Mudança do estado mental.
- Anormalidades neuromusculares.
- Hiperatividade autonômica.
Os sintomas7 podem iniciar-se horas ou dias após a exposição aos agentes causadores e passarem a acontecer mesmo se as medicações causadoras já vinham sendo usadas anteriormente, sem problemas.
Os sintomas7 principais são instabilidade autonômica, tremores, alterações mentais, alterações da consciência, diaforese19, diarreia20, vertigem21, agitação, febre22, hiperreflexia23, hipomania, taquicardia24 sinusal, mioclonia25, letargia26, hiper ou hipotensão27, convulsões, insônia, taquipneia28, rigidez muscular, alucinações29, dilatação das pupilas, hiperatividade, reflexo de Babinski presente, rubor, opistótono30, câimbras31, ataxia32, hipersalivação, coma33 e calafrio34.
Veja mais sobre "Diarreia20", "Vertigem21", "Febre22", "Insônia", "Alucinações29", "Opistótono30" e "Câimbras31".
Como o médico diagnostica a síndrome serotoninérgica8?
O diagnóstico35 da síndrome serotoninérgica8 deve ser feito a partir da história médica do paciente e de seus sintomas7 porque não existem testes laboratoriais que sejam capazes de diagnosticá-la. Os efeitos clínicos dos sintomas7 são rápidos e ocorrem dentro de minutos ou horas, o que exige que o problema seja reconhecido com prontidão.
Um diagnóstico35 diferencial deve ser feito com outras condições assemelhadas, como síndrome13 anticolinérgica, toxicidade36 à carbamazepina, infecções37 do sistema nervoso central2, abstinência do álcool, hipnóticos, sedativos e opioides, insolação, toxicidade36 do lítio e overdose de simpaticomiméticos.
Como o médico trata a síndrome serotoninérgica8?
O tratamento da síndrome serotoninérgica8 implica em descontinuação do(s) medicamento(s) suspeitos de tê-la causado e administração de antagonistas, seguido de monitorização cardiocirculatória e respiratória. Deve ser acompanhada e tratada a pressão arterial38 elevada e avaliada a necessidade de entubação. Ao mesmo tempo, deve ser feito rigoroso controle da temperatura corporal e da infusão endovenosa de fluidos, para manter a hidratação. As eventuais convulsões e mioclonias devem ser tratadas com diazepam e clorpromazina, respectivamente.
Como evolui a síndrome serotoninérgica8?
Quando corretamente tratados, muitos casos são solucionados rapidamente, em 24 horas, mas os sintomas7 podem persistir além desse tempo, se os pacientes tomaram medicamentos com meia-vida mais longa. Apenas 40% dos casos graves são admitidos em UTI e a mortalidade39 nestes casos é de cerca de 11%.
Como prevenir a síndrome serotoninérgica8?
Para prevenir a síndrome serotoninérgica8 deve-se principalmente evitar o uso concomitante de dois ou mais medicamentos pró-serotoninérgicos e monitorar o surgimento dos primeiros sintomas7.
Quais são as complicações possíveis da síndrome serotoninérgica8?
As complicações agudas da síndrome serotoninérgica8 incluem coma33, convulsões, rabdomiólise40 e coagulação41 intravascular42 disseminada.
Leia também sobre "Estado de coma43", "Convulsões", "Rabdomiólise40" e "Coagulação41 intravascular42 disseminada".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.