Parkinsonismo e doença de Parkinson: entendendo as diferenças e as formas clínicas
O que é parkinsonismo?
O parkinsonismo é um termo genérico que descreve uma síndrome1 neurológica caracterizada por sintomas2 motores que afetam o movimento e a coordenação. Ele não é uma doença específica, mas sim um conjunto de sinais3 e sintomas2 que podem ser causados por diferentes condições neurológicas.
Frequentemente essa síndrome1 é associada à doença de Parkinson4. A doença de Parkinson4 é a forma mais comum de parkinsonismo, conhecida como parkinsonismo primário ou idiopático5, sendo causada principalmente pela degeneração6 progressiva dos neurônios7 dopaminérgicos da substância nigra.
Há outras formas, como o parkinsonismo secundário e os parkinsonismos atípicos (ou degenerativos8), que incluem doenças como paralisia9 supranuclear progressiva (PSP), atrofia10 de múltiplos sistemas (AMS), degeneração6 corticobasal (DCB) e demência11 com corpos de Lewy (DCL12). Essas condições diferem da doença de Parkinson4 por suas causas, progressão e resposta ao tratamento.
Quais são as causas do parkinsonismo?
As causas do parkinsonismo são variadas e podem ser divididas em categorias principais.
- O parkinsonismo primário (Doença de Parkinson4 Idiopática13) é geralmente associado a fatores genéticos e ambientais, como exposição a toxinas14 (pesticidas, herbicidas, etc.) ou mutações genéticas (em genes como LRRK2 ou SNCA). A causa exata permanece desconhecida na maioria dos casos.
- O parkinsonismo secundário é resultante de fatores externos identificáveis, incluindo:
- O uso de medicamentos que afetam o sistema dopaminérgico, como antipsicóticos (haloperidol, clorpromazina) ou antieméticos15 (metoclopramida), e ainda alguns bloqueadores de canais de cálcio e anticonvulsivantes que também podem induzir sintomas2 parkinsonianos.
- Lesões16 cerebrais traumáticas ou acidentes vasculares17 cerebrais (AVCs).
- Exposição a toxinas14 como monóxido de carbono18 ou manganês.
- Infecções19, como encefalite20 viral.
- Os parkinsonismos atípicos (degenerativos8) incluem doenças neurodegenerativas causadas por acúmulo anormal de proteínas21 no cérebro22.
- Outras causas podem ser doenças metabólicas, hidrocefalia23 de pressão normal ou tumores cerebrais, que podem, em raros casos, induzir sintomas2 parkinsonianos.
Saiba mais sobre "10 sinais3 precoces da doença de Parkinson4", "Distúrbios dos movimentos" e "Demência11".
Qual é a fisiopatologia24 do parkinsonismo?
A fisiopatologia24 do parkinsonismo está relacionada à disfunção dos gânglios25 da base, um conjunto de estruturas cerebrais responsáveis pela regulação dos movimentos automáticos e voluntários. Na doença de Parkinson4, há uma degeneração6 progressiva dos neurônios7 dopaminérgicos na substância nigra (parte do cérebro22 que produz dopamina26), levando a uma redução significativa desse neurotransmissor. A dopamina26 é essencial para a modulação dos movimentos, e sua deficiência causa os sintomas2 motores característicos.
Nos parkinsonismos atípicos, além da perda dopaminérgica, há acúmulo de proteínas21 anormais em outras regiões cerebrais, como o córtex, cerebelo27 ou tronco encefálico28, o que explica sintomas2 adicionais, como demência11 ou disfunção autonômica.
No parkinsonismo secundário, a disfunção pode ser causada por bloqueio dos receptores de dopamina26 por medicamentos ou lesões16 estruturais nos gânglios25 da base. A distribuição da degeneração6 e o tipo de proteína acumulada (como alfa-sinucleína ou proteína tau) variam conforme o tipo de parkinsonismo, influenciando o quadro clínico e a resposta terapêutica29.
Quais são as características clínicas do parkinsonismo?
As características clínicas do parkinsonismo incluem quatro sintomas2 motores principais:
- Tremor de repouso, mais comum na doença de Parkinson4. É um tremor rítmico, geralmente nas mãos30, que ocorre em repouso e diminui com o movimento.
- Bradicinesia31, que é a lentidão nos movimentos voluntários, dificultando atividades como caminhar, escrever ou abotoar roupas.
- Rigidez muscular, que corresponde a um aumento do tônus muscular32, frequentemente descrito como "rigidez em roda dentada" devido à combinação de rigidez e tremor.
- Instabilidade postural, que é a dificuldade em manter o equilíbrio, mais comum em parkinsonismos atípicos e em estágios avançados da doença de Parkinson4.
Além desses, sintomas2 não motores podem estar presentes, especialmente em parkinsonismos atípicos, incluindo:
- Disfunção cognitiva33 ou demência11.
- Alterações autonômicas, como hipotensão34 ortostática ou incontinência urinária35.
- Alterações visuoespaciais ou quedas frequentes.
- Depressão e/ou ansiedade.
- Distúrbios do sono.
- Alucinações36.
Constipação37, perda de olfato (hiposmia) e distúrbios do sono REM podem surgir anos antes dos sintomas2 motores na doença de Parkinson4.
Como o médico diagnostica o parkinsonismo?
O diagnóstico38 do parkinsonismo é essencialmente clínico, baseado na história do paciente e no exame neurológico. Não existe um teste definitivo de diagnóstico38, mas o médico pode utilizar critérios específicos para identificar a presença de bradicinesia31 associada a pelo menos um dos outros sintomas2 motores (tremor, rigidez ou instabilidade postural).
Para diferenciar a doença de Parkinson4 de outros parkinsonismos, o médico pode avaliar a resposta à levodopa: a doença de Parkinson4 geralmente responde bem ao tratamento com levodopa, enquanto os parkinsonismos atípicos apresentam resposta limitada ou ausente. Por outro lado, a doença de Parkinson4 tende a ser assimétrica no início, enquanto os parkinsonismos atípicos podem ser simétricos. Quedas precoces, demência11 ou sintomas2 autonômicos sugerem parkinsonismos atípicos.
Exames de imagem, como tomografia computadorizada39 ou ressonância magnética40, podem ser usados para descartar causas secundárias, como AVC ou hidrocefalia23. Técnicas avançadas, como SPECT com DaTSCAN, podem confirmar a perda de neurônios7 dopaminérgicos, mas não diferenciam entre tipos de parkinsonismo. A ressonância magnética40 pode mostrar padrões específicos (como atrofia10 pontocerebelar na AMS ou o “sinal do beija-flor” na PSP), auxiliando no diagnóstico38 diferencial.
Leia sobre "Doenças nervosas degenerativas41", "Os diversos tipos de tremores" e "Atrofia10 de múltiplos sistemas".
Como o médico trata o parkinsonismo?
O tratamento do parkinsonismo varia conforme a causa.
Na doença de Parkinson4, a levodopa combinada com carbidopa é o principal medicamento, pois repõe a dopamina26 no cérebro22. Outros fármacos incluem agonistas dopaminérgicos, inibidores da MAO42-B e inibidores da COMT. A fisioterapia43, a terapia ocupacional44 e a fonoaudiologia são importantes, mas complementares.
No parkinsonismo secundário, quando causado por medicamentos, a providência inicial é a suspensão do agente responsável, o que pode ser suficiente para reverter os sintomas2. Nos casos de causas irreversíveis, como AVC, o tratamento é sintomático45.
Nos parkinsonismos atípicos, a resposta à levodopa é geralmente pobre. O tratamento foca em aliviar sintomas2, com medicamentos para rigidez, depressão ou disfunção autonômica, além de terapias de suporte.
Em casos avançados de doença de Parkinson4, a estimulação cerebral profunda pode ser considerada, mas é menos eficaz em parkinsonismos atípicos. Técnicas mais recentes, como infusão contínua de levodopa por bomba enteral, podem ser úteis em pacientes selecionados.
Como evolui o parkinsonismo?
A evolução do parkinsonismo depende da sua causa. Na doença de Parkinson4, a progressão é geralmente lenta, com sintomas2 motores piorando ao longo de anos. Com o tratamento adequado, muitos pacientes mantêm uma boa qualidade de vida por décadas.
Nos parkinsonismos atípicos, a progressão é mais rápida, com maior comprometimento funcional e menor resposta ao tratamento, com uma expectativa de vida46 de 5–10 anos após o diagnóstico38.
No parkinsonismo secundário, a evolução depende da reversibilidade da causa; quando o fator desencadeante é identificado e corrigido, os sintomas2 podem melhorar significativamente.
Quais são as complicações possíveis do parkinsonismo?
As complicações possíveis do parkinsonismo são:
- Quedas e fraturas, devido à instabilidade postural, especialmente em parkinsonismos atípicos.
- Demência11, afetando memória e funções cognitivas.
- Disfunções autonômicas, como hipotensão34, incontinência urinária35 ou constipação37.
- Efeitos colaterais47 do tratamento, uma vez que a levodopa pode causar discinesias (movimentos involuntários) ou alucinações36 em longo prazo.
- Depressão e ansiedade, comuns em todas as formas de parkinsonismo, afetando a qualidade de vida.
- Dificuldade de deglutição48 e pneumonia49 de aspiração, mais prevalentes em estágios avançados, aumentando o risco de infecções19 respiratórias.
- Infecções19 urinárias, desnutrição50 e imobilidade prolongada também podem ocorrer e demandam acompanhamento multidisciplinar.
Veja também sobre "Exame neurológico", "Doença ou Mal de Parkinson" e "Neurotransmissores - quais são e como agem".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do MSD Manuals e da UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.










