Hidronefrose congênita
O que é hidronefrose1 congênita2?
Fala-se em hidronefrose1 congênita2 quando a criança nasce com uma dilatação dos rins3 pela urina4, em decorrência de uma obstrução do fluxo urinário em algum ponto do trato urinário5.
Com a realização da ultrassonografia6 pré-natal, a hidronefrose1 passou a ser mais frequentemente diagnosticada e a representar uma das anormalidades fetais mais comuns. Este método de vigilância atualmente detecta uma anomalia fetal significativa em 1% das gravidezes. Sem esse recurso, essas anomalias só se manifestariam mais tarde, através de sintomas7 ou complicações já estabelecidas.
Saiba mais sobre "Obstrução das vias urinárias", "Ultrassonografia6 na gravidez8" e "Malformações9 fetais".
Quais são as causas da hidronefrose1 congênita2?
A hidronefrose1 na infância pode ter várias causas. Dentre elas, contam-se:
- Obstrução do local onde o ureter10 se conecta ao rim11, chamado junção urétero piélica (JUP). Esse tipo corresponde a cerca de 2/3 das hidronefroses pré-natais.
- Obstrução no local onde o ureter10 encontra a bexiga12, chamado junção urétero-vesical13 (JUV).
- Refluxo vésico-ureteral, no qual existe uma incompetência do mecanismo valvular entre o ureter10 e a bexiga12.
- Imaturidade da junção pieloureteral.
- Outras causas de hidronefrose1 congênita2 podem ser rim11 policístico displásico, displasia14 renal15, ureterocele, ectopia ureteral, válvula de uretra16 posterior no menino, bexiga12 neurogênica.
Leia sobre "Hidronefrose1", "Estenose17 de JUP", "Refluxo vesicoureteral", "Rim11 policístico" e "Bexiga12 neurogênica".
Qual é o mecanismo fisiológico18 da hidronefrose1 congênita2?
O “broto” embriogênico ureteral surge durante a quinta semana de gestação; a maioria dos néfrons19 está presente no meio do segundo trimestre e a diferenciação é completa ao fim de 36 semanas de gestação.
Embriologicamente, o ureter10 começa a se desenvolver como um cordão sólido e se torna canalizado durante o desenvolvimento. Na extremidade distal20 do ureter10, o seio21 urogenital22 sofre uma diferenciação e forma a bexiga12 e a uretra16, entre 10-12 semanas de gestação.
O rim11 fetal começa a produzir urina4 entre as semanas 5 a 9 da gestação e aumenta progressivamente ao longo da gravidez8. Portanto, uma deficiência em qualquer ponto ao longo do trato urinário5 pode levar à obstrução do fluxo de urina4, causando dilatação proximal23 do sistema de coleta que se manifesta como hidronefrose1 pré-natal.
Quais são as principais características clínicas da hidronefrose1 congênita2?
A hidronefrose1 pré-natal pode variar de grau leve a severo. Os graus mais intensos costumam apresentar comprometimento da função renal15. Em geral, a hidronefrose1 congênita2 compromete apenas um dos rins3, mas menos frequentemente pode acometer os dois rins3. As crianças que apresentam hidronefrose1 muito provavelmente já nasceram com esta condição, que pode ter-se agravado com o tempo.
A avaliação ultrassonográfica pré-natal pode fornecer informações adicionais importantes, como sexo do feto24, se a doença é unilateral ou bilateral, distensão vesical13, comprimento sagital da bexiga12, volume de líquido amniótico25 e condições patológicas associadas, preparando para a recepção da criança.
Como o médico diagnostica a hidronefrose1 congênita2?
A dilatação renal15 e/ou pielocalicial pode ser detectada pelas ultrassonografias de rotina, ainda antes do nascimento. Mesmo depois do nascimento, a ultrassonografia6 continua sendo o instrumento mais valioso para diagnosticar a hidronefrose1.
Como o médico trata a hidronefrose1 congênita2?
Há quatro condutas possíveis para tratar a hidronefrose1 congênita2, após ou ainda antes do nascimento:
- Observação e planejamento de tratamento pós-natal.
- Interrupção da gestação para correção precoce da anomalia.
- Cirurgia intrauterina.
- Interrupção da gestação (onde isso for legalmente possível).
De início, as crianças com hidronefrose1 leve devem ser submetidas a tratamento clínico e observação. Os casos de hidronefrose1 moderada e grave devem ser submetidas a cirurgia (pieloplastia). A lógica da cirurgia é promover o alívio da obstrução urinária e evitar a deterioração renal15. Se for feita ainda durante a gestação, a cirurgia visa também restaurar o volume adequado do líquido amniótico25, uma vez que a criança elimina sua urina4 no líquido amniótico25, garantindo assim o desenvolvimento normal do feto24.
Como evolui a hidronefrose1 congênita2?
A maioria dos neonatos26 com hidronefrose1 tem um excelente prognóstico27. A morbidade28 e mortalidade29 dos pacientes estão diretamente relacionadas à etiologia30 subjacente da hidronefrose1 e se a lesão31 é uni ou bilateral. Lesões32 obstrutivas que afetam ambos os rins3 constituem um quadro muito mais grave do que as lesões32 unilaterais. A taxa de sobrevivência33 com obstrução renal15 unilateral se aproxima de 100% e só 15-25% dos pacientes necessitam de cirurgia.
Ainda não há um consenso sobre quando deve ser feita a cirurgia, mas em todos os casos ela deve consistir na retirada do segmento obstruído e numa plástica que permita que a urina4 escoe facilmente. O sucesso da cirurgia chega a 95%, desde que a função renal15 já não esteja muito prejudicada.
Leia também sobre "Líquido amniótico25", "Insuficiência renal34 aguda" e "Como é a síndrome35 de Berdon?".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas em parte dos sites da Mayo Clinic, National Kidney Foundation e National Health Service (NHS) do Reino Unido.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.