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Parassonias - como são? Quais as mais comuns?

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O que são parassonias?

Parassonias são transtornos comportamentais causados ou exagerados pelo sono, afora a apneia1 do sono. São uma categoria de distúrbios do sono que envolvem movimentos anormais, comportamentos, emoções, percepções e sonhos que ocorrem ao adormecer, ao despertar ou durante o sono, principalmente o sono excitado. Algumas parassonias são mais comuns durante a infância e diminuem com a idade. Elas podem ser desde acontecimentos inócuos até outros dramáticos, especialmente se associados a sonhos ou alucinações2.

Saiba mais sobre "Sonhos e suas interpretações".

Quais são as causas das parassonias?

As diversas parassonias têm causas variadas, mas todas têm em comum o fato de ocorrerem ou serem exacerbadas durante o sono. Quase sempre têm uma história familiar positiva, mostrando uma vertente etiológica genética, mas podem ser também motivadas por lesões3 cerebrais. Raramente a parassonia está ligada a um transtorno psiquiátrico e muitas delas ficam com suas causas não esclarecidas.

Quais são as principais características clínicas das parassonias?

Embora as parassonias possam acontecer em qualquer idade, elas são mais usuais na infância. As mais comuns são:

Enurese4 noturna: A enurese4 noturna é um distúrbio mais frequente em crianças emocionalmente perturbadas. É mais frequente em meninos que em meninas, mas também pode ocorrer em adultos jovens ou em idosos. Às vezes, tem causas orgânicas, como diabetes5, cistites, anomalias do trato urinário6, epilepsia7, etc.

Sonambulismo: O sonambulismo é caracterizado pela realização de atividades motoras bem coordenadas, como andar, comer, trocar de roupa, dirigir ou escrever uma carta, embora o indivíduo esteja dormindo e não se lembre de nada depois de acordar. Nos episódios mais ligeiros e mais simples, a pessoa pode apenas assentar-se na cama, vociferar alguma coisa, arranjar um cobertor, etc. Nos mais complexos pode ir à garagem, pegar o carro e dirigir até outra cidade. De início, a pessoa mantém os olhos8 abertos e a expressão vazia e podem ocorrer murmúrios, fala incoerente e respostas monossilábicas, dando a impressão de estar acordada. Deixada a si mesma, usualmente a pessoa retorna para a cama e no dia seguinte não se lembra do ocorrido, nem relata um sonho. O sonambulismo é mais frequente no primeiro terço da noite, em que predominam os estágios III e IV, de ondas lentas do sono, e nas famílias de crianças enuréticas. A enurese4 também ocorre nestes mesmos estágios, parecendo haver alguma correlação entre esses dois distúrbios.

Leia mais sobre "Enurese4 noturna" e "Sonambulismo".

Comportamento REM anormal: No comportamento REM anormal há um desequilíbrio entre a atividade mental do sonho e a ausência da inibição motora relacionada ao conteúdo onírico, fazendo com que o indivíduo "realize" o seu sonho. Esta atividade motora pode atingir a(o) companheira(o) e resultar em traumatismos diretos e mesmo crimes. Tais pacientes, embora não sejam agressivos quando acordados, podem sê-lo durante o sono. Além disso, costumam relatar sonhos intensos e vívidos, frequentemente com conteúdo agressivo. Nota-se um sono agitado, que pode ocorrer todos os dias, frequentemente no final da noite, quando predomina o sono REM. Pode ser precipitado pelo uso de inibidores da recapitação da noradrenalina9, sendo mais frequente em homens e em idosos.

Pavor noturno: O pavor noturno talvez seja o mais bem estudado dos transtornos do sono. Tem ocorrência mais frequente numa criança, mas também pode acontecer num adulto. Cerca de trinta minutos após o início do sono a pessoa senta na cama, grita e sua e tem a expressão aterrorizada. As tentativas de acalmá-la, feitas por outras pessoas, habitualmente não têm sucesso. Em geral, não se guarda memória do episódio na manhã seguinte.

Parassonias não-REM: As parassonias não-REM são distúrbios de excitação que ocorrem durante a fase III do sono não-REM. Em particular, estes distúrbios envolvem a ativação do sistema nervoso autônomo10, do sistema motor ou dos processos cognitivos11 durante as transições sono/vigília.

Despertar confusional: O despertar confusional é mais comum em bebês12 e crianças, começando com grandes quantidades de movimentos e gemidos, que podem mais tarde progredir para agitações ocasionais, confusões e choro inconsolável. Geralmente a pessoa permanece na cama, assentada, e depois volta a dormir. Estes episódios duram de segundos a minutos e podem não ser reativos a estímulos. Outros distúrbios do sono podem também estar presentes.

Bruxismo (ou ranger dos dentes): O bruxismo é um distúrbio comum do sono, em que o indivíduo atrita os dentes superiores contra os inferiores. Essa “moagem” pode desgastar e fraturar os dentes, e também causar dor, enxaquecas13, disfunção da articulação temporomandibular14 (ATM) e outras complicações. O bruxismo pode ser causado pelo estresse e pela ansiedade.

Síndrome15 das pernas inquietas: É um transtorno que provoca um desejo incontrolável de mover as pernas. Há uma sensação desagradável nas pernas que melhora ao movê-las. Ocasionalmente, esse mesmo distúrbio acontece quando em repouso e pode tornar difícil o dormir. Devido às dificuldades do sono, as pessoas podem ter sonolência diurna, baixa de energia, irritabilidade e humor deprimido. Os fatores de risco para a síndrome15 incluem baixos níveis de ferro, insuficiência renal16, doença de Parkinson17, diabetes5, artrite reumatoide18 e gravidez19. Certos medicamentos também podem desencadear o distúrbio.

Distúrbios alimentares durante o sono: Os distúrbios alimentares que ocorrem durante o sono são uma combinação de uma parassonia com um distúrbio alimentar. É considerado como uma categoria específica do sonambulismo ligado aos desejos conscientes de uma pessoa.

Veja mais sobre "Transtornos do sono", "Bruxismo", "Síndrome15 das pernas inquietas", e "Síndrome15 do comer noturno".

Distúrbio do comportamento do sono REM: Os distúrbio do comportamento do sono REM são uma parassonia do sono REM na qual a atonia muscular comum durante o sono está ausente. Isso permite que o indivíduo atue seus sonhos e pode resultar em lesões3 para si ou para os outros. Cerca de 90% dos pacientes com esse distúrbio são do sexo masculino e a maioria tem mais de 50 anos de idade. Durante o episódio pode haver vocalizações, gritos ou impropérios associados a sonhos, atividade motora simples ou complexa, que pode resultar em lesão20 ao indivíduo ou para o parceiro de cama. Pode ser associado a doenças neurodegenerativas ou a efeitos colaterais21 de medicação, mas em 55% dos casos a causa é desconhecida ou idiopática22.

Paralisia23 recorrente do sono: É uma incapacidade de realizar movimentos voluntários no início do sono ou ao acordar do sono. As pessoas costumam dizer que embora acordadas não conseguem falar, se mexer ou reagir.

Como o médico trata as parassonias?

Muitas pessoas que sofrem parassonias melhoram simplesmente por alterar seus hábitos de sono, que incluem manter um horário regular de dormir, controlar o estresse, ter uma rotina de sono relaxante e dormir por tempo suficiente. Existem medicamentos que objetivam controlar os sintomas24.

Uma pessoa com parassonia deve procurar tratamento sempre que haja risco de lesão20 a si próprio ou a outra pessoa. Também deve ser procurado tratamento se a parassonia perturbar o sono da pessoa ou do parceiro de cama ou de quarto, se há angústia sobre os sintomas24 ou se a frequência da parassonia é muito alta ou crescente.

Como prevenir os efeitos danosos das parassonias?

As pessoas com parassonias potencialmente perigosas podem se precaver com alarmes de porta, que despertem a pessoa durante um episódio, evitar dormir na cama de cima de um beliche ou ao lado de uma janela, remover objetos pontiagudos da cabeceira da cama e advertir os companheiros de quarto e os outros membros da família para estarem cientes do seu problema.

Veja também sobre "Doenças degenerativas25", "Estresse" e "Neurose26 de angústia".

 

ABCMED, 2016. Parassonias - como são? Quais as mais comuns?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1282583/parassonias-como-sao-quais-as-mais-comuns.htm>. Acesso em: 4 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Apnéia: É uma parada respiratória provocada pelo colabamento total das paredes da faringe que ocorre principalmente enquanto a pessoa está dormindo e roncando. No adulto, considera-se apnéia após 10 segundos de parada respiratória. Como a criança tem uma reserva menor, às vezes, depois de dois ou três segundos, o sangue já se empobrece de oxigênio.
2 Alucinações: Perturbações mentais que se caracterizam pelo aparecimento de sensações (visuais, auditivas, etc.) atribuídas a causas objetivas que, na realidade, inexistem; sensações sem objeto. Impressões ou noções falsas, sem fundamento na realidade; devaneios, delírios, enganos, ilusões.
3 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
4 Enurese: Definida como a perda involuntária de urina. Ocorre quando a pressão dentro da bexiga excede aquela que se verifica dentro da uretra, ou seja, há um aumento considerável da pressão para urinar dentro da bexiga, isso ocorre durante a fase de enchimento do ciclo de micção. Pode também ser designada de “incontinência urinária“. E ocorre com certa frequência à noite, principalmente entre os idosos.
5 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
6 Trato Urinário:
7 Epilepsia: Alteração temporária e reversível do funcionamento cerebral, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Quando restritos, a crise será chamada crise epiléptica parcial; quando envolverem os dois hemisférios cerebrais, será uma crise epiléptica generalizada. O paciente pode ter distorções de percepção, movimentos descontrolados de uma parte do corpo, medo repentino, desconforto no estômago, ver ou ouvir de maneira diferente e até perder a consciência - neste caso é chamada de crise complexa. Depois do episódio, enquanto se recupera, a pessoa pode sentir-se confusa e ter déficits de memória. Existem outros tipos de crises epilépticas.
8 Olhos:
9 Noradrenalina: Mediador químico do grupo das catecolaminas, liberado pelas fibras nervosas simpáticas, precursor da adrenalina na parte interna das cápsulas das glândulas suprarrenais.
10 Sistema nervoso autônomo: Parte do sistema nervoso que controla funções como respiração, circulação do sangue, controle de temperatura e da digestão.
11 Cognitivos: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
12 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
13 Enxaquecas: Sinônimo de migrânea. É a cefaléia cuja prevalência varia de 10 a 20% da população. Ocorre principalmente em mulheres com uma proporção homem:mulher de 1:2-3. As razões para esta preponderância feminina ainda não estão bem entendidas, mas suspeita-se de alguma relação com o hormônio feminino. Resulta da pressão exercida por vasos sangüíneos dilatados no tecido nervoso cerebral subjacente. O tratamento da enxaqueca envolve normalmente drogas vaso-constritoras para aliviar esta pressão. No entanto, esta medicamentação pode causar efeitos secundários no sistema circulatório e é desaconselhada a pessoas com problemas cardiológicos.
14 Articulação Temporomandibular: Articulação entre o côndilo da mandíbula e o tubérculo articular do osso temporal. Relação Central;
15 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
16 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
17 Doença de Parkinson: Doença degenerativa que afeta uma região específica do cérebro (gânglios da base), e caracteriza-se por tremores em repouso, rigidez ao realizar movimentos, falta de expressão facial e, em casos avançados, demência. Os sintomas podem ser aliviados por medicamentos adequados, mas ainda não se conhece, até o momento, uma cura definitiva.
18 Artrite reumatóide: Doença auto-imune de etiologia desconhecida, caracterizada por poliartrite periférica, simétrica, que leva à deformidade e à destruição das articulações por erosão do osso e cartilagem. Afeta mulheres duas vezes mais do que os homens e sua incidência aumenta com a idade. Em geral, acomete grandes e pequenas articulações em associação com manifestações sistêmicas como rigidez matinal, fadiga e perda de peso. Quando envolve outros órgãos, a morbidade e a gravidade da doença são maiores, podendo diminuir a expectativa de vida em cinco a dez anos.
19 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
20 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
21 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
22 Idiopática: 1. Relativo a idiopatia; que se forma ou se manifesta espontaneamente ou a partir de causas obscuras ou desconhecidas; não associado a outra doença. 2. Peculiar a um indivíduo.
23 Paralisia: Perda total da força muscular que produz incapacidade para realizar movimentos nos setores afetados. Pode ser produzida por doença neurológica, muscular, tóxica, metabólica ou ser uma combinação das mesmas.
24 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
25 Degenerativas: Relativas a ou que provocam degeneração.
26 Neurose: Doença psiquiátrica na qual existe consciência da doença. Caracteriza-se por ansiedade, angústia e transtornos na relação interpessoal. Apresenta diversas variantes segundo o tipo de neurose. Os tipos mais freqüentes são a neurose obsessiva, depressiva, maníaca, etc., podendo apresentar-se em combinação.
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