Coisas que você precisa saber sobre os benzodiazepínicos
O que são os benzodiazepínicos?
Benzodiazepínicos são substâncias que têm a propriedade de atuar quase exclusivamente sobre a ansiedade e a tensão, embora também tenham efeitos hipnóticos, ansiolíticos, miorrelaxantes e anticonvulsivantes. Como hipnóticos, um de seus usos mais frequentes, os benzodiazepínicos reduzem o tempo de latência1 para o sono e aumentam a duração do sono.
Por sua ação principal contra a ansiedade, essas drogas foram chamadas de tranquilizantes. No passado, a principal delas, usada com o objetivo de tranquilizar, foi o meprobamato. Hoje em dia, ele foi praticamente substituído pelos benzodiazepínicos, que estão entre os medicamentos mais utilizados no mundo todo, inclusive no Brasil. Eles se mostraram muito mais efetivos contra a ansiedade e com menores efeitos secundários, sem afetar em demasia as funções psíquicas e motoras.
Vieram também a substituir os barbitúricos como agentes hipnóticos e sedativos. Os primeiros deles foram introduzidos na década de 60. O termo benzodiazepínico refere-se à estrutura química dessas substâncias, compostas por um anel benzênico ligado a um anel diazepínico.
Saiba mais sobre o "Transtorno de ansiedade generalizada".
Efeitos farmacológicos dos benzodiazepínicos
Os benzodiazepínicos atuam preferencialmente sobre a formação reticular2 ascendente do mesencéfalo3, que mantém o estado de vigília, e sobre o sistema límbico, que exerce várias funções mentais. O relaxamento muscular que causam é produzido pela ação sobre o cerebelo4, sem comprometimento da atividade voluntária.
A atividade anticonvulsivante dos benzodiazepínicos é limitada, pois há risco do desenvolvimento de tolerância. Eles, assim como os hipnóticos, potencializam a inibição mediada pelo GABA5, atuando nos denominados receptores de benzodiazepínicos, aumentando a transmissão inibitória pré/pós-sináptica, facilitando abertura de canais de cloreto6. Contudo, os benzodiazepínicos atuam sobre um subtipo específico de receptor de GABA5 enquanto que os barbitúricos atuam sobre todos eles.
Quando se desejar combater os efeitos dos benzodiazepínicos antes da sua eliminação, pode-se lançar mão7 do flumazenil, um potente antídoto8 que atua através de competição com os benzodiazepínicos em seus receptores, mas devido à curta meia-vida desse produto, ele deve ser aplicado várias vezes, a curtos intervalos, até que o benzodiazepínico tenha sido completamente metabolizado pelo organismo. O flumazenil reverte rapidamente os efeitos de sedação9, hipnose, ansiólise, relaxamento muscular e amnésia10 ocasionados pelos benzodiazepínicos.
Efeitos indesejáveis dos benzodiazepínicos
Os benzodiazepínicos são recomendados principalmente por seus efeitos ansiolíticos, mas eles têm outros efeitos sobre o organismo e assim, quando se quer tratar apenas a ansiedade, eles podem ter como efeitos indesejáveis a sonolência e a sedação9. Eles também podem atuar em associação com os anticonvulsivantes, ajudando a suprimir os focos convulsivos, entretanto podem levar a efeitos adversos proeminentes como tontura11, ataxia12 e sonolência.
Como, em geral, as demais medicações depressoras do sistema nervoso13, em doses elevadas os benzodiazepínicos comportam o risco de depressão respiratória e da função cardiovascular. Mas o uso prolongado dessas substâncias pode apresentar outros problemas. A ação ansiolítica parece não sofrer tolerância, mas isto ocorre rapidamente para as ações sedativas e hipnóticas. Assim, o desenvolvimento da dependência ocorre devido ao uso crônico14 de benzodiazepínicos e sua magnitude é dependente da dose prescrita e do tipo utilizado, havendo uns mais potentes que outros, nesse sentido.
A síndrome15 de abstinência caracteriza-se por: insônia, ansiedade, irritabilidade, tremores e alucinações16. Os benzodiazepínicos atravessam a barreira placentária e afetam o bebê, fazendo com que o recém-nascido apresente sinais17 de abstinência. Os benzodiazepínicos também passam através do leite materno, por isso seu uso em mulheres que estejam amamentando deve ser cuidadoso.
Os efeitos de sonolência, miorrelaxantes e o retardamento dos reflexos contraindicam a condução de veículos automotores e o manejo de máquinas perigosas.
Leia mais sobre "Tontura11", "Ataxia12", "Insônia", "Alucinações16" e "Depressão".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.