O que devemos saber sobre o gastrinoma?
O que é gastrinoma1?
Gastrinomas são tumores que produzem quantidades excessivas do hormônio2 gastrina3, o qual estimula o estômago4 a segregar maior quantidade de ácido e enzimas, provocando úlceras5 pépticas. Eles podem ser benignos ou malignos. Geralmente esses tumores são localizados no pâncreas6, mas também podem acontecer em outras localizações. A condição em que o tumor7 se localiza no pâncreas6 foi descrita pela primeira vez em 1955 pelos cirurgiões americanos Robert Zollinger e Edwin Ellison e recebeu o nome de síndrome de Zollinger-Ellison8.
Quais são as causas do gastrinoma1?
Não se conhece exatamente as causas do gastrinoma1. Sabe-se apenas que muitos pacientes têm uma história familiar com evidência de tumores associados de vários órgãos endócrinos. Os gastrinomas são mais comuns no sexo masculino do que no sexo feminino (6:4) e a média de idade no momento do diagnóstico9 é de 45 a 50 anos.
Qual é a fisiopatologia10 do gastrinoma1?
O tumor7 pode ocorrer no pâncreas6, embora sejam também encontrados tumores múltiplos e pequenos na parede duodenal ou em outros locais ectópicos11, como corpo do estômago4, jejuno12, nódulos linfáticos, hilo13 do baço14, omento15, fígado16, vesícula biliar17, ducto biliar comum e ovário18. Mais da metade dos gastrinomas são malignos e podem dar metástases19 para os linfonodos20 regionais ou para o fígado16. Alguns deles estão relacionados com neoplasias21 endócrinas múltiplas e estão frequentemente associados ao hiperparatireoidismo e com adenomas da pituitária. Os que ocorrem no pâncreas6 tendem a ser únicos e têm maior potencial de malignidade que os gastrinomas duodenais.
A gastrina3 é um hormônio2 peptídeo que estimula a secreção de ácido clorídrico22 no estômago4 e a maior secreção deste hormônio2 pelas células23 tumorais leva a uma hiperplasia24 de células23 parietais na região do fundo do estômago25 e a um aumento da secreção ácida basal, o que resulta em ulcerações26 digestivas graves. As úlceras5 podem até mesmo não ficarem restritas ao estômago4 e estenderem-se para o intestino delgado27. O teor mais elevado de ácido do intestino delgado27 provoca a liberação de secretina, que é responsável pela diarreia28, em parte causada pela maior excreção de água e bicarbonato a partir do pâncreas6 e do intestino delgado27.
Quais são as principais características clínicas do gastrinoma1?
Na grande maioria das vezes, os sintomas29 dos pacientes com gastrinomas são semelhantes aos das úlceras5 pépticas comuns e suas possíveis complicações (hemorragias30, obstrução gástrica, perfuração, etc.), mas as dores abdominais tendem a ser mais persistentes e menos sensíveis ao tratamento. A associação de úlceras5 gástricas ou duodenais com diarreia28 sempre faz suspeitar de gastrinoma1.
Outros sintomas29 incluem refluxo gastroesofágico31, esteatorreia32 e perda de peso. Pode também ocorrer uma má absorção de vitamina33 B12, não corrigível por fator intrínseco34 oral. O refluxo ácido crônico35 pode levar também a complicações como esofagite36, estenose37 do esôfago38 e esôfago38 de Barrett.
Do ponto de vista físico, as úlceras5 estão presentes na primeira porção do duodeno39 e são indistinguíveis da úlcera péptica40. Cerca de 10% dos pacientes podem não ter uma úlcera41 demonstrável, mas as que existem geralmente são várias e refratárias42 à terapia padrão. Pode haver também úlceras5 gigantes (maiores que dois centímetros), úlceras5 recorrentes, úlceras5 com diarreia28 inexplicada, histórico familiar de úlceras5 e hipercalcemia.
Como o médico diagnostica o gastrinoma1?
Exames de laboratório mostrarão uma hipergastrinemia de jejum, ácido clorídrico22 basal aumentado e teste de estimulação de secretina positivo. Os estudos de imagem são úteis para ajudar a localizar o tumor7 e para descartar ou confirmar a existência de metástases19 hepáticas43. A cintilografia44, a tomografia computadorizada45 e a ressonância magnética46 também são úteis para ajudar a detectar o tumor7 primário. A endoscopia47 digestiva alta pode também ser uma ferramenta valiosa na localização de tumores e no momento de fazer biópsia48 dos mesmos.
Outros testes menos usuais, tais como injeção49 de secretina arterial seletiva, teste de infusão de cálcio e níveis de cromogranina50 podem também ser feitos, mas são menos comuns. Um diagnóstico9 diferencial deve ser feito com acloridria51, gastrite52 atrófica53, condições que podem levar a baixa produção de ácido gástrico54, hipergastrinemia reativa, obstrução gástrica, úlcera péptica40, anemia perniciosa55 e síndrome de Zollinger-Ellison8.
Como o médico trata o gastrinoma1?
O controle da hipersecreção de ácido gástrico54 é o aspecto mais importante da gestão da doença. Os medicamentos antissecretores são úteis para controlar as secreções de ácido e a diarreia28 secretora, secundária à hiperacidez. Os inibidores da bomba de prótons (omeprazol e similares) são altamente eficazes e são as drogas de escolha para suprimir a secreção ácida.
90 a 100% dos doentes curam suas úlceras5 dentro de duas semanas, em média. A quimioterapia56 está indicada em doentes com metástases19 e em pacientes que não sejam candidatos à cirurgia. O interferon ou a radioterapia57 também podem ser considerados em pacientes que por quaisquer motivos não sejam susceptíveis à quimioterapia56. O tratamento cirúrgico só é indicado para a doença localizada.
Como evolui o gastrinoma1?
Os determinantes principais de sobrevivência58 de pacientes com gastrinomas são o tamanho do tumor7 primário e o desenvolvimento de metástases19. Os doentes com metástases19 hepáticas43 podem ter um tempo de vida residual inferior a um ano, mas a taxa de sobrevida59 em cinco anos é de 20 a 30%. Em pacientes com doença localizada ou metástase60 para os linfonodos20, sem metástase60 hepática61, a taxa de sobrevida59 em cinco anos pode ser de 90%. A ressecção cirúrgica da doença localizada leva a uma cura completa, sem qualquer recidiva62, em 20 a 25% dos pacientes.
Quais são as complicações possíveis do gastrinoma1?
As complicações principais do gastrinoma1 são aquelas das úlceras5.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.