Distonias - conceitos, causas, diagnóstico, tratamento, evolução
O que é tônus muscular1?
Tônus muscular1 é o estado involuntário de tensão elástica (semi-contração) que o músculo apresenta em repouso e que lhe permite iniciar a contração rapidamente após a chegada dos impulsos nervosos. Os estímulos nervosos são os responsáveis por provocar e manter o tônus muscular1, estado no qual os músculos2 devem se encontrar constantemente.
Chama-se hipotonia3 à perda do tônus muscular1 e hipertonia4 ao aumento anormal do tônus muscular1. Ambas as condições normalmente são consequência de algumas patologias neurológicas. As hipertonias, sobretudo as transitórias, podem também ser motivadas por tensões emocionais.
O que são distonias5?
Distonias5 (dis = distúrbio + tonia = tônus) são distúrbios neurológicos do tônus muscular1 e dos movimentos, caracterizados por contrações involuntárias sustentadas e por espasmos6. O termo distonia7 foi utilizado pela primeira vez por Oppenheim em 1911 para caracterizar tais quadros. Atualmente, o termo distonia7 tanto se refere a movimentos anormais específicos e flutuações do tônus muscular1, como a um grupo de entidades clínicas em que predominam tais movimentos. Ou seja, o termo tanto possui um significado semiológico8, enquanto sintoma9, como nosológico10, enquanto síndrome11 clínica. Aqui, ele é enfocado nesse segundo sentido e referido como distonia7 primária ou idiopática12.
Quais são as causas das distonias5?
As distonias5 constituem grupo heterogêneo de afecções13 que podem resultar de diversas causas. Durante algum tempo, esses espasmos6 e contrações foram considerados de natureza histérica, mas Oppenheim descartou um componente psicogênico e considerou sua causa primária como orgânica. No entanto, a maioria dos casos de distonia7 não tem uma causa específica.
A distonia7 parece estar relacionada a um problema nos gânglios14 da base do cérebro15. Essa área é a responsável por iniciar as contrações musculares. O problema envolve a maneira como as células nervosas16 se comunicam. Os danos a esses gânglios14 podem ser o resultado de trauma, tumor17 ou infecção18 cerebral, privação de oxigênio, reações a drogas e envenenamento causado por chumbo ou monóxido de carbono19.
A distonia7 idiopática12 ou primária é herdada de um dos pais, mas os sintomas20 podem variar amplamente entre os membros de uma mesma família e alguns portadores do transtorno podem mesmo nunca desenvolver uma distonia7 no preciso sentido do termo.
Saiba mais sobre "Histeria", "Envenenamento" e "Intoxicação por chumbo21".
Quais são as principais características clínicas das distonias5?
Quase sempre os espasmos6 e contrações involuntárias sustentadas prejudicam as posturas e os movimentos, uma vez que os movimentos normais são descritos como espasmos6 tônicos voluntários alternados com hipotonia3. Além disso, é comum haver comprometimento da marcha, movimentos de torção22 do tronco e membros, abalos musculares rápidos associados e, nos casos mais graves, deformidades posturais fixas.
As distonias5 podem manifestar-se clinicamente de vários modos e evoluir com graus variáveis de gravidade. Podem ser:
(1) distonias5 focais, quando há acometimento de um grupo muscular restrito;
(2) distonias5 segmentares, quando afetam regiões contíguas do corpo;
(3) distonias5 generalizadas, em que várias partes do corpo são acometidas;
(4) distonias5 multifocais, quando duas ou mais regiões não contíguas estão envolvidas;
(5) hemidistonias, com acometimento de apenas um lado do corpo.
Os sintomas20 da distonia7 podem variar de leves a graves. Alguns sintomas20 iniciais incluem “apenas” dificuldades de flexionar a perna durante a marcha, dores no pé, repuxão involuntário do pescoço23, piscar de olhos24 incontrolável e dificuldades de fala. O estresse ou a fadiga25 podem piorar os sintomas20. Pessoas com distonia7 frequentemente se queixam de dor e exaustão por causa das constantes contrações musculares.
Como o médico diagnostica as distonias5?
Os sinais26 e sintomas20 da distonia7 são evidentes por si mesmos. Mais difícil é determinar suas causas. Conforme as suspeitas, o médico determinará os exames que devem ser solicitados.
Como o médico trata as distonias5?
Existem várias opções para o tratamento da distonia7. O médico determinará o curso do tratamento com base no tipo de distonia7 e sua gravidade. Um dos tratamentos possíveis é feito com a toxina27 botulínica. Injetada no músculo afetado, a toxina27 bloqueia o efeito da acetilcolina28, que fisiologicamente produz as contrações. A injeção29 deve ser repetida a cada três meses.
Quando a distonia7 faz com que alguém fique incapacitado, a estimulação cerebral profunda se torna uma opção de tratamento. Um eletrodo é implantado em uma área específica do cérebro15 e conectado a um estimulador alimentado por bateria e implantado no peito30. O eletrodo transmite pulsos elétricos criados pelo estimulador para a região do cérebro15 para reduzir as contrações musculares.
Alguns medicamentos podem ajudar a reduzir as mensagens que fazem com que os músculos2 se contraiam excessivamente na distonia7.
Os truques sensoriais (manobras táteis ou de outra natureza sensorial envolvendo o lado afetado ou não) são outra opção. A estimulação aplicada à parte do corpo afetada ou próxima pode reduzir as contrações musculares. Simplesmente tocando essa área, as pessoas podem controlar suas próprias contrações.
Como evoluem as distonias5?
A idade de aparecimento dos primeiros sintomas20 tem relevância uma vez que representa o fator isolado mais importante relativo à evolução e ao prognóstico31. Se os sintomas20 da distonia7 começam na infância, eles geralmente aparecem primeiro nos pés ou nas mãos32 e progridem rapidamente para o resto do corpo, tornando-se generalizados. Da adolescência em diante, porém, a velocidade de progressão das distonias5 tende a diminuir. Na idade adulta, as distonias5 começam na parte superior do corpo e a progressão dos sintomas20 é lenta. Geralmente permanecem focais ou segmentares, afetando apenas parte do corpo.
Leia também sobre "Botox", "Uso terapêutico da toxina27 botulínica", "Torcicolo33" e "Paraplegia34".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.