Gostou do artigo? Compartilhe!

Eritroplasia de Queyrat

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é eritroplasia de Queyrat?

A eritroplasia de Queyrat é uma lesão1 vermelha pré-cancerosa ou já um carcinoma2 in situ3 ou um carcinoma2 espinocelular invasivo, localizado nas mucosas4 e semimucosas do pênis5, da vulva6 ou da mucosa7 oral (assoalho da boca8, língua9 e palato10 mole). O termo "eritroplasia" foi originalmente usado pelo dermatologista francês Louis Auguste Queyrat (1856- 1933).

Quais são as causas da eritroplasia de Queyrat?

A causa da eritroplasia de Queyrat é desconhecida, mas se presume que seja a mesma do carcinoma2 espinocelular oral, cujos principais fatores de risco são a exposição ao sol, uma idade avançada (sexta ou sétima década de vida), sexo masculino (duas vezes mais frequente em homens que em mulheres), histórico pessoal ou familiar de câncer11 de pele12 e imunidade13 enfraquecida.

Qual é o mecanismo fisiológico14 da eritroplasia de Queyrat?

Cerca de 90% das lesões15 eritroplásicas apresentam displasia16 epitelial, carcinoma2 in situ3 ou carcinoma2 espinocelular invasivo. A falta de queratinização, combinada a um epitélio17 adelgaçado, permite aos microvasos subjacentes que exibam uma coloração vermelha. Apesar da eritroplasia ser menos comum que a leucoplasia18, há nela um potencial muito maior de displasia16 significativa ou do desenvolvimento de malignidade invasiva.

Saiba mais sobre "Câncer11 de pele12" e "Câncer11 de pele12 não-melanoma19".

Quais são as principais características clínicas da eritroplasia de Queyrat?

A eritroplasia de Queyrat incide mais frequentemente em indivíduos do sexo masculino acima dos 50 anos de idade (pico aos 65-74 anos). Geralmente a lesão1 é única (mas pode ser múltipla) e ocorre na glande, no prepúcio20 e, mais raramente, na mucosa7 genital feminina e na mucosa7 oral.

Apresenta-se como uma placa21 bem definida, vermelho-brilhante, amarelada, finamente granulosa, levemente infiltrada, de aspecto aveludado, normalmente assintomática, mas que pode ulcerar e estar associada à secreção e à dor. O carcinoma2 espinocelular que pode resultar da transformação da eritroplasia é bem mais frequente e agressivo do que o que resulta da doença de Bowen.

Como o médico diagnostica a eritroplasia de Queyrat?

Toda lesão1 eritroplásica, em qualquer mucosa7, deve ser cuidadosamente investigada, em virtude do seu potencial de malignidade. O diagnóstico22 da eritroplasia de Queyrat deve começar pela história clínica e exame físico, mas o diagnóstico22 definitivo é feito através de uma biópsia23 da lesão1. Na biópsia23, o quadro histopatológico é característico. O diagnóstico22 diferencial deve ser feito com balanopostite24 crônica, psoríase25, líquen plano, balanite plasmocitária, candidíase26 e eritema27 fixo.

Leia mais sobre "Balanite", "Psoríase25", "Líquen plano" e "Candidíase26".

Como o médico trata a eritroplasia de Queyrat?

O tratamento baseia-se habitualmente na aplicação de um creme, mas a lesão1 deve ser acompanhada em sua evolução, uma vez que a doença possui um risco potencial de se tornar cancerosa. Como tratamento alternativo e de valor preventivo28, deve ser realizada, se possível, a remoção do tecido29 anormal. As lesões15 exibindo displasia16 significativa devem ser completamente removidas por métodos apropriados.

Como evolui a eritroplasia de Queyrat?

A recorrência30 e envolvimento multifocal da mucosa7 oral são comuns com a eritroplasia e por isso o acompanhamento a longo prazo é sugerido para os pacientes tratados.

Como prevenir a eritroplasia de Queyrat?

A eritroplasia de Queyrat geralmente não ocorre em homens circuncidados.

 

ABCMED, 2016. Eritroplasia de Queyrat. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/pele-saudavel/1283253/eritroplasia-de-queyrat.htm>. Acesso em: 18 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
2 Carcinoma: Tumor maligno ou câncer, derivado do tecido epitelial.
3 In situ: Mesmo que in loco , ou seja, que está em seu lugar natural ou normal (diz-se de estrutura ou órgão). Em oncologia, é o que permanece confinado ao local de origem, sem invadir os tecidos vizinhos (diz-se de tumor).
4 Mucosas: Tipo de membranas, umidificadas por secreções glandulares, que recobrem cavidades orgânicas em contato direto ou indireto com o meio exterior.
5 Pênis: Órgão reprodutor externo masculino. É composto por uma massa de tecido erétil encerrada em três compartimentos cilíndricos fibrosos. Dois destes compartimentos, os corpos cavernosos, ficam lado a lado ao longo da parte superior do órgão. O terceiro compartimento (na parte inferior), o corpo esponjoso, abriga a uretra.
6 Vulva: Genitália externa da mulher, compreendendo o CLITÓRIS, os lábios, o vestíbulo e suas glândulas.
7 Mucosa: Tipo de membrana, umidificada por secreções glandulares, que recobre cavidades orgânicas em contato direto ou indireto com o meio exterior.
8 Boca: Cavidade oral ovalada (localizada no ápice do trato digestivo) composta de duas partes
9 Língua:
10 Palato: Estrutura que forma o teto da boca. Consiste em palato duro anterior (PALATO DURO) e de palato mole posterior (PALATO MOLE).
11 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
12 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
13 Imunidade: Capacidade que um indivíduo tem de defender-se perante uma agressão bacteriana, viral ou perante qualquer tecido anormal (tumores, enxertos, etc.).
14 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
15 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
16 Displasia: Desenvolvimento ou crescimento anormal de um tecido ou órgão.
17 Epitélio: Uma ou mais camadas de CÉLULAS EPITELIAIS, sustentadas pela lâmina basal, que recobrem as superfícies internas e externas do corpo.
18 Leucoplasia: Termo que literalmente significa “formação brancacenta” e que é utilizada para designar lesões benignas, ou em certas ocasiões malignas, que produzem uma coloração esbranquiçada da superfície mucosa, geralmente na cavidade oral.
19 Melanoma: Neoplasia maligna que deriva dos melanócitos (as células responsáveis pela produção do principal pigmento cutâneo). Mais freqüente em pessoas de pele clara e exposta ao sol.Podem derivar de manchas prévias que mudam de cor ou sangram por traumatismos mínimos, ou instalar-se em pele previamente sã.
20 Prepúcio: Prega cutânea que recobre a glande do pênis.
21 Placa: 1. Lesão achatada, semelhante à pápula, mas com diâmetro superior a um centímetro. 2. Folha de material resistente (metal, vidro, plástico etc.), mais ou menos espessa. 3. Objeto com formato de tabuleta, geralmente de bronze, mármore ou granito, com inscrição comemorativa ou indicativa. 4. Chapa que serve de suporte a um aparelho de iluminação que se fixa em uma superfície vertical ou sobre uma peça de mobiliário, etc. 5. Placa de metal que, colocada na dianteira e na traseira de um veículo automotor, registra o número de licenciamento do veículo. 6. Chapa que, emitida pela administração pública, representa sinal oficial de concessão de certas licenças e autorizações. 7. Lâmina metálica, polida, usualmente como forma em processos de gravura. 8. Área ou zona que difere do resto de uma superfície, ordinariamente pela cor. 9. Mancha mais ou menos espessa na pele, como resultado de doença, escoriação, etc. 10. Em anatomia geral, estrutura ou órgão chato e em forma de placa, como uma escama ou lamela. 11. Em informática, suporte plano, retangular, de fibra de vidro, em que se gravam chips e outros componentes eletrônicos do computador. 12. Em odontologia, camada aderente de bactérias que se forma nos dentes.
22 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
23 Biópsia: 1. Retirada de material celular ou de um fragmento de tecido de um ser vivo para determinação de um diagnóstico. 2. Exame histológico e histoquímico. 3. Por metonímia, é o próprio material retirado para exame.
24 Balanopostite: Inflamação da glande e do prepúcio. Produz dor e secreção de pus. Pode ser de origem traumática ou infecciosa.
25 Psoríase: Doença imunológica caracterizada por lesões avermelhadas com descamação aumentada da pele dos cotovelos, joelhos, couro cabeludo e costas juntamente com alterações das unhas (unhas em dedal). Evolui através do tempo com melhoras e pioras, podendo afetar também diferentes articulações.
26 Candidíase: É o nome da infecção produzida pela Candida albicans, um fungo que produz doença em mucosas, na pele ou em órgãos profundos (candidíase sistêmica).As infecções profundas podem ser mais freqüentes em pessoas com deficiência no sistema imunológico (pacientes com câncer, SIDA, etc.).
27 Eritema: Vermelhidão da pele, difusa ou salpicada, que desaparece à pressão.
28 Preventivo: 1. Aquilo que previne ou que é executado por medida de segurança; profilático. 2. Na medicina, é qualquer exame ou grupo de exames que têm por objetivo descobrir precocemente lesão suscetível de evolução ameaçadora da vida, como as lesões malignas. 3. Em ginecologia, é o exame ou conjunto de exames que visa surpreender a presença de lesão potencialmente maligna, ou maligna em estágio inicial, especialmente do colo do útero.
29 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
30 Recorrência: 1. Retorno, repetição. 2. Em medicina, é o reaparecimento dos sintomas característicos de uma doença, após a sua completa remissão. 3. Em informática, é a repetição continuada da mesma operação ou grupo de operações. 4. Em psicologia, é a volta à memória.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.