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Quais as diferenças entre pré-eclâmpsia e eclâmpsia?

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O que é pré-eclâmpsia1/eclâmpsia2?

O feto3 é um corpo parcialmente estranho ao organismo da mulher, porque metade genética dele proveio do pai. Normalmente a mulher desenvolve mecanismos que o protegem e não o rejeitam. Em alguns casos, porém, ele pode liberar na corrente sanguínea da mãe substâncias que ocasionam vasoconstrição4 e aumento da pressão arterial5. Este estado é chamado pré-eclampsia2 e causa, além da elevação da pressão arterial5, aumento da albuminúria6 (presença de albumina7 na urina8), cefaleia9 persistente, edema10, oligúria11 (diminuição da urina8), vertigens12, zumbidos, fadiga13, sonolência e vômitos14, entre outros sintomas15. A eclâmpsia2 é uma complicação ainda mais grave da gestação, que consiste em convulsões repetidas, seguidas de um estado comatoso. Geralmente a eclâmpsia2 ocorre no último trimestre da gestação, mas pode aparecer antes disso, durante ou após o parto.

Não há uma evolução linear entre as duas doenças e, ao contrário do que se pensava antigamente, a eclâmpsia2 não é uma evolução da pré-eclâmpsia1. A maioria das mulheres com pré-eclâmpsia1 não irá apresentar eclâmpsia2. A eclâmpsia2 na verdade é apenas uma manifestação grave da pré-eclâmpsia1.

Quais são as causas da pré-eclâmpsia1/eclâmpsia2?

Ainda não se conhece corretamente as causas da pré-eclâmpsia1/eclâmpsia2, mas sabe-se que a placenta tem grande influência na produção do quadro. Uma das teorias diz que a pré-eclâmpsia1/eclâmpsia2 ocorre em razão de uma vascularização imperfeita da placenta, que causa uma isquemia16. A placenta em sofrimento produz substâncias que, ao caírem na circulação17 sanguínea materna, causam descontrole da pressão arterial5 e lesão18 nos rins19.

Alguns fatores favorecem o aparecimento da pré-eclâmpsia1/eclâmpsia2. São eles:

  • Idade acima de 35 a 40 anos.
  • História familiar para a condição.
  • Intervalo de tempo muito longo entre as gestações.
  • Primeira gestação.
  • Ser afrodescendente.
  • Ter diabetes mellitus20, hipertensão arterial21 (pressão alta), doença renal22, lúpus23, obesidade24.
  • Gestação de mais de um feto3 ao mesmo tempo.
  • Gravidez25 na adolescência.

Quais são os sinais26 e sintomas15 da pré-eclâmpsia1/eclâmpsia2?

A pré-eclâmpsia1 pode ser assintomática, mas quando há sintomas15, os principais são:

  • Inchaço27.
  • Aumento rápido de peso, devido ao acúmulo de líquidos (cerca de 1kg por semana).
  • Hipertensão arterial21.
  • Proteinúria28 (presença de proteínas29 na urina8).

Em casos mais sérios podem ocorrer dores de cabeça30, dores estomacais, taquicardia31, presença de sangue32 na urina8 e alterações visuais.

Na eclâmpsia2 propriamente dita podem ocorrer, em razão do aumento considerável da pressão arterial5, hemorragias33 cerebrais, dores de cabeça30, convulsões e coma34.

Como o médico diagnostica a pré-eclâmpsia1/eclâmpsia2?

O diagnóstico35 da pré-eclâmpsia1/eclâmpsia2 é feito por meio de uma detalhada história clínica e baseia-se nos níveis elevados da pressão arterial5 e nos exames laboratoriais da paciente. Além disso, na eclâmpsia2, ocorrem os sintomas15 próprios do quadro. Muito frequentemente esse diagnóstico35 é feito durante o acompanhamento pré-natal. Essa é mais uma das razões que tornam esse acompanhamento tão importante.

Como o médico trata a pré-eclâmpsia1/eclâmpsia2?

O tratamento deve começar por um acompanhamento pré-natal regular. As pacientes com diagnóstico35 de pré-eclâmpsia1 devem ser submetidas a repouso, controle da pressão arterial5 e adoção de uma dieta com pouco ou nenhum sal. Nos quadros mais graves pode ser aconselhada a internação e a administração de medicamentos anti-hipertensivos e anticonvulsivantes.

A eclâmpsia2 propriamente dita sempre exigirá a internação, medicações venosas anticonvulsivantes e anti-hipertensivas e, geralmente, interrupção da gravidez25.

Como prevenir a pré-eclâmpsia1/eclâmpsia2?

Pode-se tentar prevenir a eclâmpsia2 por meio de uma assistência pré-natal adequada que recomende muita ingestão de água e abstinência ou redução drástica da ingestão de sal.

Uma atenção especial deve ser dispensada aos grupos de risco.

Nos casos mais graves, podem ser adotadas medidas preventivas, como suporte cardiorrespiratório, emprego de anticonvulsivantes, tratamentos anti-hipertensivos e antecipação do parto.

Como evoluem as pré-eclâmpsias/eclâmpsias?

Um grande número de gestantes com eclâmpsia2 apresentará complicações graves, com risco de morte, pelo que geralmente é indicada a indução do parto. O término da gravidez25 é o único tratamento curativo. Nas mulheres com gestação menor que 32 semanas pode se indicar a cesariana.

A doença regride espontaneamente com a retirada da placenta.

ABCMED, 2012. Quais as diferenças entre pré-eclâmpsia e eclâmpsia?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/gravidez/329460/quais-as-diferencas-entre-pre-eclampsia-e-eclampsia.htm>. Acesso em: 20 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Pré-eclâmpsia: É caracterizada por hipertensão, edema (retenção de líquidos) e proteinúria (presença de proteína na urina). Manifesta-se na segunda metade da gravidez (após a 20a semana de gestação) e pode evoluir para convulsão e coma, mas essas condições melhoram com a saída do feto e da placenta. No meio médico, o termo usado é Moléstia Hipertensiva Específica da Gravidez. É a principal causa de morte materna no Brasil atualmente.
2 Eclâmpsia: Ocorre quando a mulher com pré-eclâmpsia grave apresenta covulsão ou entra em coma. As convulsões ocorrem porque a pressão sobe muito e, em decorrência disso, diminui o fluxo de sangue que vai para o cérebro.
3 Feto: Filhote por nascer de um mamífero vivíparo no período pós-embrionário, depois que as principais estruturas foram delineadas. Em humanos, do filhote por nascer vai do final da oitava semana após a CONCEPÇÃO até o NASCIMENTO, diferente do EMBRIÃO DE MAMÍFERO prematuro.
4 Vasoconstrição: Diminuição do diâmetro dos vasos sanguíneos.
5 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
6 Albuminúria: Presença de albumina na urina. A albuminúria pode ser um sinal de nefropatia diabética (doença nos rins causada pelas complicações do diabetes mal controlado) ou aparecer em infecções urinárias.
7 Albumina: Proteína encontrada no plasma, com importantes funções, como equilíbrio osmótico, transporte de substâncias, etc.
8 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
9 Cefaleia: Sinônimo de dor de cabeça. Este termo engloba todas as dores de cabeça existentes, ou seja, enxaqueca ou migrânea, cefaleia ou dor de cabeça tensional, cefaleia cervicogênica, cefaleia em pontada, cefaleia secundária a sinusite, etc... são tipos dentro do grupo das cefaleias ou dores de cabeça. A cefaleia tipo tensional é a mais comum (acomete 78% da população), seguida da enxaqueca ou migrânea (16% da população).
10 Edema: 1. Inchaço causado pelo excesso de fluidos no organismo. 2. Acúmulo anormal de líquido nos tecidos do organismo, especialmente no tecido conjuntivo.
11 Oligúria: Clinicamente, a oligúria é o débito urinário menor de 400 ml/24 horas ou menor de 30 ml/hora.
12 Vertigens: O termo vem do latim “vertere” e quer dizer rodar. A definição clássica de vertigem é alucinação do movimento. O indivíduo vê os objetos do ambiente rodarem ao seu redor ou seu corpo rodar em relação ao ambiente.
13 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
14 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
15 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
16 Isquemia: Insuficiência absoluta ou relativa de aporte sanguíneo a um ou vários tecidos. Suas manifestações dependem do tecido comprometido, sendo a mais frequente a isquemia cardíaca, capaz de produzir infartos, isquemia cerebral, produtora de acidentes vasculares cerebrais, etc.
17 Circulação: 1. Ato ou efeito de circular. 2. Facilidade de se mover usando as vias de comunicação; giro, curso, trânsito. 3. Movimento do sangue, fluxo de sangue através dos vasos sanguíneos do corpo e do coração.
18 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
19 Rins: Órgãos em forma de feijão que filtram o sangue e formam a urina. Os rins são localizados na região posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral.
20 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
21 Hipertensão arterial: Aumento dos valores de pressão arterial acima dos valores considerados normais, que no adulto são de 140 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 85 milímetros de pressão diastólica.
22 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
23 Lúpus: 1. É uma inflamação crônica da pele, caracterizada por ulcerações ou manchas, conforme o tipo específico. 2. Doença autoimune rara, mais frequente nas mulheres, provocada por um desequilíbrio do sistema imunológico. Nesta patologia, a defesa imunológica do indivíduo se vira contra os tecidos do próprio organismo como pele, articulações, fígado, coração, pulmão, rins e cérebro. Essas múltiplas formas de manifestação clínica, às vezes, podem confundir e retardar o diagnóstico. Lúpus exige tratamento cuidadoso por médicos especializados no assunto.
24 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
25 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
26 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
27 Inchaço: Inchação, edema.
28 Proteinúria: Presença de proteínas na urina, indicando que os rins não estão trabalhando apropriadamente.
29 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
30 Cabeça:
31 Taquicardia: Aumento da frequência cardíaca. Pode ser devido a causas fisiológicas (durante o exercício físico ou gravidez) ou por diversas doenças como sepse, hipertireoidismo e anemia. Pode ser assintomática ou provocar palpitações.
32 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
33 Hemorragias: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
34 Coma: 1. Alteração do estado normal de consciência caracterizado pela falta de abertura ocular e diminuição ou ausência de resposta a estímulos externos. Pode ser reversível ou evoluir para a morte. 2. Presente do subjuntivo ou imperativo do verbo “comer.“
35 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
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Comentários

06/12/2012 - Comentário feito por Nilton
Re: Quais as diferenças entre pré-eclâmpsia e eclâmpsia?
A hipertensão arterial específica da gravidez recebe o nome de pré-eclâmpsia e, em geral, instala-se a partir da 20ª semana, especialmente no 3° trimestre.

A pré-eclâmpsia pode evoluir para a eclâmpsia, uma forma grave da doença, que põe em risco a vida da mãe e do feto.

Sintomas da pré-eclâmpsia - basicamente, hipertensão arterial, edema principalmente nos membros inferiores, que pode surgir antes da elevação da pressão arterial e proteinúria
Sintomas da eclâmpsia - basicamente, convulsão (às vezes precedida por dor de cabeça, de estômago e perturbações visuais), sangramento vaginal.

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