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Glicemia pós-prandial

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O que é glicemia pós-prandial1?

A palavra pós-prandial significa depois de uma refeição. A glicemia pós-prandial1 é a medida da glicose2 no sangue3 algum tempo depois do consumo de alimentos contendo carboidratos. As concentrações de glicose2 começam a subir cerca de 10 minutos após o início de uma refeição. A hiperglicemia4 pós-prandial é uma das primeiras anormalidades da glicemia5 associada ao diabetes tipo 26 e é marcadamente exagerada em pacientes diabéticos que apresentam hiperglicemia4 de jejum.

Saiba mais sobre "Diabetes Mellitus7" e "Glicemia de jejum8".

Qual é o mecanismo fisiológico9 da glicemia pós-prandial1?

O perfil da glicose2 pós-prandial é determinado pela absorção de carboidratos, secreção de insulina10 e glucagon11 e seus efeitos no metabolismo12 da glicose2 no fígado13 e nos tecidos periféricos. O pico de concentração de glicose2 no plasma14 depende de vários fatores, incluindo tempo, quantidade e composição da refeição.

Em indivíduos normais, as concentrações de glicose2 plasmática atingem seu pico cerca de 60 minutos após o início de uma refeição, raramente excedem 140 mg/dl15 (miligramas por decilitros) e retornam aos níveis pré-prandiais dentro de 2 ou 3 horas. Mesmo que as concentrações de glicose2 tenham retornado aos níveis pré-prandiais, a absorção do carboidrato16 ingerido continua por pelo menos 5 ou 6 horas após uma refeição.

Como as pessoas com diabetes tipo 117 não têm secreção endógena de insulina10, o tempo e a altura das concentrações máximas de insulina10 e os níveis de glicose2 resultantes dependem da quantidade, tipo e via de administração da insulina10. Em diabéticos tipo 2, os níveis máximos de insulina10 são retardados e são insuficientes para controlar adequadamente as metabolizações da glicose2 pós-prandial.

Nos indivíduos diabéticos tipo 1 e tipo 2, anormalidades na secreção de insulina10 e glucagon11, captação de glicose2 hepática18, supressão da produção de glicose2 hepática18 e captação periférica de glicose2 contribuem para maiores e mais prolongados níveis glicêmicos pós-prandiais que em indivíduos não diabéticos. Em geral, a glicemia pós-prandial1 é medida 2 horas após o início de uma refeição. Em condições clínicas específicas, esse prazo pode ser reduzido para 1 hora.

Leia sobre "Hemoglobina glicosilada19", "Curva glicêmica20" e "Glicemia5 média estimada".

Como é realizado o exame da glicemia pós-prandial1?

O exame de glicemia pós-prandial1 consiste em medir o nível de glicose2 no sangue3 depois de um tempo determinado após uma refeição normal. Ele é feito por meio de uma coleta do sangue3 da pessoa a ser testada, em geral duas horas depois dela ter iniciado uma refeição que contenha carboidratos. Neste intervalo, apenas água em pequenas quantidades pode ser ingerida. Duas horas depois de uma refeição, o nível de glicose2 no sangue3 em indivíduos saudáveis deve ser inferior a 140 mg/dl15. Pacientes com diabetes tipo 26, no entanto, apresentam nível superior a 200 mg/dl15.

Se o médico solicitar também glicemia de jejum8, a coleta do sangue3 deve ser feita neste mesmo dia, no período da manhã. Os níveis da glicemia de jejum8 devem ficar entre 70 e 100 mg/dl15. Pacientes com diabetes tipo 26 não tratada apresentam níveis superiores a 125 mg/dl15.

Se o paciente estiver fazendo uso de algum hipoglicemiante21, ele deverá interrompê-lo, seguindo orientação médica. As bebidas alcoólicas devem ser evitadas.

Quais são as consequências das alterações dos níveis glicêmicos no organismo?

As razões mais comuns para a glicemia5 estar elevada incluem comer exageradamente, ser menos ativo que o comum, estar doente ou sob estresse ou necessitar de ajustes nos medicamentos contra a diabetes mellitus7. Quando a glicose2 no sangue3 está elevada o paciente pode apresentar boca22 seca, sede, vontade frequente de urinar, cansaço e visão23 turva.

Se a glicemia5 estiver baixa pode ser que a pessoa esteja tomando algum medicamento hipoglicemiante21, esteja comendo menos ou mais demoradamente que o normal, esteja fisicamente mais ativa do que o habitual, dentre outras razões. O paciente pode apresentar nervosismo, tremedeira, sudorese24 fria ou cansaço.

Veja também: "Como reconhecer e evitar a hipoglicemia25".

 

ABCMED, 2016. Glicemia pós-prandial. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/1280348/glicemia-pos-prandial.htm>. Acesso em: 10 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Glicemia pós-prandial: Teste de glicose feito entre 1 a 2 horas após refeição.
2 Glicose: Uma das formas mais simples de açúcar.
3 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
4 Hiperglicemia: Excesso de glicose no sangue. Hiperglicemia de jejum é o nível de glicose acima dos níveis considerados normais após jejum de 8 horas. Hiperglicemia pós-prandial acima de níveis considerados normais após 1 ou 2 horas após alimentação.
5 Glicemia: Valor de concentração da glicose do sangue. Seus valores normais oscilam entre 70 e 110 miligramas por decilitro de sangue (mg/dl).
6 Diabetes tipo 2: Condição caracterizada por altos níveis de glicose causada tanto por graus variáveis de resistência à insulina quanto por deficiência relativa na secreção de insulina. O tipo 2 se desenvolve predominantemente em pessoas na fase adulta, mas pode aparecer em jovens.
7 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
8 Glicemia de jejum: Teste que checa os níveis de glicose após um período de jejum de 8 a 12 horas (frequentemente dura uma noite). Este teste é usado para diagnosticar o pré-diabetes e o diabetes. Também pode ser usado para monitorar pessoas com diabetes.
9 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
10 Insulina: Hormônio que ajuda o organismo a usar glicose como energia. As células-beta do pâncreas produzem insulina. Quando o organismo não pode produzir insulna em quantidade suficiente, ela é usada por injeções ou bomba de insulina.
11 Glucagon: Hormônio produzido pelas células-alfa do pâncreas. Ele aumenta a glicose sangüínea. Uma forma injetável de glucagon, disponível por prescrição médica, pode ser usada no tratamento da hipoglicemia severa.
12 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
13 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
14 Plasma: Parte que resta do SANGUE, depois que as CÉLULAS SANGÜÍNEAS são removidas por CENTRIFUGAÇÃO (sem COAGULAÇÃO SANGÜÍNEA prévia).
15 Mg/dL: Miligramas por decilitro, unidade de medida que mostra a concentração de uma substância em uma quantidade específica de fluido.
16 Carboidrato: Um dos três tipos de nutrientes dos alimentos, é um macronutriente. Os alimentos que possuem carboidratos são: amido, açúcar, frutas, vegetais e derivados do leite.
17 Diabetes tipo 1: Condição caracterizada por altos níveis de glicose causada por deficiência na produção de insulina. Ocorre quando o próprio sistema imune do organismo produz anticorpos contra as células-beta produtoras de insulina, destruindo-as. O diabetes tipo 1 se desenvolve principalmente em crianças e jovens, mas pode ocorrer em adultos. Há tendência em apresentar cetoacidose diabética.
18 Hepática: Relativa a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
19 Hemoglobina glicosilada: Hemoglobina glicada, hemoglobina glicosilada, glico-hemoglobina ou HbA1C e, mais recentemente, apenas como A1C é uma ferramenta de diagnóstico na avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos. Atualmente, a manutenção do nível de A1C abaixo de 7% é considerada um dos principais objetivos do controle glicêmico de pacientes diabéticos. Algumas sociedades médicas adotam metas terapêuticas mais rígidas de 6,5% para os valores de A1C.
20 Curva Glicêmica: Ou TOTG. Segundo a NDDG (National Diabetes Data Group) o teste é feito após jejum de 12 a 16 horas, 3 dias de dieta prévia contendo no mínimo 150 gramas de carboidrato/dia. Durante o teste: não pode fumar ou comer e deve permanecer em repouso total, pode ingerir apenas água. Coleta-se uma amostra de glicemia de jejum. Administra-se ao paciente sobrecarga de glicose: No adulto: 75g Na gestante: até 100g a critério médico Em crianças: 1,75 g/ kg de peso. A concentração da solução não deve ultrapassar 25 g/dl, e o tempo de ingestão deve ser inferior a 5 minutos. Coleta-se amostras de sangue a cada 30 minutos, até 120 minutos de teste - 5 amostras. Na interpretação do teste: Normal: Glicemia de jejum inferior a 110 mg/dl Glicemia após 120 minutos inferior a 140 mg/dl Nenhum valor durante o teste superior a 200 mg/dl Tolerância Diminuída à Glicose: Glicemia de jejum inferior a 140 mg/dl Glicemia após 120 minutos entre 140 e 200 mg/dl No máximo um valor durante o teste superior a 200 mg/dl Diabetes Melito: Glicemia de jejum superior a 140 mg/dl Todos os outros resultados da curva superiores a 200 mg/dl Diabetes Gestacional: pelo menos 2 resultados como se segue: Glicemia de jejum superior a 105,0 mg/dl Glicemia de 1 hora superior a 190,0 mg/dl Glicemia de 2 horas superior a 165,0 mg/dl Glicemia de 3 horas superior a 145,0 mg/dl.
21 Hipoglicemiante: Medicamento que contribui para manter a glicose sangüínea dentro dos limites normais, sendo capaz de diminuir níveis de glicose previamente elevados.
22 Boca: Cavidade oral ovalada (localizada no ápice do trato digestivo) composta de duas partes
23 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
24 Sudorese: Suor excessivo
25 Hipoglicemia: Condição que ocorre quando há uma queda excessiva nos níveis de glicose, freqüentemente abaixo de 70 mg/dL, com aparecimento rápido de sintomas. Os sinais de hipoglicemia são: fome, fadiga, tremores, tontura, taquicardia, sudorese, palidez, pele fria e úmida, visão turva e confusão mental. Se não for tratada, pode levar ao coma. É tratada com o consumo de alimentos ricos em carboidratos como pastilhas ou sucos com glicose. Pode também ser tratada com uma injeção de glucagon caso a pessoa esteja inconsciente ou incapaz de engolir. Também chamada de reação à insulina.
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