Câncer: o que é? Quais as causas e os sintomas? Como são o diagnóstico e o tratamento?
O que é câncer1?
Quase todas as células2 do organismo surgem, se reproduzem e morrem segundo uma programação natural regular, a qual garante o funcionamento normal dos diversos órgãos. O câncer1 corresponde a um desequilíbrio dessa programação, na qual as células2 passam a se reproduzir desordenadamente. De início, essas células2 ficam misturadas no tecido3 normal, mas com o passar do tempo, formam massas tumorais que se tornam visíveis ou palpáveis, seja diretamente, quando superficiais no corpo, por meio de recursos endoscópicos (aparelhos que introduzem um minicâmera no interior do organismo) ou através de exames de imagens, como as proporcionadas pelas radiografias, ultrassonografias, tomografia computadorizada4 ou ressonância magnética5.
A reprodução6 excessiva de células2 pode também dar margem ao aparecimento de tumores benignos, em que as células2 se assemelham ao seu tecido3 original, multiplicam-se vagarosamente e nunca se espalham, motivando apenas transtornos locais, os quais podem ser graves.
As células2 neoplásicas7 malignas, por sua vez, guardam aspectos de células2 embrionárias, sem adquirirem a diferenciação típica do tecido3 ordenado dos quais provêm, podendo cair na corrente sanguínea e serem carreadas para órgãos distantes, onde voltam a se reproduzir desordenadamente, dando origem ao que se chama metástase8. Enquanto está restrito apenas ao seu local de origem, o câncer1 é dito in situ9 e, nesse caso, a sua remoção completa em geral soluciona o problema e não exige tratamentos adicionais. Alguns tipos de câncer1 têm tendência a permanecer in situ9 por um maior tempo, às vezes muito longos; enquanto outros tendem a dar metástases10 muito precocemente. A possibilidade das células2 cancerosas se espalharem pelo organismo tanto depende das características delas quanto da localização original do tumor11. Se localizado em órgãos muito vascularizados, como intestinos12 e pulmões13, por exemplo, os tumores têm maiores chances de formar metástases10. Muitas vezes o câncer1 se desenvolve silenciosamente durante certo tempo e o primeiro sinal14 dele é dado pelos sintomas15 gerados pelas metástases10 quando, então, o tratamento já é mais difícil e a cura, muitas vezes, impossível. Daí a importância dos exames preventivos (mamografia16, exames de próstata17, exame de sangue18 oculto nas fezes, endoscopia19 digestiva, colonoscopia20, etc.), que podem detectá-lo ainda no seu estágio inicial.
Além de gerar tumores, o câncer1 pode advir de diferentes tipos de células2, o que confere a ele características clínicas diferentes. Isso significa que na avaliação clínica de um câncer1, além de suas características morfológicas (volume, forma, localização, deformação do órgão original, compressão de órgãos vizinhos, etc.), importam também suas características histológicas21 (tipos de células2). Isso é possível porque cada órgão do corpo é constituído por diversos tipos de células2, cada uma das quais pode se tornar maligna, independentemente das demais. O leigo em geral não faz essa distinção e o diagnóstico22 de câncer1 parece-lhe uma coisa unitária, mas para o médico ela é essencial porque implica em diferentes tratamentos e prognósticos.
Quais são as causas do câncer1?
À medida que o embrião evolui e as células2 ficam cada vez mais diferenciadas, alguns genes tornam-se ativos e outros são silenciados, mas cada célula23 mantém potencialmente a capacidade de desenvolver todos eles. Como esse mecanismo é muito frágil, fica muito sujeito a erros. Isso dá margem às mutações e são as células2 mutantes, algo semelhantes às originais, mas também diferentes delas, e pouco amadurecidas, que sofrem uma proliferação excessiva, dando origem ao câncer1. Não se conhece exatamente as razões porque isso acontece, mas sabe-se de uma série de fatores relacionados com uma maior incidência24 do câncer1: hereditariedade25, idade avançada, poluição, fumo, reposição hormonal, vírus26, certos medicamentos e alimentos, exposição inadequada ao sol (radiação ultravioleta), radiações nucleares, fatores irritantes celulares, etc. Algumas causas são internas ao organismo, como a hereditariedade25 e o envelhecimento, por exemplo, e outras se devem a fatores externos e ambientais. Essas duas ordens de fatores interagem de modo a produzir o resultado final, embora a maioria dos cânceres esteja ligada a fatores externos ou ambientais específicos. Por exemplo: exposição ao sol e câncer1 de pele27; fumo e câncer1 de pulmão28; reposição hormonal e câncer1 de mama29, vírus26 e câncer1 do colo do útero30. O surgimento do câncer1 é diretamente proporcional à intensidade de exposição aos fatores externos ou ambientais, embora alguns tipos de cânceres parecem depender mais da herança genética, como o retinoblastoma, o câncer1 de estômago31, de intestino e de mama29.
Quais são os principais sintomas15 do câncer1?
Os sintomas15 do câncer1 são muito variados, porque dependem da sua localização, intensidade, tipo histológico32 e tempo de duração, mas três ordens de fatores gerais, no entanto, interferem na determinação deles:
- Fatores locais, decorrentes do tumor11 ou da lesão33 local (ulcerações34, dores, sangramentos, compressão de tecidos vizinhos, etc.).
- Fatores decorrentes das metástases10.
- Fatores sistêmicos35, decorrentes das influências do câncer1 sobre o organismo como um todo (alterações hormonais, falta de apetite, perda de peso, anemia36, etc).
Como o médico diagnostica o câncer1?
Em geral, os cânceres são inicialmente suspeitados pelos sinais37 e/ou sintomas15 que acarretam ou através de dados endoscópicos ou exames de imagens. No entanto, nenhum desses elementos leva a um diagnóstico22 definitivo, o qual acaba quase sempre requerendo uma biópsia38 e a análise de um patologista39. É ele quem fornece informações quanto ao tipo de células2 envolvidas e características histológicas21 do tumor11, o que ajuda a firmar não só o tratamento como a prever a possível evolução dele.
Como o médico trata o câncer1?
O primeiro passo no tratamento do câncer1 é a remoção do tumor11. Isso só é possível quando ele está delimitado ou minimamente invasivo, isto é, não esteja demais confundido com o tecido3 normal. Se não for esse o caso, torna-se difícil para o cirurgião determinar onde acaba a neoplasia40 e onde começa o tecido3 normal, e ele tanto pode retirar tecido3 normal em demasia como não remover toda a massa cancerosa. O tumor11 também não pode ser ressecado se invadir órgãos vitais que não possam ser cortados ou retirados (um grande vaso sanguíneo, por exemplo). Por outro lado, em alguns casos pode-se fazer a ressecção ou retirada do órgão completo, cuja função já não faça falta ao organismo ou possa ser substituída artificialmente (retirada da próstata17, mama29, útero41, etc.).
Os demais tratamentos procuram tirar proveito das diferenças existentes entre as células2 cancerosas e as normais, buscando meios de matar aquelas sem danificar ou danificando ao mínimo estas últimas.
A quimioterapia42 faz uso de medicações injetáveis, orais ou aplicadas em cavidades do corpo e procura atingir as células2 malignas onde quer que elas estejam. Tradicionalmente, a quimioterapia42 produz efeitos secundários muito desagradáveis, como diarreia43, náuseas44, vômitos45, queda do cabelo46 e outros, às vezes dificilmente suportáveis pelo paciente. Outra desvantagem da quimioterapia42 é que ela ataca também as células2 normais, que só se diferenciam ligeiramente das células2 malignas. Atualmente, existe uma nova classe de medicamentos menos tóxicos e mais eficazes, que produzem menos efeitos colaterais47 e menores danos ao organismo como um todo.
A radioterapia48 é um tratamento local. Ela baseia-se no fato de que as células2 tumorais são mais vulneráveis que as células2 normais a doses de radiação de alta energia (raios X e gama), mas não deixa de atacar também células2 normais. Os efeitos secundários da radioterapia48 são semelhantes aos da quimioterapia42, mas quando é aplicada sozinha, há maior risco - embora pequeno - de desenvolvimento de novos tumores.
Alguns tumores malignos, como os de mama29 e próstata17, por exemplo, podem ser inibidos com êxito por certos hormônios.
Muitas vezes, na dependência do julgamento clínico do médico e em vista do quadro clínico concreto, essas terapias podem ser combinadas, simultânea ou alternativamente. Atualmente há uma busca ativa por novos e mais eficazes meios de tratamento, prometendo progressos em curto prazo. Contudo, continua sendo de importância capital a detecção precoce do câncer1, pois os resultados dos tratamentos atuais são tanto melhores quanto mais cedo se iniciarem, pelo que os exames preventivos devem ser feitos com regularidade.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.