Punção lombar: como é feita? Para que serve? Quais são os riscos? O que fazer após o procedimento?
O que é punção lombar?
Chama-se punção lombar ao procedimento que retira uma pequena quantidade do líquor1 (também chamado líquido cefalorraquidiano2, líquido que banha o cérebro3 e a medula espinhal4), por meio de uma fina agulha, para exame das suas características físicas, citológicas, microbiológicas5 e químicas. Em um sentido inverso, a punção lombar também permite que sejam injetadas substâncias medicamentosas no líquor1 ou na medula6 (raquianestesia, por exemplo) e medida a pressão no interior da câmara liquórica.
Como se realiza a punção lombar?
O exame não exige qualquer preparo prévio especial. Apenas devem ser evitadas refeições muito pesadas, na hora que antecede ao exame. Se o paciente tem algum problema de coagulação7 sanguínea ou faz uso de medicamentos anticoagulantes8, o médico deve ser avisado.
O procedimento pode ser realizado em ambulatório, a menos que o paciente já esteja internado em virtude de sua patologia9 e, após, o paciente pode regressar para seu lugar de origem. Quase sempre ela é feita com anestesia10 local e somente com as pessoas que não cooperam, por qualquer motivo, com o exame, utiliza-se a anestesia10 geral (pacientes muito agitados, crianças, pacientes com transtornos ou confusão mental, etc.). O paciente deve deitar-se em decúbito lateral11, com o pescoço12 e os joelhos dobrados, procurando atingir o tórax13, numa posição fetal (posição em que fica o feto14 dentro da barriga). A punção lombar pode também ser realizada com o paciente assentado, recurvado em direção ao peito15, joelhos fletidos e abraçados em direção ao peito15. O médico decidirá a melhor postura, levando em conta as condições clínicas do paciente. Depois de uma adequada assepsia16 da área, uma agulha fina e longa (cerca de 12 centímetros) é inserida entre as vértebras lombares17 L3/L4 ou L4/L5. O mandril18 da agulha (estilete que preenche a agulha) é então retirado para que goteje algumas gotas de líquor1. Em seguida, a agulha pode ser retirada, fazendo-se uma pequena pressão no local do furo para evitar maior derramamento de líquor1. Normalmente, havendo cooperação do paciente, o procedimento dura de quinze a vinte minutos. Houve tempo em que se acreditou que o paciente devia permanecer deitado pelo menos por seis horas depois do exame e ser monitorado para detectar sinais19 de problemas neurológicos, entretanto não há nenhuma evidência de que isto traga qualquer benefício. A técnica descrita é quase idêntica à usada nas anestesias espinhais, sendo que nessa algo é injetado e não retirado.
Por que fazer uma punção lombar?
Na maioria das vezes a punção lombar é feita para a injeção20 de anestésicos no espaço liquórico, mas a sua principal utilidade diagnóstica é fazer a coleta de líquor1 para o reconhecimento dos vários tipos de infecções21 meníngeas22 e de muitas outras afecções23 neurológicas. Ao mesmo tempo, ela possibilita medir a pressão do líquor1, importante em muitas patologias neurológicas. Além de uma análise bioquímica, citológica e microbiológica24 do líquor1 (proteínas25, glicose26, leucócitos27, micro-organismos e células28 neoplásicas29), a punção lombar permite também uma análise física, como a presença de sangue30 ou pus31, por exemplo, o que já fornece alguns indícios médicos importantes. Em resumo, uma punção lombar é uma importante ajuda na pesquisa de infecções21; na investigação de certas condições inflamatórias do sistema nervoso32; na investigação de alguns tipos de cânceres; para introduzir fármacos; para a administração de contrastes para mielografia33 (radiografia da medula espinhal4); para a introdução de anestésicos; para descompressão34 medular; em casos de pressão aumentada no canal medular; para medir a pressão do líquido cefalorraquidiano2.
Quais são os riscos da punção lombar?
Realizada corretamente, a punção lombar quase não apresenta riscos. Como a quantidade de líquido retirado é muito pequena (algumas gotas), isso não chega a causar repercussões no cérebro3 ou na medula6. Os riscos maiores são a ocorrência de infecção35 ou hemorragia36, mas em geral isso corresponde a falhas técnicas.
Mesmo com uma técnica perfeita, pode ocorrer uma dor no local da punção ou uma dor de cabeça37, ambas temporárias. A punção lombar não deve ser realizada se houver a presença ou suspeita de hipertensão38 liquórica muito alta, pelo risco de deslocamento do cérebro3 e herniação39 de amígdalas40 cerebelares, o que pode levar à morte. Diante da possibilidade de pressão liquórica aumentada, um exame de fundo de olho41 e uma tomografia ou ressonância magnética42 devem ser realizadas antes da punção lombar. Como o reservatório de líquor1 a ser acessado fica abaixo da terminação da medula6, não há perigo de que essa seja atingida.
E após a punção lombar?
O paciente pode sentir-se um pouco tonto após a punção lombar, por isso não deve dirigir veículos automotores ou operar máquinas perigosas logo em seguida ao exame. O ideal é que o paciente tenha um acompanhante para assisti-lo logo depois. Nas primeiras horas que se seguem ao exame o paciente deve permanecer deitado e beber bastante líquidos, sobretudo os que contêm cafeína (café, chás, colas, etc.). Se tiver dor de cabeça37, deve permanecer deitado e tomar os analgésicos43 indicados pelo seu médico.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.