Por que meus dedos estão ficando tortos e doloridos? Pode ser artrose? Conheça esta condição e ajude a preveni-la
Sinônimos:
Artrose1; Osteoartrite2; Osteoartrose3; Doença articular degenerativa4.
O que é osteoartrite2 ou artrose1?
É uma doença que se caracteriza pelo desgaste da cartilagem articular5, dor e por alterações ósseas – popularmente conhecidas como "bicos de papagaio".
As mulheres são mais acometidas que os homens, em uma proporção de 3 para 1. As articulações6 mais acometidas no sexo feminino são os dedos das mãos7 e o joelho, enquanto a região mais acometida no sexo masculino é a articulação8 coxofemoral (do fêmur9 com a bacia).
A osteoartrose3 pode ser dividida em:
- Osteoartrose3 primária ou idiopática10 (sem causa conhecida): este grupo é formado por pessoas que têm uma herança genética que faz com que esta condição se desenvolva independente de fatores externos.
- Osteoartrose3 secundária (com causa conhecida): as causas são defeitos das articulações6 - como o genovalgo11 ou genovaro12, obesidade13, macrotraumatismos nas articulações6, microtraumatismos articulares repetitivos ou alterações hormonais específicas.
A artrose1 é uma condição frequente, representando cerca de 30 a 40% das consultas em ambulatórios de Reumatologia. É pouco comum antes dos 40 anos e mais frequente após os 60 anos. Cerca de 85% das pessoas têm evidência radiológica ou clínica da doença aos 75 anos, mas somente 30 a 50% dos indivíduos com alterações observadas nas radiografias queixam-se de dor crônica.
Ela pode levar ao afastamento do trabalho e até à aposentadora precoce por invalidez.
Quais são os sintomas14 da artrose1?
O principal sintoma15 é a dor nas articulações6 atingidas. No início da doença, a dor aparece quando a articulação8 é muito usada (sobrecarga articular); mas com a progressão do caso, ela começa a aparecer com a realização de movimentos comuns do dia-a-dia, chegando a acentuar-se após um período de repouso.
A intensidade da dor varia, podendo ser leve ou muito intensa, com variações semanais ou diárias.
Outros sinais16 e sintomas14 podem estar presentes como:
- Rigidez articular após períodos de inatividade ou de uso excessivo
- Sensação de “areia” no interior das articulações6 ou de “travamento” durante um movimento
- Crescimento ósseo nas “extremidades” das articulações6 afetadas, levando a deformidades ósseas
- Edema17 articular (inchaço18)
- Diminuição gradual da amplitude dos movimentos, produzindo limitações funcionais como perda de movimento ou incapacidade total de membros
- Presença de crepitação19 audível e palpável, sobretudo nas articulações6 dos joelhos, ombros, cotovelos, e tornozelos.
Quais são as causas desta condição?
A causa exata ainda não é conhecida, mas certos fatores aumentam o risco de desenvolver artrose1:
- Hereditariedade20
- Sobrepeso21 ou obesidade13
- Danos ou traumas nas articulações6 (agudos ou crônicos)
- Inatividade física
- Idade
Como é feito o diagnóstico22?
O diagnóstico22 deve sempre ser realizado por reumatologista ou por um clínico geral experiente, baseando-se na história clínica e no exame físico do paciente. Algumas vezes, os médicos solicitam radiografias ou ressonância magnética23 para avaliar outras causas de dores articulares ou determinar os danos causados às articulações6. Menos frequentemente, a aspiração de líquidos intra-articulares ou exames de sangue24 podem ser necessários para diagnosticar outras formas de artrite25.
Como é o tratamento?
O tratamento envolve orientações aos pacientes, uso de medicamentos, atividade física ou repouso dependendo do caso, fisioterapia26, terapia ocupacional27 e cirurgia em casos mais avançados.
A manutenção do peso corporal saudável ou a redução do peso em excesso ajudam a prevenir e a retardar a progressão da osteoartrite2, principalmente nas articulações6 do joelho, quadril e região lombar28. Estudos indicam que mesmo uma perda de peso de cinco quilos pode reduzir o risco de desenvolver artrose1 no joelho em cerca de 50% em algumas mulheres.
A prática de uma atividade física compatível com a idade e com o condicionamento físico individual ajuda a manter as articulações6 flexíveis, preservar a força muscular e auxilia na manutenção ou perda de peso corporal. Estas atividades também aumentam a energia, melhoram a qualidade do sono, fortificam o coração29 e melhoram a auto-estima e o bem-estar geral.
Um programa desenvolvido por um terapeuta ocupacional30 ou um personal trainer pode ajudar muito, mas todo exercício físico deve ser realizado com a supervisão de um profissional da saúde31 experiente.
Muitas pessoas com artrose1 usam medicamentos. Existem as medicações sintomáticas de efeito fugaz como os anti-inflamatórios não hormonais e os cortocoides e os modernos sintomáticos de efeito duradouro, possivelmente com efeitos reparadores da cartilagem articular5. Eles são conhecidos como drogas condromodificadoras.
Aquelas articulações6 que não respondem ao uso desses medicamentos por via oral, podem receber injeções de corticoide ou derivados do ácido hialurônico, de acordo com as indicações médicas. A cirurgia pode ser avaliada para aqueles pacientes com osteoartrite2 avançada com danos articulares que levam a limitações da função articular.
A fisioterapia26 pode ser muito útil quando bem indicada, mas deve ser evitada nas fases agudas da doença. Os movimentos devem ser delicados e realizados por profissionais habilidosos.
Como saber se posso fazer exercícios físicos se tenho artrose1?
Há dois fatores a serem considerados: o exercício físico pode ser tanto a causa da artrose1, como pode ajudar no seu tratamento.
Uma articulação8 saudável depende de atividades físicas dentro de limites fisiológicos, que contribuam para a boa nutrição32 articular. A inatividade ou o uso excessivo de uma articulação8 pode levar a danos.
O risco de uma pessoa desenvolver artrose1 devido à realização de atividades físicas deve ser avaliado individualmente, levando em consideração as condições próprias da articulação8. Juntas normais podem tolerar exercícios prolongados e vigorosos sem maiores consequências clínicas, mas indivíduos que têm fraqueza muscular, anormalidades neurológicas, alterações anatômicas ósseas, alterações articulares hereditárias ou congênitas33 e que praticam exercícios que sobrecarregam os membros, provavelmente acabam acelerando o desenvolvimento da doença.
O que posso fazer para evitar a osteoartrite2?
- Evitar a obesidade13. A manutenção do peso dentro dos limites normais é fundamental para prevenir a artrose1.
- Reduzir preventivamente o peso corporal faz diminuir a incidência34 de artrose1 de joelhos. Nos casos já instalados, perder peso é importante para aliviar os sintomas14 e retardar a evolução da doença.
- Não há uma dieta específica, até o momento, que evite a doença.
- Para os casos indicados, a prática regular de atividades físicas supervisionadas é fundamental para melhorar as condições articulares.
- O estado de hidratação da cartilagem35 e sua integridade são fundamentais para evitar o processo de degeneração36 articular e o desenvolvimento de osteoartrite2.
Qual a função das articulações6?
Cartilagem articular5 é o tecido37 que reveste a extremidade de dois ossos justapostos que possuem algum grau de movimentação entre eles. São exemplos de articulações6 os joelhos, os tornozelos, os dedos das mãos7, os dedos dos pés, o quadril, as vértebras da coluna, etc...
A função básica da cartilagem articular5 é a de diminuir o atrito entre duas superfícies ósseas quando estas executam movimentos, funcionando como mecanismo de absorção de choque38 quando estas são submetidas a forças de pressão ou de tração. Outras estruturas desempenham papéis específicos como o líquido sinovial39, que lubrifica as articulações6, e os ligamentos40, que ajudam a manter estáveis as articulações6.
Uma articulação8 normal é formada por células41 chamadas condrócitos42, cuja função básica é fabricar as substâncias necessárias para o bom funcionamento da cartilagem articular5. Dentre estas substâncias, encontra-se o colágeno43, que funciona como uma malha de sustentação, retendo outras substâncias existentes dentro da cartilagem35 (sulfato de glicosamina, sulfato de condroitina, querato sulfato), as quais funcionam como moléculas que retêm água, absorvendo o estresse mecânico de compressão e tração.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.