O que é a febre maculosa?
A febre1 maculosa, também chamada de febre1 do carrapato, é uma doença febril aguda, de gravidade variável veiculada por carrapatos contaminados pela bactéria2 Rickettsia rickettsii. Ao picarem uma pessoa para se alimentarem, esses carrapatos hematófagos3 regurgitam saliva contaminada que eles trazem em suas glândulas salivares4.
É uma doença mais comum nos meios rurais do que nos urbanos e naqueles que têm uma grande população de animais, sobretudo equinos e bovinos. Sua maior incidência5 se verifica durante a primavera e o verão. Nos Estados Unidos, é conhecida como Rocky Mountain Fever (Febre1 das Montanhas Rochosas). No Brasil, febre1 maculosa é uma doença de notificação compulsória6.
Quais são as causas da febre1 maculosa?
A febre1 maculosa é causada pela bactéria2 Rickettsia rickettsii, transmitida principalmente pelos carrapatos Amblyomma aureolatum (carrapato-amarelo-do-cão) e Amblyomma cajennense (carrapato estrela, carrapato-de-cavalo), além de algumas outras espécies. Potencialmente, todo carrapato pode ser um reservatório da bactéria2. Esses carrapatos atacam o homem ainda nas suas fases de larvas e ninfas, bem como na fase adulta. As capivaras são o maior reservatório natural desses carrapatos, mas eles podem ser encontrados também em animais de grande porte (bois, cavalos, etc), cães, aves domésticas, roedores e cobras. Não há contágio7 de uma pessoa para outra.
Quais são os sinais8 e sintomas9 da febre1 maculosa?
Os primeiros sintomas9 da febre1 maculosa aparecem de 2 a 14 dias (sete em média) depois da picada do carrapato. A sintomatologia inicial não é específica e pode ser confundida com outras doenças, infecciosas ou não. Os sinais8 e sintomas9 iniciais mais comuns são:
- Febre1 súbita (que pode durar de 2 a 3 semanas).
- Calafrios10.
- Fortes cefaleias11.
- Dores musculares.
- Exantemas12.
- Náuseas13 e vômitos14.
- Falta de apetite.
Tendo em vista a não especificidade desses sintomas9, torna-se muito importante que a história de mordida de carrapato possa ser confirmada ou excluída. Com a evolução da doença podem surgir:
- Petéquias15.
- Dor abdominal.
- Dores articulares.
- Diarreia16.
As máculas17 eritematosas18 (origem do nome da doença) na pele19 geralmente se localizam nos punhos, tornozelos, tronco, face20, mãos21 e pés e podem aparecer logo nos primeiros dias. As máculas17 são manchas de cor avermelhada, provocadas pela dilatação dos capilares22 sanguíneos da pele19. Rosadas, de início, após alguns dias ganham tonalidades arroxeadas. Na área em que houve a picada do carrapato, pode aparecer uma úlcera23 necrótica e nos casos mais graves pode haver necrose24 nos dedos, orelhas25, palato26 mole e genitais. Como os exantemas12 só aparecem 2 a 5 dias após o início da febre1, geralmente ele ainda não existe ou é muito sutil quando o médico vê o paciente pela primeira vez. Além disso, certa porcentagem de pacientes (10% a 15%) nunca desenvolve exantemas12. Uma vez que a Rickettsia rickettsii infecta as células27 que revestem internamente os vasos sanguíneos28 de todo o corpo, causando vasculites, as manifestações severas desta doença podem envolver o sistema respiratório29, o sistema nervoso central30, o sistema gastrointestinal e o sistema renal31 causando complicações graves.
Como o médico diagnostica a febre1 maculosa?
No exame laboratorial de sangue32, o paciente com febre1 maculosa apresentará anemia33, trombocitopenia34, hiponatremia35 e elevação das enzimas hepáticas36. O médico deve providenciar uma reação de imunofluorescência indireta – RIFI (exame específico para esta doença), mas não deve esperar pelos resultados dela para começar a medicar o paciente, porque os resultados desse exame são muito demorados (21 dias ou mais). A histopatologia37 da pele19 lesada ou de material de necropsia38, como fragmentos39 de pulmão40, fígado41, baço42, coração43, músculos44 e cérebro45 e a cultura e isolamento da Rickettsia rickettsii podem confirmar o diagnóstico46.
Como o médico trata a febre1 maculosa?
A maioria das pessoas necessita apenas de medicações sintomáticas como analgésicos47, antitérmicos48, hidratação oral e repouso, mas como a febre1 maculosa pode ser uma doença grave, os pacientes frequentemente têm de ser hospitalizados. Mesmo assim, a maioria deles se cura, desde que o tratamento adequado seja introduzido precocemente.
Em virtude da vasculite49 causada pelas bactérias, quanto mais se retardar o tratamento, maiores as chances de complicações graves. A medicação básica é feita com antibióticos (tetraciclina e cloranfenicol), os quais devem ser mantidos por dez a quatorze dias.
Como prevenir a febre1 maculosa?
Não há vacina50 contra a febre1 maculosa, mas a imunidade51 deixada pela doença é muito duradoura.
- Se possível evite o contato com carrapatos e mantenha os animais de sua propriedade livres deles.
- Quando em ambientes onde os carrapatos possam existir, examine seu corpo a pequenos intervalos de tempo, porque para transmitir a doença eles precisam ficar pelo menos quatro horas fixados à pele19 das pessoas. Além disso, procure usar roupas claras, que facilitam enxergá-los.
- Coloque a barra das calças dentro das meias ou calce botas de cano alto quando estiver nas áreas que possam estar infestadas por carrapatos.
- Tenha cuidado ao retirar o carrapato que estiver grudado em sua pele19, porque os espremendo você pode produzir uma injeção52 maciça de bactérias na corrente sanguínea.
Como evolui a febre1 maculosa?
Pode haver a evolução para cura espontânea após três semanas, mas geralmente se não diagnosticada e tratada rapidamente, a doença pode levar a complicações como miocardite53, insuficiência respiratória54, insuficiência renal55 e septicemia56 e pode, inclusive, ser fatal (cerca de 20% dos casos).
São fatores associados a uma evolução desfavorável da febre1 maculosa:
- Idade avançada.
- Sexo masculino.
- Raça negra.
- Abuso crônico57 de álcool.
Outras complicações podem ainda ocorrer, conforme o órgão ou região corporal afetada, tais como paralisia58 parcial das pernas; gangrena59 de dedos das mãos21 ou dos pés, braços ou pernas; perda da audição; perda do controle esfincteriano60 intestinal ou da bexiga61; desordens motoras e desordens da fala.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.