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Como é a febre tifoide?

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O que é febre tifoide1?

Febre tifoide1 é uma doença infecciosa grave e contagiosa2, restrita aos seres humanos, que se caracteriza por sintomas3 proeminentes, sobretudo intestinais, sendo endêmica em países ou regiões de baixo desenvolvimento, onde as condições sanitárias sejam precárias. A febre tifoide1, a febre4 paratifoide e o tifo são enfermidades diferentes, que têm agentes causadores diferentes.

Quais são as causas da febre tifoide1?

A febre tifoide1 é causada pela ingestão de alimentos ou água contaminada com a bactéria5 Salmonella typhi, uma bactéria5 do tipo gram-negativo e anaeróbio facultativo. Mais raramente o contágio6 pode se dar por contato direto com fezes ou secreções contaminadas. Ela não é propriamente uma espécie, mas sim a designação comum de um grupo que inclui várias outras subespécies que não causam esta doença. As salmonelas resistem ao ácido gástrico7 e quando chegam ao intestino elas invadem as camadas de suas paredes, de onde se transferem para o tecido8 linfático9 do organismo (gânglios10, baço11, medula óssea12, fígado13 etc.). Sua disseminação faz-se inicialmente pela linfa14 e depois pelo sangue15. A bactéria5 geralmente é disseminada a partir das fezes ou urina16 das pessoas contaminadas, sendo mais comum em locais sem tratamento adequado de água e esgoto.

Quais são os principais sinais17 e sintomas3 da febre tifoide1?

Alguns casos podem se conservar assintomáticos ou apresentar apenas sintomas3 leves, mas mesmo assim serem transmissores da doença. O período de incubação18 é entre uma a três semanas, após o qual podem acontecer, de início, febre4 alta, diarreia19 intensa, mal-estar, tosse seca, dor de cabeça20 e dor de barriga. Se a doença progride, podem ocorrer: hipersensibilidade no abdome21, manchas róseas pelo corpo, prostração22, inchaço23 do fígado13 e baço11, constipação24 intestinal, sangue15 nas fezes, calafrios25, confusão mental, delirium26, sangramentos nasais, humor instável, exaustão, fraqueza muscular e agitação motora.

Como o médico diagnostica a febre tifoide1?

O diagnóstico27 clínico da febre tifoide1 pode apenas levantar suspeitas porque os sintomas3 não são específicos, mas comuns a outras doenças. Para o diagnóstico27 definitivo é necessário isolar a Salmonella typhi, pela hemocultura (cultura do sangue15), coprocultura (cultura das fezes) e mielocultura (cultura de material retirado da medula óssea12). Esse isolamento é fundamental para estabelecer o diagnóstico27 diferencial com outras patologias intestinais que apresentam sintomas3 semelhantes. Exames de sangue15 mostram número elevado de leucócitos28 e a cultura de sangue15, medula29 ou fezes podem revelar a bactéria5. Hoje em dia estão disponíveis novos testes que utilizam a detecção de anticorpos30 contra os antígenos31 da Salmonella typhi, como a reação de Widal, um teste que demonstra a presença de antígenos31 ou anticorpos30 contra esta bactéria5.

Como o médico trata a febre tifoide1?

O tratamento da febre tifoide1 deve ser feito com antibióticos. Os pacientes com vômitos32 e diarreia19 devem receber soro33 oral ou venoso para se reidratarem. A cirurgia pode se fazer necessária para tratar eventuais ulcerações34 do intestino, vesícula35 e bexiga36 que sejam causadas pela doença. Os doentes que se curam sem tratamento podem continuar transmitindo a doença por vários meses, exigindo tratamento com antibióticos e separação de copos e talheres até eliminarem as bactérias remanescentes. Deve ser observado repouso acompanhado de uma dieta leve e sem resíduos durante a vigência da infecção37 e no período de convalescença.

Como evolui a febre tifoide1?

Na infância e na velhice, assim como durante a gestação, os doentes ficam mais vulneráveis às complicações.

Como prevenir a febre tifoide1?

  • Existem vacinas para evitar a febre tifoide1. A pessoa que for viajar para regiões onde haja riscos de contrair a Salmonella typhi deve procurar vacinar-se.
  • A água e o esgoto devem ser tratados e o lixo adequadamente descartado.
  • Lave bem as mãos38 e cozinhe bem os alimentos.

Quais são as complicações possíveis da febre tifoide1?

Caso a febre tifoide1 não seja tratada, dentro de três semanas surgirão complicações como sangramentos graves no estômago39 e no intestino, insuficiência renal40, choque41 séptico, trombose42 femural, abscessos43 ósseos e peritonite44 (inflamação45 de membranas abdominais). 

ABCMED, 2014. Como é a febre tifoide?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/528369/como-e-a-febre-tifoide.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Febre tifóide: Infecção produzida por uma bactéria chamada Salmonella tiphy, adquirida através de alimentos contaminados e caracterizada por febre persistente, aumento do tamanho dos tecidos linfáticos (baço, gânglios linfáticos, etc.) e erupções cutâneas. Sem tratamento adequado pode ser muito grave.
2 Contagiosa: 1. Que é transmitida por contato ou contágio. 2. Que constitui veículo para o contágio. 3. Que se transmite pela intensidade, pela influência, etc.; contagiante.
3 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
4 Febre: É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo. São aceitos como valores de referência indicativos de febre: temperatura axilar ou oral acima de 37,5°C e temperatura retal acima de 38°C. A febre é uma reação do corpo contra patógenos.
5 Bactéria: Organismo unicelular, capaz de auto-reproduzir-se. Existem diferentes tipos de bactérias, classificadas segundo suas características de crescimento (aeróbicas ou anaeróbicas, etc.), sua capacidade de absorver corantes especiais (Gram positivas, Gram negativas), segundo sua forma (bacilos, cocos, espiroquetas, etc.). Algumas produzem infecções no ser humano, que podem ser bastante graves.
6 Contágio: 1. Em infectologia, é a transmissão de doença de uma pessoa a outra, por contato direto ou indireto. 2. Na história da medicina, aplica-se a qualquer doença contagiosa. 3. No sentido figurado, é a transmissão de características negativas, de vícios, etc. ou então a reprodução involuntária de reação alheia.
7 Ácido Gástrico: Ácido clorídrico presente no SUCO GÁSTRICO.
8 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
9 Linfático: 1. Na histologia, é relativo à linfa, que contém ou que conduz linfa. 2. No sentido figurado, por extensão de sentido, a que falta vida, vigor, energia (diz-se de indivíduo); apático. 3. Na história da medicina, na classificação hipocrática dos quatro temperamentos de acordo com o humor dominante, que ou aquele que, pela lividez das carnes, flacidez dos músculos, apatia e debilidade demonstradas no comportamento, atesta a predominância de linfa.
10 Gânglios: 1. Na anatomia geral, são corpos arredondados de tamanho e estrutura variáveis; nodos, nódulos. 2. Em patologia, são pequenos tumores císticos localizados em uma bainha tendinosa ou em uma cápsula articular, especialmente nas mãos, punhos e pés.
11 Baço:
12 Medula Óssea: Tecido mole que preenche as cavidades dos ossos. A medula óssea apresenta-se de dois tipos, amarela e vermelha. A medula amarela é encontrada em cavidades grandes de ossos grandes e consiste em sua grande maioria de células adiposas e umas poucas células sangüíneas primitivas. A medula vermelha é um tecido hematopoiético e é o sítio de produção de eritrócitos e leucócitos granulares. A medula óssea é constituída de um rede, em forma de treliça, de tecido conjuntivo, contendo fibras ramificadas e preenchida por células medulares.
13 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
14 Linfa: 1. Pode referir-se à água, especialmente a límpida, no uso formal. 2. Líquido orgânico originado do sangue, composto de proteínas e lipídios, que circula nos vasos linfáticos e transporta glóbulos brancos, especialmente os linfócitos T. 3. Qualquer humor aquoso.
15 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
16 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
17 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
18 Incubação: 1. Ato ou processo de chocar ovos, natural ou artificialmente. 2. Processo de laboratório, por meio do qual se cultivam microrganismos com o fim de estudar ou facilitar o seu desenvolvimento. 3. Em infectologia, é o período que vai da penetração do agente infeccioso no organismo até o aparecimento dos primeiros sinais da doença.
19 Diarréia: Aumento do volume, freqüência ou quantidade de líquido nas evacuações.Deve ser a manifestação mais freqüente de alteração da absorção ou transporte intestinal de substâncias, alterações estas que em geral são devidas a uma infecção bacteriana ou viral, a toxinas alimentares, etc.
20 Cabeça:
21 Abdome: Região do corpo que se localiza entre o TÓRAX e a PELVE.
22 Prostração: 1. Ato ou efeito de prostrar(-se); prosternação 2. Debilidade física; fraqueza, abatimento, moleza. 3. Abatimento psíquico ou moral; depressão.
23 Inchaço: Inchação, edema.
24 Constipação: Retardo ou dificuldade nas defecações, suficiente para causar desconforto significativo para a pessoa. Pode significar que as fezes são duras, difíceis de serem expelidas ou infreqüentes (evacuações inferiores a três vezes por semana), ou ainda a sensação de esvaziamento retal incompleto, após as defecações.
25 Calafrios: 1. Conjunto de pequenas contrações da pele e dos músculos cutâneos ao longo do corpo, muitas vezes com tremores fortes e palidez, que acompanham uma sensação de frio provocada por baixa temperatura, má condição orgânica ou ainda por medo, horror, nojo, etc. 2. Sensação de frio e tremores fortes, às vezes com bater de dentes, que precedem ou acompanham acessos de febre.
26 Delirium: Alteração aguda da consciência ou da lucidez mental, provocado por uma causa orgânica. O delirium tem causa orgânica e cessa se a causa orgânica cessar. Ele pode acontecer nos traumas cranianos, nas infecções etc. Os exemplos mais típicos são o delirium do alcoólatra crônico e o delirium febril.
27 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
28 Leucócitos: Células sangüíneas brancas. Compreendem tanto os leucócitos granulócitos (BASÓFILOS, EOSINÓFILOS e NEUTRÓFILOS) como os não granulócitos (LINFÓCITOS e MONÓCITOS). Sinônimos: Células Brancas do Sangue; Corpúsculos Sanguíneos Brancos; Corpúsculos Brancos Sanguíneos; Corpúsculos Brancos do Sangue; Células Sanguíneas Brancas
29 Medula: Tecido mole que preenche as cavidades dos ossos. A medula óssea apresenta-se de dois tipos, amarela e vermelha. A medula amarela é encontrada em cavidades grandes de ossos grandes e consiste em sua grande maioria de células adiposas e umas poucas células sangüíneas primitivas. A medula vermelha é um tecido hematopoiético e é o sítio de produção de eritrócitos e leucócitos granulares. A medula óssea é constituída de um rede, em forma de treliça, de tecido conjuntivo, contendo fibras ramificadas e preenchida por células medulares.
30 Anticorpos: Proteínas produzidas pelo organismo para se proteger de substâncias estranhas como bactérias ou vírus. As pessoas que têm diabetes tipo 1 produzem anticorpos que destroem as células beta produtoras de insulina do próprio organismo.
31 Antígenos: 1. Partículas ou moléculas capazes de deflagrar a produção de anticorpo específico. 2. Substâncias que, introduzidas no organismo, provocam a formação de anticorpo.
32 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
33 Soro: Chama-se assim qualquer líquido de características cristalinas e incolor.
34 Ulcerações: 1. Processo patológico de formação de uma úlcera. 2. A úlcera ou um grupo de úlceras.
35 Vesícula: Lesão papular preenchida com líquido claro.
36 Bexiga: Órgão cavitário, situado na cavidade pélvica, no qual é armazenada a urina, que é produzida pelos rins. É uma víscera oca caracterizada por sua distensibilidade. Tem a forma de pêra quando está vazia e a forma de bola quando está cheia.
37 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
38 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
39 Estômago: Órgão da digestão, localizado no quadrante superior esquerdo do abdome, entre o final do ESÔFAGO e o início do DUODENO.
40 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
41 Choque: 1. Estado de insuficiência circulatória a nível celular, produzido por hemorragias graves, sepse, reações alérgicas graves, etc. Pode ocasionar lesão celular irreversível se a hipóxia persistir por tempo suficiente. 2. Encontro violento, com impacto ou abalo brusco, entre dois corpos. Colisão ou concussão. 3. Perturbação brusca no equilíbrio mental ou emocional. Abalo psíquico devido a uma causa externa.
42 Trombose: Formação de trombos no interior de um vaso sanguíneo. Pode ser venosa ou arterial e produz diferentes sintomas segundo os territórios afetados. A trombose de uma artéria coronariana pode produzir um infarto do miocárdio.
43 Abscessos: Acumulação de pus em uma cavidade formada acidentalmente nos tecidos orgânicos, ou mesmo em órgão cavitário, em consequência de inflamação seguida de infecção.
44 Peritonite: Inflamação do peritônio. Pode ser produzida pela entrada de bactérias através da perfuração de uma víscera (apendicite, colecistite), como complicação de uma cirurgia abdominal, por ferida penetrante no abdome ou, em algumas ocasiões, sem causa aparente. É uma doença grave que pode levar pacientes à morte.
45 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
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