Conheça a mielodisplasia: suas causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e evolução
O que é mielodisplasia?
A medula óssea1 produz os três tipos de células sanguíneas2: os glóbulos brancos, os glóbulos vermelhos e as plaquetas3. Inicialmente produz células4 imaturas (os blastos) que posteriormente evoluem para as células4 normais. Chama-se mielodisplasia ao transtorno desse ritmo, com uma produção deficiente de células4 normais e uma maior persistência de células4 imaturas que não chegam à maturidade e são destruídas precocemente. A mielodisplasia não é uma doença, mas uma síndrome5 caracterizada por um conjunto de sinais6 e sintomas7 específicos. Pode ser originária da própria medula óssea1 ou ser secundária a uma doença autoimune8 ou ao câncer9. Habitualmente, trata-se de uma condição progressiva, mais comum em homens que em mulheres e em idosos mais que em jovens, embora possa surgir também em crianças. Mielodisplasia refere-se, pois, a um grupo de doenças hematopoiéticas (de formação do sangue10) clonais (mesmo patrimônio genético) da medula óssea1, em que com frequência observa-se hematopoiese (formação do sangue10) deficiente. As três linhas celulares da medula óssea1 (série branca, série vermelha e série plaquetária) estão diminuídas, com tendências a infecções11 e sangramentos. Há um alto risco dessa condição se transformar em leucemia12 mieloide aguda.
Quais são as causas da mielodisplasia?
Na maior parte das vezes não é possível identificar uma causa antecedente externa. O uso de drogas que danificam o DNA, usadas para tratar diversos tipos de câncer9, aumenta o risco para a mielodisplasia. Há certa predominância da condição em pacientes que tenham sido expostos à quimio ou radioterapia13 e naqueles expostos a hidrocarbonos (como trabalhadores em indústrias de petróleo, por exemplo).
Quais são os principais sinais6 e sintomas7 da mielodisplasia?
A mielodisplasia habitualmente cursa com baixa contagem de leucócitos14, plaquetas3 e hemácias15 (anemia16) e, por outro lado, com dismorfias celulares, grânulos anormais, núcleo anormal em tamanho e forma, anormalidades cromossômicas e número anormal de cromossomos17. A gravidade dessa condição varia desde leve a muito grave e a condição pode se tornar crônica ou apresentar sintomas7 mais exacerbados. A forma leve da mielodisplasia permite ao paciente uma vida relativamente normal, embora sua contagem globular seja sempre baixa, constituindo o que se usa denominar de “anemia refratária”.
Os principais sintomas7 de um quadro mais intenso são: cansaço e dores no peito18 (devido à baixa de hemácias15); maior suscetibilidade às infecções11 (devido à baixa de glóbulos brancos) e tendência a sangramentos (devido à baixa de plaquetas3). A maioria das mortes ocasionadas por essa condição ocorre por sangramentos e infecções11. Se a anemia16 for moderada ou grave, o paciente pode apresentar quadro de fadiga19 exagerada, falta de fôlego durante esforço (como subir escadas), palidez ou fraqueza.
Como o médico diagnostica a mielodisplasia?
A diminuição geral das células sanguíneas2 é o aspecto mais característico da mielodisplasia, no entanto, várias condições mórbidas podem mimetizar a mielodisplasia. Uma pancitopenia20 (diminuição das células4), por exemplo, pode ser causada por uma simples deficiência de vitamina21 B12 ou ácido fólico. Na sua forma crônica a mielodisplasia pode ser diagnosticada a partir da descoberta de uma anemia16 durante uma avaliação médica rotineira. Nos outros casos, o diagnóstico22 é feito por meio da contagem de células sanguíneas2 e do exame da morfologia dessas células4, vistas ao microscópio, complementado por um exame das células4 da medula23 (mielograma24). O diagnóstico22 diferencial pode ser difícil. Devem ser descartadas, entre outras: as anemias megaloblásticas, os efeitos de quimioterápicos, a leucemia12 mieloblástica, a AIDS, as anemias congênitas25, as infecções11 virais, a mielofibrose26 idiopática27, a leucemia12, a exposição ao arsênico. O hemograma geralmente mostrará uma anemia16 macrocítica (células4 aumentadas de tamanho), neutrófilos28 hipersegmentados, trombocitopenia29 (diminuição das plaquetas3) e alguns blastos circulantes. No sangue10 também se encontrará: macrocitose (células4 aumentadas de tamanho) inexplicada, monocitose, anemia16 ou pancitopenia20 (diminuição geral de células4). O mielograma24 geralmente será hipercelular, mas também pode ser hipocelular, e a displasia30 afeta as séries branca, vermelha e plaquetária.
Como o médico trata a mielodisplasia?
Se os pacientes estão na fase crônica e estável, geralmente não são tratados, apenas monitorados. Da mesma forma, uma doença de mediana gravidade, mas estável, deve ser apenas mantida sob observação. Se houver uma diminuição intensa na contagem das células sanguíneas2, pode-se utilizar drogas para estimular a produção destas células4. Em casos extremos, uma transfusão31 de sangue10 pode ser aconselhável. O paciente deve estar permanentemente atento a infecções11 ou a febres inexplicáveis. Caso haja infecções11 bacterianas ou virais, os antibióticos ou antivirais podem ser administrados. Dependendo da idade, das condições médicas do paciente, da gravidade e do ritmo de progressão da doença pode ser aconselhável uma quimioterapia32. Em pacientes com menos de 50 anos de idade e com uma forma grave da síndrome5, pode ser considerada a radioterapia13, associada à quimioterapia32.
Como evolui a mielodisplasia?
Pacientes com anemia16 leve ou moderada ou diminuição ligeira das hemácias15 podem não exigir tratamento. Contudo, o médico deve monitorar periodicamente as células sanguíneas2. Não é incomum que a situação mórbida dos pacientes não se altere durante anos ou décadas, mas como há o risco de evolução para um distúrbio mais grave (leucemia12 mieloide aguda), visitas periódicas ao médico e coleta de exames são fundamentais para garantir uma boa qualidade de vida ao paciente.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.