Roncos: eles também te incomodam?
O que são os roncos?
O ronco é um barulho característico - geralmente desagradável e incômodo - emitido por uma pessoa enquanto dorme em virtude de um estreitamento ou obstrução das vias respiratórias superiores. Há desde roncos suaves e eventuais, ligados apenas a fatores ocasionais, a barulhentos e persistentes, que chegam a impedir o sono das pessoas que dormem em companhia do roncador e muitas vezes podem ser percebidos em outros cômodos da residência. Enquanto os primeiros podem ser normais, os segundos são indícios de patologias, por vezes graves. O ronco geralmente é uma manifestação que acompanha a apneia1 do sono.
Quais são as causas dos roncos?
O ronco pode ocorrer tanto em virtude de um estreitamento natural da fenda entre as paredes da faringe2 durante o sono quanto de uma obstrução patológica devido ao ganho de massa gordurosa ou alterações anatômicas das vias respiratórias e/ou de estruturas adjacentes. Muitos roncos se devem ao esforço respiratório necessário para reabrir as vias aéreas superiores e restabelecer a respiração normal. Ao passar por essas resistências e ainda pela língua3, úvula4 e amígdalas5, essas estruturas vibram e ajudam a ocasionar o barulho característico do ronco.
A obesidade6, principalmente no homem, em que o ganho de peso é comum nas partes altas do tórax7, é um fator favorecedor do ronco. O ronco, em geral, desperta a pessoa, mesmo que tão brevemente que ela nem chega a perceber. Durante o sono, há um relaxamento da musculatura do tórax7 que induz uma abertura involuntária8 da boca9 e causa incoordenação entre a contração da musculatura diafragmática e dos músculos10 da faringe2. O ronco pode surgir em virtude de uma deficiência neuromuscular conhecida como garganta11 flácida. Nela, há diminuição patológica do tônus muscular12 da faringe2 que leva ao fechamento (colabamento) das suas paredes.
Quais são os sinais13 e os sintomas14 dos roncos?
O ronco geralmente está associado com a apneia1 do sono. Além do incômodo barulho emitido ao dormir, a pessoa que ronca acorda várias vezes todas as noites (nos casos mais graves, pode chegar a acordar centenas de vezes!) e, no dia seguinte, apresenta boca9 seca, sente-se cansada, sonolenta, com dores de cabeça15 e tem dificuldades de coordenação motora e de concentrar a atenção. Ao contrário do que pensam algumas pessoas, roncar não é sinal16 de sono reparador, mas, ao contrário, pode ser um importante indicador de patologias.
Como o médico diagnostica os roncos?
Em primeiro lugar, o ronco precisa ser diferenciado de outros distúrbios respiratórios do sono que produzem ruídos noturnos. Como a própria pessoa não percebe o seu ronco, o diagnóstico17 exato da situação tem de levar em conta as informações de uma outra pessoa que presencia o sono do paciente, geralmente seu companheiro de leito, a respeito da frequência e da intensidade do ronco e da sua relação com o decúbito18.
O ronco é mais comum nos homens que nas mulheres e piora com uso de sedativos, álcool ou fumo. O exame físico, por seu turno, é inespecífico, mas deve-se pesquisar a circunferência do pescoço19, o nariz20 e a cavidade oral21 em busca de alguma anomalia. A polissonografia22 noturna pode ajudar na exclusão de outros distúrbios respiratórios do sono. A endoscopia23 nasal pode ser utilizada, em casos específicos. Quando a nasoendoscopia é feita durante o sono, pode avaliar o nível de colapso24 enquanto o paciente está sedado. Outros exames especiais, como cefalometria, tomografia computadorizada25 e ressonância magnética26 podem ser utilizados, conforme indicação médica.
Quais são os cuidados que se deve ter com as pessoas que roncam?
As pessoas que roncam podem apresentar crises de sono incontroláveis durante o dia, prejudicando seu desempenho no trabalho e em atividades como dirigir veículos automotores ou operar máquinas perigosas.
Como o médico trata os roncos?
O tratamento do ronco compreende medidas conservadoras (perda de peso, correção do decúbito18, restrição ao uso de sedativos, álcool ou tabaco), intervenções armadas não cirúrgicas (dispositivo intraoral e CPAP - Continuos positive airway pressure) e cirurgia (nasal, do palato27 e bariátrica).
O dispositivo intraoral com avanço mandibular reduz a frequência, a duração e a intensidade do ronco. O uso de CPAP é a forma mais eficaz para o tratamento do ronco primário. As diversas formas de cirurgia nasal podem beneficiar alguns pacientes.
Como prevenir os roncos?
As seguintes medidas podem ajudar a diminuir ou evitar os roncos:
- Não ingerir sedativos, álcool ou fazer refeições “pesadas” antes de dormir.
- Não dormir em decúbito dorsal28 (de barriga para cima).
- Mantenha seu peso dentro do normal.
- Pratique exercícios.
- Não fume.
Como evoluem os roncos?
A presença de roncos está relacionada ao aumento de doenças cardíacas e cerebrovasculares.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.