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Parar de fumar: como é? O que fazer quando dá aquela vontade de voltar?

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Um fato anedótico talvez dê uma boa ideia sobre a dificuldade que é parar de fumar. Um amigo disse para o outro: "Parar de fumar é muito fácil. Eu já consegui parar 19 vezes..." Realmente, muitas pessoas que de uma forma bem intencionada tentam abandonar o vício, voltam a ele. Parar definitivamente de fumar não é coisa fácil. Embora seja impossível quantificar com exatidão as recaídas, estima-se que apenas ¼ dos pacientes que se submeteram a tratamento anti-tabagístico continuam sem fumar ao cabo de um ano.

A nicotina é uma substância que cria uma dependência semelhante ao das drogas entorpecentes. Mais sério ainda é o fato de que fumar pode não gerar qualquer reação desagradável ou malefício orgânico imediato, embora mais tarde possa motivar complicações graves e até mortais. Os primeiros cigarros podem ocasionar uma leve tontura1 ou um ligeiro enjoo, que cedem rapidamente com a continuidade deles e o fumante pode seguir por longo tempo sem sintomas2 aparentes. Mas, se fizer uma análise de sangue3, avaliações respiratórias, provas de esforço e exame do estado das artérias4, entre outras, o fumante constatará alterações em todas elas.

O uso continuado do cigarro por um longo período de tempo pode levar a graves enfermidades pulmonares, a infarto do miocárdio5, a acidente vascular cerebral6 e ao câncer7, entre outras enfermidades.

A dependência do cigarro e a possibilidade de vencê-la tem graus diferentes de gravidade e depende também de estilos pessoais. Assim, um fumante, ao tentar acender seu cigarro, constatou que seu isqueiro não acendia e, irritado, atirou fora a peça e o restante do maço de cigarros e nunca mais voltou a fumar. Ao contrário, um segundo, já de pijamas e deitado, numa noite fria de inverno, tem de levantar, trocar de roupa, retirar o carro da garagem e dirigir até um bar para comprar o cigarro que acabara. Um terceiro deixou definitivamente de fumar ante uma dor no peito8 que julgou ser sinal9 de uma angina10 pectoris, enquanto outro, embora tenha interrompido os cigarros, para efeito público, após um infarte do miocárdio11, continuou fumando às escondidas. É difícil julgar, em cada caso, o grau de dependência à nicotina, mas alguns dados são indicadores da grande intensidade dela: fumar ao acordar, antes do café da manhã; fumar um grande número de cigarros por dia; fumar mesmo estando doente, de cama.

Quem fuma é dependente da nicotina e a interrupção dela gera sintomas2 de abstinência, como irritação, mudança de humor, insônia, falta de concentração, etc. Esses sintomas2 podem ser minimizados por certas técnicas de interrupção e por certas medicações, mas sempre restará uma dose transitória deles, a qual deverá ser tolerada pelo abstinente.

Quais os malefícios do cigarro?

O cigarro pode causar ou agravar vários males orgânicos, como:

  • Enfisema12 e outras doenças pulmonares.
  • Tromboembolismo13 arterial.
  • Infarto do miocárdio5.
  • Acidente vascular cerebral6.
  • Maior tendência ao câncer7.
  • Impotência14 sexual.
  • Em mulheres, fumar prejudica a gravidez15.

E isso para não falar dos prejuízos sociais de fumar:

  • Danos causados à limpeza pública ou doméstica pelas cinzas e tocos de cigarro.
  • Incêndios em habitações e em vias públicas, causados pelos cigarros.
  • Poluição que o cigarro acarreta.
  • Mau hálito.
  • Gastos que acarretam para si e para os poderes públicos.
  • Exemplo transmitido aos filhos e netos.
  • Prejuízo causado às demais pessoas pelos “fumantes passivos” à sua volta, etc.

Quais são os benefícios de parar de fumar?

  • Sua pressão sanguínea e pulsação voltam rapidamente ao normal.
  • Em curto espaço de tempo, desaparecem o frio de suas mãos16 e pés.
  • Depois de algumas poucas horas a nicotina desaparece do seu sangue3.
  • Depois de algumas horas o oxigênio no sangue3 se normaliza.
  • Depois de dois dias seu olfato melhora.
  • Depois de algumas semanas sua respiração e sua circulação17 melhoram.
  • A tosse e a expectoração18 diminuem.
  • Fica mais fácil caminhar por longos percursos.
  • Depois de 5 a 10 anos o risco do infarto19 torna-se igual ao dos não fumantes.

Existem estratégias para parar de fumar?

Muitos fumantes (a maioria, certamente) preferem não procurar programas profissionais antitabagismo e tentam parar de fumar sozinhos. De qualquer forma, seguir algumas regras é importante.

  • Você deve decidir se deseja parar abruptamente ou progressivamente e fazer um planejamento para alcançar a sua meta.
  • Determinar uma data para parar definitivamente.
  • Nunca dê a primeira tragada. Ela inevitavelmente leva a outras.
  • Não guarde maços com restos de cigarros, isqueiros ou cinzeiros.
  • Mantenha suas mãos16 sempre ocupadas.
  • Visite o dentista para retirar dos dentes todos os resíduos de cigarros.

O que eu faço quando tiver vontade de fumar?

  • Procure ler coisas leves, fazer quebra-cabeça20, etc.
  • Faça exercícios de respiração profunda.
  • Beba um copo de água.
  • Coma21 algum alimento saudável.
  • Escove os dentes.
  • Masque um chiclete.
  • Mude de ambiente.
  • Saia para caminhar.
  • Tome um banho.
  • Faça exercícios físicos.

Não se preocupe com a ideia de que parar de fumar engorda. Isso de fato acontece com algumas pessoas, mas não com todas. O fato de engordar pode ser controlado por meio de dietas e exercícios, além de que, embora o ganho de peso seja danoso à saúde22, o cigarro o é no mesmo nível ou ainda mais.

Existem tratamentos para parar de fumar?

Pode-se tratar o tabagismo com métodos diretos e indiretos.

  • Métodos diretos são os que visam pessoalmente o fumante. Envolvem a utilização de aconselhamento, técnicas pessoais, medicamentos e psicoterapia.
  • Métodos indiretos são as leis e as campanhas educacionais e de saúde22 pública antifumo e a aplicação de altos impostos sobre o cigarro.

Os tratamentos clínicos geralmente são necessários para fumantes com alto grau de dependência, os quais, em geral, estão sob risco maior de doenças relacionadas ao tabaco.

Hoje em dia existem medicações de eficácia para quem deseja parar de fumar. Esses medicamentos são divididos em duas categorias: medicamentos nicotínicos, também chamados de Terapia de Reposição de Nicotina, e medicamentos não-nicotínicos. Os primeiros se apresentam principalmente sob a forma de adesivos. Os medicamentos não-nicotínicos são antidepressivos. Um deles, a bupropiona, é o medicamento de eleição desse grupo, por ser um medicamento que em geral não apresenta efeitos colaterais23 importantes.

ABCMED, 2012. Parar de fumar: como é? O que fazer quando dá aquela vontade de voltar?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/vida-saudavel/307325/parar-de-fumar-como-e-o-que-fazer-quando-da-aquela-vontade-de-voltar.htm>. Acesso em: 19 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Tontura: O indivíduo tem a sensação de desequilíbrio, de instabilidade, de pisar no vazio, de que vai cair.
2 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
3 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
4 Artérias: Os vasos que transportam sangue para fora do coração.
5 Infarto do miocárdio: Interrupção do suprimento sangüíneo para o coração por estreitamento dos vasos ou bloqueio do fluxo. Também conhecido por ataque cardíaco.
6 Acidente vascular cerebral: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
7 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
8 Peito: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original
9 Sinal: 1. É uma alteração percebida ou medida por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida. 2. Som ou gesto que indica algo, indício. 3. Dinheiro que se dá para garantir um contrato.
10 Angina: Inflamação dos elementos linfáticos da garganta (amígdalas, úvula). Também é um termo utilizado para se referir à sensação opressiva que decorre da isquemia (falta de oxigênio) do músculo cardíaco (angina do peito).
11 Miocárdio: Tecido muscular do CORAÇÃO. Composto de células musculares estriadas e involuntárias (MIÓCITOS CARDÍACOS) conectadas, que formam a bomba contrátil geradora do fluxo sangüíneo. Sinônimos: Músculo Cardíaco; Músculo do Coração
12 Enfisema: Doença respiratória caracterizada por destruição das paredes que separam um alvéolo de outro, com conseqüente perda da retração pulmonar normal. É produzida pelo hábito de fumar e, em algumas pessoas, pela deficiência de uma proteína chamada Antitripsina.
13 Tromboembolismo: Doença produzida pela impactação de um fragmento de um trombo. É produzida quando este se desprende de seu lugar de origem, e é levado pela corrente sangüínea até produzir a oclusão de uma artéria distante do local de origem do trombo. Esta oclusão pode ter diversas conseqüências, desde leves até fatais, dependendo do tamanho do vaso ocluído e do tipo de circulação do órgão onde se deu a oclusão.
14 Impotência: Incapacidade para ter ou manter a ereção para atividades sexuais. Também chamada de disfunção erétil.
15 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
16 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
17 Circulação: 1. Ato ou efeito de circular. 2. Facilidade de se mover usando as vias de comunicação; giro, curso, trânsito. 3. Movimento do sangue, fluxo de sangue através dos vasos sanguíneos do corpo e do coração.
18 Expectoração: Ato ou efeito de expectorar. Em patologia, é a expulsão, por meio da tosse, de secreções provenientes da traqueia, brônquios e pulmões; escarro.
19 Infarto: Morte de um tecido por irrigação sangüínea insuficiente. O exemplo mais conhecido é o infarto do miocárdio, no qual se produz a obstrução das artérias coronárias com conseqüente lesão irreversível do músculo cardíaco.
20 Cabeça:
21 Coma: 1. Alteração do estado normal de consciência caracterizado pela falta de abertura ocular e diminuição ou ausência de resposta a estímulos externos. Pode ser reversível ou evoluir para a morte. 2. Presente do subjuntivo ou imperativo do verbo “comer.“
22 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
23 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
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