Rabdomiólise - conceito, causas, sintomas, diagnóstico, tratamento, evolução e possíveis complicações
O que é a rabdomiólise1?
A rabdomiólise1 é a morte (lise2) das fibras musculares3 devido a uma lesão4 muscular direta ou indireta, com liberação do conteúdo das fibras para a corrente sanguínea. Essas lesões5 se devem a fatores físicos, químicos ou biológicos. Trata-se de uma síndrome6 grave, que conduz a diversas complicações e que, em casos raros, pode até causar a morte. A doença e seus mecanismos foram elucidados pela primeira vez depois da Blitzkrieg (bombardeio alemão) de Londres em 1941.
Quais são as causas da rabdomiólise1?
Existem muitas causas de rabdomiólise1. Mais comumente ela acontece durante grandes injúrias musculares como as que costumam ocorrer em desabamentos, terremotos ou acidentes automobilísticos, por exemplo, mas que também podem acontecer em outras situações como o uso de álcool ou de drogas ilegais, tensão muscular extrema, outras lesões5 por esmagamento, compressão muscular duradoura, uso de certos medicamentos, choque7 elétrico, queda de raio, grandes queimaduras, temperatura corporal muito alta, cetoacidose, algumas miopatias, infecções8 virais ou bacterianas e história anterior de rabdomiólise1.
O exercício físico extenuante, realizado em condições de muito calor e alta umidade em pessoas com hidratação inadequada também pode resultar em rabdomiólise1.
Saiba mais sobre "Choque7 elétrico", "Queimaduras", "Cetoacidose diabética9", "Vírus10" e "Bactérias".
Qual é o mecanismo fisiológico11 da rabdomiólise1?
Na rabdomiólise1 a destruição dos músculos12 ocasiona a liberação de produtos nocivos das fibras musculares3 na corrente sanguínea, os quais afetam todo o organismo, sobretudo os rins13.
Alguns deles, como a mioglobina, por exemplo, uma proteína relacionada à hemoglobina14, podem causar complicações graves, como a insuficiência renal15 aguda. A hemoglobina14 transporta o oxigênio da periferia para os pulmões16, retirando-o dos músculos12. Já a mioglobina, ao contrário, armazena-o nos músculos12.
Quais são as principais características clínicas da rabdomiólise1?
Pode ser difícil de identificar os sinais17 e sintomas18 da rabdomiólise1 porque eles são muito variáveis e podem ocorrer numa área específica do corpo ou afetar o corpo todo.
Os sinais17 e sintomas18 mais comuns são dor muscular, especialmente nos ombros, coxas19 ou região inferior das costas20, fraqueza muscular nos braços ou pernas, dor abdominal, náuseas21 e/ou vômitos22, febre23, aumento da frequência cardíaca, confusão, desidratação24, perda da consciência, urina25 vermelho escuro ou marrom, urina25 reduzida ou nenhuma produção de urina25.
A tríade sintomatológica clássica, que primeiro chama a atenção para pensar na doença, é composta por:
- Mialgia26.
- Fraqueza muscular.
- Urina25 escura.
Como o médico diagnostica a rabdomiólise1?
Além dos sintomas18, a rabdomiólise1 somente pode ser diagnosticada através de valores aumentados no sangue27 de enzimas que normalmente existem nos músculos12, como a creatina quinase, a mioglobina e o lactato28 desidrogenase.
Além deles, devem ser medidos também os níveis de cálcio e potássio no sangue27 e de creatinina29 no sangue27 e na urina25, que indicam se há ou não danos aos rins13. Outros exames de urina25 também ajudarão a confirmar o diagnóstico30. A presença de mioglobina na urina25 é uma indicação importante da rabdomiólise1. Em virtude da presença da mioglobina na urina25, liberada pelos rins13 em grande quantidade, a urina25 se torna vermelho-castanha.
No exame físico, o médico deve analisar as partes doloridas dos músculos12 maiores do corpo, para ver se o tecido31 muscular exibe sinais17 de ter morrido.
Como o médico trata a rabdomiólise1?
A rabdomiólise1 sempre requer atendimento médico imediato. O tratamento dependerá do quadro clínico. As formas graves demandam hidratação endovenosa para aumentar a velocidade de eliminação renal32 dos produtos nocivos liberados pelo músculo lesionado. O fluido de reposição deve conter bicarbonato para ajudar a combater o ácido no sangue27 devido à lesão4 muscular. O bicarbonato também ajuda a eliminar a mioglobina dos rins13.
Se o paciente apresentar elevação do potássio, seus níveis devem ser prontamente baixados para evitar arritmias33. Medicamentos à base de bicarbonato e diuréticos34 podem ser convenientes. Os níveis de potássio e cálcio podem ser corrigidos por reposição venosa. Quadros de insuficiência renal15 grave podem precisar temporariamente de hemodiálise35.
Leia também sobre "Insuficiência renal15 aguda" e "Hemodiálise35".
Como evolui a rabdomiólise1?
O curso da rabdomiólise1 varia, dependendo de sua causa. Embora seja uma condição séria, o tratamento imediato muitas vezes traz um bom resultado. Nos casos mais simples da doença, apenas ocorrem elevações assintomáticas das enzimas e, nos mais graves, com risco de vida, acontecem elevações extremas de enzimas, desequilíbrio eletrolítico e lesão4 renal32 aguda.
Quais são as complicações possíveis da rabdomiólise1?
As complicações podem ocorrer tanto nas fases iniciais como nas fases posteriores da doença. A lise2 das fibras musculares3 pode conduzir a complicações tais como insuficiência renal15, quando os rins13 não conseguem remover os resíduos que se concentraram na urina25. Essa é, de fato, a complicação mais temida da rabdomiólise1.
Outras complicações podem provir do desequilíbrio eletrolítico, que pode causar disritmias e danificar as células36 de vários órgãos. Inflamações37 hepáticas38 e coagulação39 intravascular40 disseminada também são complicações possíveis da rabdomiólise1.
Por fim, a rabdomiólise1 pode causar inchaço41 dentro dos músculos12 e pressão nas fáscias em torno deles, o que pode interromper o fornecimento de sangue27 para os músculos12 e destruir permanentemente o tecido31 muscular.
Veja mais sobre "Coagulação39 intravascular40 disseminada" e "Distúrbios hidroeletrolíticos".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.