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Atresia intestinal

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O que é atresia1 intestinal?

Atresia1 intestinal é uma malformação2 congênita3 (presente ao nascer) caracterizada por um estreitamento de um segmento do intestino delgado4 e, menos frequentemente, do intestino grosso5. A atresia1 é uma das formas de “obstrução intestinal”, sendo geralmente parcial. Ela pode ocorrer ao longo de todo o intestino (na verdade, ao longo de todo o trato digestivo) e costuma receber denominações específicas de acordo com o local em que incide: atresia1 esofágica, gástrica, duodenal, jejunal, cólica, etc.

Quais são as causas da atresia1 intestinal?

Pensa-se que a atresia1 intestinal possa ser causada por rotação intestinal ou malformação2 da parede abdominal6, levando a uma má irrigação sanguínea do intestino, durante o desenvolvimento fetal, resultando em falha da canalização do tubo intestinal. As atresias7 intestinais parecem ter uma ocorrência familiar, embora sua causa genética específica ainda não seja conhecida. A atresia1 intestinal é comum na síndrome de Down8, embora exista também fora dela.

Qual é a “mecânica” da atresia1 intestinal?

As substâncias nutritivas são absorvidas ao longo de todo o intestino, mas algumas crianças nascem com defeitos que impedem que o intestino absorva todos os nutrientes que o corpo em crescimento necessita. Com o estreitamento, o intestino não fica completamente bloqueado, mas seu lúmen9 interno é muito pequeno para que os nutrientes se movam normalmente.

Quais são as principais características clínicas da atresia1 intestinal?

Na maioria dos casos, a atresia1 intestinal é descoberta em um ou dois dias após o nascimento do bebê e afeta igualmente os meninos e as meninas. Nas atresias7 mais proximais10, os bebês11 têm vômitos12 biliosos logo após o nascimento, enquanto aqueles com atresias7 mais distais13 podem não apresentar vômitos12 até várias horas ou dias após o nascimento.

Naqueles com obstrução distal14 observa-se acentuada distensão abdominal e grande atividade peristáltica das alças intestinais distendidas, o que pode estar associado a um grande desconforto respiratório. Os flancos15 estão distendidos e as hemicúpulas diafragmáticas16 elevadas, em razão do aumento do conteúdo abdominal. Obviamente, o número de alças dilatadas é tanto maior quanto mais distal14 for a atresia1.

Em cerca de metade dos recém-nascidos com atresia1 intestinal pode ocorrer polihidrâmnio17 (aumento do líquido amniótico18). Geralmente haverá um "microcólon", em virtude do desuso do intestino grosso5 durante a vida intrauterina.

Como o médico diagnostica a atresia1 intestinal?

Além dos sintomas19, o diagnóstico20 de atresia1 intestinal pode ser confirmado por meio de uma radiografia. Uma radiografia do abdômen mostrará dois grandes espaços, um da dilatação do estômago21 e outro da dilatação da primeira porção do duodeno22. Este sinal23 é conhecido como “sinal da dupla bolha”. Estes espaços estão preenchidos por ar e separados por uma área de estreitamento, nos quais podem existir níveis hidroaéreos.

A ecografia24 pré-natal mostrará alças delgadas dilatadas e estruturas normais do cólon25, muitas vezes há também excesso de líquido amniótico18. Além de sua aplicação no diagnóstico20 das atresias7 intestinais, a ecografia24 fornece informação sobre outras possíveis anomalias orgânicas.

Como o médico trata a atresia1 intestinal?

As atresias7 intestinais quase sempre são tratadas por cirurgia, embora o procedimento acarrete algum risco. O cirurgião deve remover o mínimo necessário do intestino, mas às vezes a criança não fica com intestino delgado4 suficiente para absorver todos os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento, devendo ser sempre bem acompanhada por um pediatra ou gastroenterologista pediátrico.

Como evolui a atresia1 intestinal?

Já existem muitos tratamentos para as obstruções intestinais e esse problema já não representa o risco de vida que tinha no passado.

Como prevenir a atresia1 intestinal?

Sendo um problema congênito26 e, em alguns casos, genético, não há como prevenir a atresia1 intestinal.

Quais são as complicações possíveis da atresia1 intestinal?

As atresias7 podem levar a uma perfuração intestinal ainda in utero27 e resultar em peritonite28 meconial. A cirurgia de correção implica nos riscos próprios a qualquer cirurgia: sangramentos, infecções29, riscos anestésicos.

 

ABCMED, 2016. Atresia intestinal. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-da-crianca/951204/atresia-intestinal.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Atresia: 1. Estreitamento de qualquer canal do corpo. 2. Imperfuração ou oclusão de uma abertura ou canal normal do organismo, como das vias biliares, do meato urinário, da pupila, etc.
2 Malformação: 1. Defeito na forma ou na formação; anomalia, aberração, deformação. 2. Em patologia, é vício de conformação de uma parte do corpo, de origem congênita ou hereditária, geralmente curável por cirurgia. Ela é diferente da deformação (que é adquirida) e da monstruosidade (que é incurável).
3 Congênita: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
4 Intestino delgado: O intestino delgado é constituído por três partes: duodeno, jejuno e íleo. A partir do intestino delgado, o bolo alimentar é transformado em um líquido pastoso chamado quimo. Com os movimentos desta porção do intestino e com a ação dos sucos pancreático e intestinal, o quimo é transformado em quilo, que é o produto final da digestão. Depois do alimento estar transformado em quilo, os produtos úteis para o nosso organismo são absorvidos pelas vilosidades intestinais, passando para os vasos sanguíneos.
5 Intestino grosso: O intestino grosso é dividido em 4 partes principais: ceco (cecum), cólon (ascendente, transverso, descendente e sigmoide), reto e ânus. Ele tem um papel importante na absorção da água (o que determina a consistência do bolo fecal), de alguns nutrientes e certas vitaminas. Mede cerca de 1,5 m de comprimento.
6 Parede Abdominal: Margem externa do ABDOME que se estende da cavidade torácica osteocartilaginosa até a PELVE. Embora sua maior parte seja muscular, a parede abdominal consiste em pelo menos sete camadas Músculos Abdominais;
7 Atresias: 1. Estreitamento de qualquer canal do corpo. 2. Imperfuração ou oclusão de uma abertura ou canal normal do organismo, como das vias biliares, do meato urinário, da pupila, etc.
8 Síndrome de Down: Distúrbio genético causado pela presença de um cromossomo 21 a mais, por isso é também conhecida como “trissomia do 21”. Os portadores desta condição podem apresentar retardo mental, alterações físicas como prega palmar transversa (uma única prega na palma da mão, em vez de duas), pregas nas pálpebras, membros pequenos, tônus muscular pobre e língua protrusa.
9 Lúmen: 1. Lúmen é um espaço interno ou cavidade dentro de uma estrutura com formato de tubo em um corpo, como as artérias e o intestino. 2. Na anatomia geral, é o mesmo que luz ou espaço. 3. Na óptica, é a unidade de fluxo luminoso do Sistema Internacional, definida como fluxo luminoso emitido por uma fonte puntiforme com intensidade uniforme de uma candela, contido num ângulo sólido de um esferorradiano.
10 Proximais: 1. Que se localiza próximo do centro, do ponto de origem ou do ponto de união. 2. Em anatomia geral, significa o mais próximo do tronco (no caso dos membros) ou do ponto de origem (no caso de vasos e nervos). Ou também o que fica voltado para a cabeça (diz-se de qualquer formação). 3. Em botânica, o que fica próximo ao ponto de origem ou à base. 4. Em odontologia, é o mais próximo do ponto médio do arco dental.
11 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
12 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
13 Distais: 1. Que se localiza longe do centro, do ponto de origem ou do ponto de união. 2. Espacialmente distante; remoto. 3. Em anatomia geral, é o mais afastado do tronco (diz-se de membro) ou do ponto de origem (diz-se de vasos ou nervos). Ou também o que é voltado para a direção oposta à cabeça. 4. Em odontologia, é o mais distante do ponto médio do arco dental.
14 Distal: 1. Que se localiza longe do centro, do ponto de origem ou do ponto de união. 2. Espacialmente distante; remoto. 3. Em anatomia geral, é o mais afastado do tronco (diz-se de membro) ou do ponto de origem (diz-se de vasos ou nervos). Ou também o que é voltado para a direção oposta à cabeça. 4. Em odontologia, é o mais distante do ponto médio do arco dental.
15 Flancos: 1. O lado (de qualquer coisa). Na anatomia humana, é cada um dos lados do corpo, dos quadris aos ombros. 2. Em construção, é a parte entre o baluarte e a cortina. 3. Em futebol, é o lado do campo. 4. Em geologia, é cada um dos lados de uma dobra. 5. Em termo militar, é a parte lateral de uma posição ou de uma tropa formada em profundidade.
16 Hemicúpulas diafragmáticas: O músculo diafragma é um músculo estriado esquelético, principal músculo responsável pela respiração. Ele tem anatomicamente a forma de cúpula e divide a cavidade torácica da cavidade abdominal. Os mamíferos possuem duas hemicúpulas diafragmáticas, a direita e a esquerda, ambas com convexidade superior. A hemicúpula direita é mais alta do que a esquerda, pela posição do coração à esquerda do tórax e pela posição do fígado à direta na cavidade abdominal.
17 Polihidrâmnio: Também conhecido como hidrâmnios é o nome técnico para o excesso de líquido amniótico no útero durante a gestação.
18 Líquido amniótico: Fluido viscoso, incolor ou levemente esbranquiçado, que preenche a bolsa amniótica e envolve o embrião durante toda a gestação, protegendo-o contra infecções e choques mecânicos e térmicos.
19 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
20 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
21 Estômago: Órgão da digestão, localizado no quadrante superior esquerdo do abdome, entre o final do ESÔFAGO e o início do DUODENO.
22 Duodeno: Parte inicial do intestino delgado que se estende do piloro até o jejuno.
23 Sinal: 1. É uma alteração percebida ou medida por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida. 2. Som ou gesto que indica algo, indício. 3. Dinheiro que se dá para garantir um contrato.
24 Ecografia: Ecografia ou ultrassonografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
25 Cólon:
26 Congênito: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
27 Útero: É o maior órgão do sistema reprodutor feminino. Sua função principal é receber o óvulo fertilizado e dar-lhe todas as condições para o seu desenvolvimento.
28 Peritonite: Inflamação do peritônio. Pode ser produzida pela entrada de bactérias através da perfuração de uma víscera (apendicite, colecistite), como complicação de uma cirurgia abdominal, por ferida penetrante no abdome ou, em algumas ocasiões, sem causa aparente. É uma doença grave que pode levar pacientes à morte.
29 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
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