Paranoia. Saiba mais sobre ela.
O que é a paranoia?
A paranoia é uma psicose1 que se caracteriza pelo desenvolvimento de desconfiança ou suspeição altamente exagerada e injustificada, a qual chega a se tornar um delírio2 crônico3, lúcido e sistemático, dotado de uma lógica interna própria e não associado a alucinações4. Os temas mais frequentes desses delírios são grandeza, perseguição e ciúmes. A paranoia não acarreta deterioração das demais funções psíquicas além do juízo de realidade, característica que a distingue da esquizofrenia5 paranoide. No paranoico, um sistema delirante totalmente anômalo pode conviver com áreas bem conservadas da personalidade, pelo que a repercussão da paranoia no funcionamento geral do indivíduo é muito variável, mas, de modo geral, menor que na esquizofrenia5.
Quais são os principais sintomas6 da paranoia?
O principal sintoma7 da paranoia é um desenvolvimento delirante interpretativo e sistematizado. Geralmente não há sinais8 de alterações patológicas das principais funções mentais (percepção, memória, raciocínio, etc.). Trata-se de indivíduos com alto grau de desconfiança, suspeição e hipersensibilidade (personalidade paranoide), que acentuam aos poucos essas características ou as têm acentuadas por determinadas lesões9 cerebrais, abuso de substâncias anfetamínicas, álcool ou outras, tornando-se cada vez mais excêntricos e se afastando progressivamente mais e mais do convívio social.
Em sua forma aguda, ela pode surgir em indivíduos predispostos que tenham experimentado grandes mudanças vivencias como imigrantes, refugiados, recrutas, recém saídos de casa, pessoas que sofreram grandes perdas perceptivas (especialmente auditivas), etc.
Um caso especial é o da chamada paranoia compartilhada, ou “folie à deux”, em que o paranoide induz outra pessoa que lhe seja próxima a participar de seu delírio2. Quase sempre se trata de um casal.
Quais as causas da paranoia?
Não há uma causa única que possa ser especificada. Uma constelação de fatores parece ter importância:
- FATORES GENÉTICOS: Pesquisas recentes têm indicado que distúrbios paranoides são mais comuns em parentes de pessoas com esquizofrenia5 do que na população em geral, mas ainda não se sabe com certeza se os distúrbios paranoides são hereditários ou não.
- FATORES BIOQUÍMICOS: Também ainda não houve estudos bioquímicos definitivos com a paranoia. O uso abusivo de drogas como anfetaminas, cocaína, maconha ou LSD pode desencadear pensamentos paranoides em pessoas predispostas.
- STRESS: Algumas pessoas reagem com uma forma aguda de paranoia, quando submetidas a uma situação estressante. Nesses casos estão aqueles que sofreram mudanças bruscas e inesperadas em suas vidas. Contudo, o stress não parece atuar por si mesmo, havendo necessidade da concorrência de um defeito genético ou uma anomalia cerebral que predisponham à paranoia.
Qual o tratamento para a paranoia?
O tratamento da paranoia costuma ser muito difícil porque as pessoas paranoides não se julgam doentes e não procuram pelo tratamento espontaneamente. Quando forçadas e ele, geralmente não o levam a termo. Habitualmente chegam a ele pressionadas por familiares ou conhecidos, mas rapidamente os incluem, bem como ao médico assistente, dentro de seu sistema delirante e se afastam dele. Se chegam a aceitar um tratamento psicoterápico, não falam com espontaneidade e desconfiam todo o tempo do tipo de sondagem do terapeuta. Em geral também não aceitam a ajuda de medicamentos ou a internação, embora raramente seja o caso dela se tornar necessária. Mesmo que aceitem os tratamentos, não é seguro que se beneficiem deles. Embora a psicoterapia não altere fundamentalmente o sistema delirante do paciente, pode ajudá-lo a ter uma melhor adaptação à família e à sociedade.
O tratamento medicamentoso apropriado, se realizado com regularidade, pode ser uma ajuda na superação de alguns sintomas6, mas raramente o paciente o aceita. Ainda assim, embora o comportamento do paciente possa ser melhorado, os sintomas6 geralmente permanecem inalterados. Os resultados obtidos com placebos e medicamentos ativos são semelhantes, observação que sugere que a paranoia diminui mais por razões psicológicas do que pelo uso de medicamentos.
Como evolui a paranoia?
Apesar das dificuldades de tratamento, esses pacientes podem conviver em família e em sociedade, embora motivem frequentes situações de conflitos. Geralmente não levam uma vida tão reclusa ou solitária quanto a dos esquizofrênicos, nem sofrem uma deterioração mental tão devastadora como a que ocorre a eles. Embora suas ideias paranoides sejam inabaláveis e os dote de crenças e comportamentos exóticos, elas convivem com ideias e comportamentos normais. Esses pacientes, na dependência do seu grau de doença, conseguem conviver em família, estudar e manter uma atividade laboral. Os sintomas6 são menos bizarros do que os da esquizofrenia5 paranoide e causam menos desorganização da personalidade e ruptura na vida social e familiar.
O distúrbio paranoide é um processo evolutivo. Começa por desconfianças e suspeitas vagas e posteriormente se estrutura como um delírio2 crônico3, mas se estabiliza em certo ponto da sua evolução e assim permanece para sempre.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.