Mania de comprar mesmo sem ter necessidade de usar o que comprou? Pode ser oniomania!
O que é oniomania?
A oniomania (do grego: onios = à venda + manía = insanidade) ou transtorno do comprador compulsivo caracteriza-se por uma obsessão pelo comportamento de comprar, o que causa consequências adversas. A oniomania é sentida como um desejo irresistível / incontrolável de comprar, resultando numa atividade excessiva, cara e demorada, causando uma reação afetiva negativa e resultando em dificuldades pessoais, sociais e/ou financeiras.
A maioria das pessoas com oniomania atende aos critérios para um transtorno de personalidade. Vários autores consideram o consumo compulsivo como uma variedade de transtorno assemelhado aos transtornos de dependência química.
Quais são as causas da oniomania?
A oniomania costuma ter raízes em experiências precoces de vida. Perfeccionismo, impulsividade, compulsividade, insegurança e necessidade de maior controle têm sido características ligadas ao transtorno. Comprar compulsivamente parece representar uma busca pela própria identidade em pessoas nas quais ela não é firmemente sentida, nem confiável. As compras parecem fornecer indicadores dessa identidade social ou pessoal.
As pessoas com distúrbios associados, como ansiedade, depressão e pouco controle dos impulsos, são particularmente propensas a compensar sintomas1 de baixa autoestima por meio de compras compulsivas. Alguns autores, no entanto, objetam que tais explicações psicológicas para a compra compulsiva não se aplicam a todas as pessoas com oniomania.
Leia sobre "Depressões", "Ansiedade", "Transtorno obsessivo compulsivo ou TOC" e "Transtorno bipolar do humor".
As condições sociais atuais também desempenham um papel importante na oniomania. Vive-se, no momento, uma cultura de consumo, e isso contribui para a visão2 de que a compra compulsiva é como um vício especificamente pós-moderno, particularmente no que diz respeito a plataformas de compras na Internet, já que as compras online também facilitam a oniomania. Os cartões de crédito permitem gastos casuais além dos próprios limites de possibilidade econômica da pessoa. Algumas pessoas sugerem que o comprador compulsivo deve desfazer-se dos seus cartões de crédito.
O que diferencia a oniomania de compras saudáveis é a natureza compulsiva e despropositada da compra, geralmente inadequadas às necessidades da pessoa. As pessoas são levadas a comprar coisas que nunca utilizarão, mas que acreditam “que poderão vir a precisar”. Pessoas com oniomania são capazes de saber, depois da compra, que fizeram um gasto desnecessário, mas são incapazes de controlar o impulso de compra. Isto não configura um defeito de caráter, a oniomania é uma doença.
Quais são as principais características clínicas da oniomania?
Frequentemente existe comorbidade3 da oniomania com o humor, a ansiedade, o abuso de substâncias e os transtornos alimentares. As pessoas que marcam uma pontuação alta nas escalas de compulsividade nas compras tendem a compreender mal seus sentimentos e têm baixa tolerância a estados psicológicos desagradáveis, como o mau humor, por exemplo.
Em geral, a oniomania tem início no final da adolescência e início da década dos vinte anos e é geralmente crônica. As compras compulsivas não se limitam a pessoas que gastam além de seus meios, mas também incluem as pessoas que gastam muito tempo fazendo compras ou que cronicamente pensam em comprar coisas, mas nunca as compram.
Alguns indivíduos com este transtorno chegam a fazer dívidas, o que acaba comprometendo a sua relação com familiares e amigos, podendo até roubar para poder consumir.
Saiba mais sobre transtornos alimentares: "Anorexia4 mental", "Bulimia5" e "Ortorexia nervosa".
Como o médico diagnostica a oniomania?
Os critérios diagnósticos propostos para a oniomania são:
- Preocupação excessiva com compras.
- Aflição ou prejuízo como resultado da atividade.
- Compras compulsivas são realizadas mesmo fora de episódios hipomaníacos ou maníacos. Embora desencadeadas inicialmente pela necessidade de se sentir especial, a falha das compras compulsivas em atender a essa necessidade pode levar a um círculo vicioso e os sofredores a experimentar os altos e baixos associados a outros vícios. O "ato da compra" pode ser seguido por um sentimento de decepção e culpa, o qual precipita um novo ciclo de compra por impulso e mais sentimentos negativos. À medida que a dívida cresce, as compras compulsivas podem se tornar um ato mais secreto e os bens comprados podem passar a serem escondidos ou destruídos, porque a pessoa se sente envergonhada de seu vício.
Como o médico trata a oniomania?
O tratamento envolve tornar-se consciente do vício através do estudo, terapia, trabalho em grupo, etc. O melhor tratamento possível para a oniomania é através da terapia cognitivo6-comportamental e trabalho em grupo. O paciente deve ser avaliado com vistas a alguma comorbidade3 psiquiátrica, especialmente com depressão, para que o tratamento farmacológico apropriado possa ser instituído, se for o caso.
Poucos estudos avaliaram os efeitos do tratamento farmacológico no quadro da compra compulsiva, mas nenhum medicamento demonstrou que seja eficaz. Tratamentos promissores para a ansiedade ou depressão associados à oniomania incluem medicamentos como os inibidores seletivos da recaptação de serotonina e grupos de apoio específicos.
Quais são as complicações possíveis da oniomania?
As principais consequências e complicações da oniomania podem ser devastadoras para casamentos, relacionamentos de longo prazo e empregos. Outros problemas podem ser ter a credibilidade arruinada, prática de roubo ou desfalque de dinheiro, empréstimos inadimplentes, problemas financeiros gerais e, em alguns casos, falência ou dívida extrema, bem como ansiedade e um sentimento de que a vida está fora de controle. O estresse daí resultante pode levar a problemas de saúde7 física ou até mesmo ao suicídio.
Leia sobre "Desenvolvimento da personalidade" e "Estrutura da personalidade".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.