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O hábito de roer as unhas

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O que é o hábito de roer unhas1?

O hábito de roer unhas1, ou onicofagia, é o costume de morder compulsivamente as unhas1 dos dedos das mãos2 ou dos pés, aparando-as com os dentes incisivos. Isso não constitui propriamente uma doença, no sentido tradicional do termo, mas um transtorno comportamental que pode ter graves consequências.

Quais são as causas do hábito de roer unhas1?

Não se conhece com precisão as causas do hábito de roer as unhas1, mas pensa-se que ele seja sinal3 de desordens emocionais, que se exacerbam durante períodos de nervosismo, ansiedade, estresse, fome ou tédio. Existem teorias sobre a influência de fatores físicos, mas não comprovadas.

Qual é a “fisiopatologia” do hábito de roer unhas1?

As nossas unhas1 são placas4 formadas por uma proteína chamada queratina, encontradas nas pontas dos dedos dos pés e das mãos2. Essas placas4 crescem gradualmente a partir de uma matriz e devem ser periodicamente aparadas, sem o quê elas podem atingir tamanhos descomunais. As unhas das mãos5 crescem cerca de três milímetros por mês e a dos pés, mais lentamente, cerca de um a um milímetro e meio por mês. As pessoas que desenvolvem o hábito de roer as unhas1 as mantêm excessivamente curtas à custa de apará-las com os dentes incisivos.

Como tratar o hábito de roer unhas1?

As medicações utilizadas para tratar o hábito de roer unhas1 geralmente são medicações psicotrópicas. Alguns antidepressivos têm se mostrado eficazes para a solução do problema, além de que pequenas doses de antipsicóticos são também utilizadas no tratamento o que, no entanto, não quer dizer que o paciente sofra de psicose6. A vitamina7 B é outra opção, porque ela reduz a vontade de roer as unhas1, ao aumentar a atividade de serotonina no cérebro8.

Esses tratamentos medicamentosos, no entanto, devem sempre ser combinados com uma psicoterapia. Delas, a terapia comportamental tem se mostrado a mais benéfica, com suas técnicas de Reversão de Hábito e Controle de Estímulo. A terapia de hipnose também pode ajudar algumas pessoas.

Algumas práticas pessoais devem ser ajuntadas a esses tratamentos, como coadjuvantes9: técnicas de aversão tais como cobrir as unhas1 com substâncias de gosto ruim (esmaltes especiais, pimenta, etc.). Isoladamente, entretanto, essas táticas são pouco eficazes. Se o hábito de roer unhas1 for um sintoma10 de problemas emocionais, resolver esse problema, se possível, pode ajudar a diminuir ou eliminar o hábito.

Como evolui o hábito de roer unhas1?

O hábito de roer unhas1 em geral se inicia muito cedo na infância e pode persistir até a idade adulta. As crianças começam a roer as unhas1 por volta dos quatro ou cinco anos de idade e, habitualmente, a onicofagia se torna clinicamente crônica. Esse hábito assume maior relevância na adolescência, período em que a formação da autoimagem está em seu grau máximo. Por outro lado, durante a adolescência o indivíduo se depara com inúmeras situações novas, o que acarreta momentos de tensão, estresse e ansiedade que podem favorecer o aparecimento do hábito de roer as unhas1. Após a adolescência, esse hábito pode ser substituído por outros, como mordiscar a ponta do lápis, morder os lábios, etc.

Quais são as complicações possíveis do hábito de roer unhas1?

O roedor de unhas1 frequentemente não limita seu hábito a roer as unhas1, mas ataca também a pele11 e a cutícula12 ao seu redor, ferindo a extremidade dos dedos, tornando-as susceptíveis a infecções13 oportunistas, as quais podem se espalhar pela boca14. Além disso, roer unhas1 pode ocasionar um transporte de germes que vivem embaixo da superfície das unhas1 até a boca14. Como muitos germes patogênicos vivem debaixo da unha, o hábito de roer unhas1 pode potencializar as chances de danos à saúde15.

Em casos mais sérios, o hábito de roer unhas1 pode restringir o uso das mãos2, limitando a capacidade de escrever, digitar, desenhar, tocar instrumentos de corda, dirigir, etc. por causa dos estragos feitos às unhas1 ou à pele11 em volta. Uma complicação secundária pode afetar os dentes, porque um hábito prolongado e de longa duração pode ocasionar desgaste do esmalte16 dos incisivos, favorecendo o aparecimento de cáries17.

Outra complicação possível é devida ao fato de que os fragmentos18 de unhas1 ingeridos e não digeridos possam ferir, em algum ponto, a mucosa19 do trato digestivo. Ademais, existe o problema estético. O hábito de roer unhas1 deixa as mãos2 com uma aparência feia, além de revelar um descontrole emocional. Isso leva o roedor de unhas1 a sentir-se constrangido e a procurar esconder as mãos2, o que acaba não passando despercebido e complicando ainda mais as relações sociais da pessoa afetada.

ABCMED, 2015. O hábito de roer as unhas. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/pele-saudavel/812959/o-habito-de-roer-as-unhas.htm>. Acesso em: 19 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Unhas: São anexos cutâneos formados por células corneificadas (queratina) que formam lâminas de consistência endurecida. Esta consistência dura, confere proteção à extremidade dos dedos das mãos e dos pés. As unhas têm também função estética. Apresentam crescimento contínuo e recebem estímulos hormonais e nutricionais diversos.
2 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
3 Sinal: 1. É uma alteração percebida ou medida por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida. 2. Som ou gesto que indica algo, indício. 3. Dinheiro que se dá para garantir um contrato.
4 Placas: 1. Lesões achatadas, semelhantes à pápula, mas com diâmetro superior a um centímetro. 2. Folha de material resistente (metal, vidro, plástico etc.), mais ou menos espessa. 3. Objeto com formato de tabuleta, geralmente de bronze, mármore ou granito, com inscrição comemorativa ou indicativa. 4. Chapa que serve de suporte a um aparelho de iluminação que se fixa em uma superfície vertical ou sobre uma peça de mobiliário, etc. 5. Placa de metal que, colocada na dianteira e na traseira de um veículo automotor, registra o número de licenciamento do veículo. 6. Chapa que, emitida pela administração pública, representa sinal oficial de concessão de certas licenças e autorizações. 7. Lâmina metálica, polida, usualmente como forma em processos de gravura. 8. Área ou zona que difere do resto de uma superfície, ordinariamente pela cor. 9. Mancha mais ou menos espessa na pele, como resultado de doença, escoriação, etc. 10. Em anatomia geral, estrutura ou órgão chato e em forma de placa, como uma escama ou lamela. 11. Em informática, suporte plano, retangular, de fibra de vidro, em que se gravam chips e outros componentes eletrônicos do computador. 12. Em odontologia, camada aderente de bactérias que se forma nos dentes.
5 Unhas das Mãos: Lâminas córneas e finas que cobrem a superfície dorsal das falanges distais dos dedos das mãos e dos dedos dos pés dos primatas.
6 Psicose: Grupo de doenças psiquiátricas caracterizadas pela incapacidade de avaliar corretamente a realidade. A pessoa psicótica reestrutura sua concepção de realidade em torno de uma idéia delirante, sem ter consciência de sua doença.
7 Vitamina: Compostos presentes em pequenas quantidades nos diversos alimentos e nutrientes e que são indispensáveis para o desenvolvimento dos processos biológicos normais.
8 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
9 Coadjuvantes: Que ou o que coadjuva, auxilia ou concorre para um objetivo comum.
10 Sintoma: Qualquer alteração da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. O sintoma é a queixa relatada pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
11 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
12 Cutícula: 1. Na anatomia geral, é uma pequena porção de pele enrijecida, como a que está presente no contorno das unhas; pele da unha, pelinha. 2. Na anatomia botânica, é a camada de material graxo, cutina, mais ou menos impermeável, presente na parede externa das células epidérmicas das partes aéreas das plantas. 3. Na anatomia zoológica, é a camada externa, não celular, que recobre o corpo dos artrópodes.
13 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
14 Boca: Cavidade oral ovalada (localizada no ápice do trato digestivo) composta de duas partes
15 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
16 Esmalte: Camada rígida, delgada e translúcida, de substância calcificada que reveste e protege a dentina da coroa do dente. É a substância mais dura do corpo e é quase que completamente composta de sais de cálcio. Ao microscópio, é composta de bastões delgados (prismas do esmalte) mantidos conectados por uma substância cimentante, e apresenta-se revestido por uma bainha de esmalte. (Tradução livre do original
17 Cáries: Destruição do esmalte dental produzida pela proliferação de bactérias na cavidade oral.
18 Fragmentos: 1. Pedaço de coisa que se quebrou, cortou, rasgou etc. É parte de um todo; fração. 2. No sentido figurado, é o resto de uma obra literária ou artística cuja maior parte se perdeu ou foi destruída. Ou um trecho extraído de uma obra.
19 Mucosa: Tipo de membrana, umidificada por secreções glandulares, que recobre cavidades orgânicas em contato direto ou indireto com o meio exterior.
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