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Acne: o tormento dos adolescentes

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Numa fase da vida em que a estética corporal assume uma importância muito grande, os adolescentes são atormentados pela acne1, representada pelo conjunto de cravos, espinhas, cistos, caroços, pápulas2, pústulas3, cicatrizes4 e outras lesões5 da pele6 muito comuns nessa fase da vida. As espinhas e os cravos são as mais comuns. As primeiras são saliências esbranquiçadas na pele6, coleções purulentas7 contendo bactérias. Os cravos quase sempre se mostram como postos escuros, salientes ou não, e podem se tornar avermelhados quando inflamam, gerando pápulas2. Alguns adolescentes exibem orgulhosamente essas lesões5, como sinais8 de passagem a uma idade adulta, mas a maioria deles as considera negativamente, como danos a sua pele6. E para desespero maior deles a acne1 geralmente ocorre no rosto, embora possa acontecer também nas costas9, no peito10 e nos ombros. O primeiro impulso costuma ser espremer ou cutucar essas pequenas lesões5, na tentativa de acabar com elas. Isso, contudo, só espalha as espinhas e pode deixar cicatrizes4 e manchas que pioram a aparência da pele6. Ademais, esse ato pode lançar bactérias na corrente sanguínea e provocar infecções11 metastáticas à distância. As espinhas da parte frontal da face12, se espremidas, podem drenar bactérias para o interior do cérebro13 e causar graves infecções11, inclusive meningites14.

De onde vem a acne1?

Do acúmulo de oleosidade e de células15 mortas nos poros, o que causa a obstrução e inflamação16 deles. Normalmente cada poro contém uma glândula17 sebácea e o conjunto delas é responsável pela lubrificação normal da pele6 e pela eliminação das células15 mortas. Na adolescência, graças à efervescência dos hormônios masculinos e femininos pode haver excesso de produção de sebo, com entupimento e inflamação16 dos poros e, quando os poros são obstruídos, as bactérias normalmente existentes na pele6 infeccionam o sebo e as células15 mortas retidas. Mas não é só essa revolução hormonal que tem importância. Outros fatores também podem contribuir com a produção aumentada de sebo e oleosidade da pele6 e entre eles estão a hereditariedade18, o estresse, a alimentação rica em carboidratos glicêmicos, o uso de cosméticos oleosos, alguns medicamentos e a má higienização da pele6. A acne1 em geral começa na adolescência, mas pode surgir mais tarde ou perdurar por muitos anos se não for tratada adequadamente. Comumente desaparece por si mesma, mas há formas graves que exigem intervenção médica.

O que fazer com a acne1?

A medida correta é recorrer ao dermatologista, que receitará os medicamentos apropriados. O esteticista poderá ajudar, providenciando uma boa limpeza de pele6. Procure não mexer nas lesões5 você mesmo porque isso pode piorá-las, nem use remédio por conta própria, tanto porque muitos deles não produzem os resultados que prometem quanto porque podem ter efeitos colaterais19 indesejáveis. Conforme o caso, o dermatologista escolherá entre a reposição de minerais, a esfoliação da pele6, os antibióticos, o tratamento hormonal e os retinoides, qual medida ou combinação de medidas se adapta melhor ao seu caso.

É muito provável que você não consiga livrar-se inteiramente dela na sua adolescência. Afinal, ela faz parte do seu rito biológico de passagem para a vida adulta. No entanto, ela pode ter seus efeitos minimizados e sua duração encurtada. Mantenha uma boa higienização de sua pele6 e uma alimentação saudável, sem excesso de gorduras (chocolate, frituras, nozes, amendoins, por exemplo). Cuidado com os cosméticos que você usa porque eles podem obstruir seus poros! As pessoas que tenham pele6 oleosa devem evitar também o uso de produtos gordurosos. Evite as soluções caseiras e milagrosas. O dermatologista saberá indicar remédios capazes de diminuir a secreção sebácea da pele6 e, com isso, evitar as lesões5 da acne1.

Também as cicatrizes4 precisam ser tratadas. A acne1 causa uma destruição de partes do tecido20 dérmico e os processos de regeneração delas são feitos graças à proliferação de tecido20 fibroso, o que gera cicatrizes4. Isso pode acontecer quer a acne1 tenha sido espremida ou não. Algumas dessas marcas desaparecem depois de algum tempo, mas algumas podem ser muito duradouras ou mesmo permanentes. O dermatologista pode aconselhar abrasão cutânea21 mecânica ou química, medicamento e, eventualmente, uso dos raios laser.

Além da possível dor, coceira e irritação nas áreas afetadas, a acne1 pode ocasionar distúrbios psicológicos como redução da autoestima, depressão e vergonha, que muitas vezes leva a um isolamento social. Portanto, a ajuda psicológica pode se tornar tão importante para os portadores de acne1 como a assistência de um dermatologista.

Como evolui a acne1?

A acne1 não é uma doença contagiosa22 e em geral desaparece com a idade, sem deixar sequelas23.

Contudo, conforme o tipo das lesões5 ou devido à manipulação inadequada, a acne1 pode deixar cicatrizes4, algumas delas bastante inestéticas. 

ABCMED, 2013. Acne: o tormento dos adolescentes. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/pele-saudavel/510084/acne-o-tormento-dos-adolescentes.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Acne: Doença de predisposição genética cujas manifestações dependem da presença dos hormônios sexuais. As lesões começam a surgir na puberdade, atingindo a maioria dos jovens de ambos os sexos. Os cravos e espinhas ocorrem devido ao aumento da secreção sebácea associada ao estreitamento e obstrução da abertura do folículo pilosebáceo, dando origem aos comedões abertos (cravos pretos) e fechados (cravos brancos). Estas condições favorecem a proliferação de microorganismos que provocam a inflamação característica das espinhas, sendo o Propionibacterium acnes o agente infeccioso mais comumente envolvido.
2 Pápulas: Lesões firmes e elevadas, com bordas nítidas e diâmetro que varia de 1 a 5 milímetros (até 1 centímetro, segundo alguns autores).
3 Pústulas: Elevações da pele contendo pus, de até um centímetro de diâmetro.
4 Cicatrizes: Formação de um novo tecido durante o processo de cicatrização de um ferimento.
5 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
6 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
7 Purulentas: Em que há pus ou cheio de pus; infeccionadas. Que segrega pus. No sentido figurado, cuja conduta inspira nojo; repugnante, asqueroso, sórdido.
8 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
9 Costas:
10 Peito: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original
11 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
12 Face: Parte anterior da cabeça que inclui a pele, os músculos e as estruturas da fronte, olhos, nariz, boca, bochechas e mandíbula.
13 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
14 Meningites: Inflamação das meninges, aguda ou crônica, quase sempre de origem infecciosa, com ou sem reação purulenta do líquido cefalorraquidiano. As meninges são três membranas superpostas (dura-máter, aracnoide e pia-máter) que envolvem o encéfalo e a medula espinhal.
15 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
16 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
17 Glândula: Estrutura do organismo especializada na produção de substâncias que podem ser lançadas na corrente sangüínea (glândulas endócrinas) ou em uma superfície mucosa ou cutânea (glândulas exócrinas). A saliva, o suor, o muco, são exemplos de produtos de glândulas exócrinas. Os hormônios da tireóide, a insulina e os estrógenos são de secreção endócrina.
18 Hereditariedade: Conjunto de eventos biológicos responsáveis pela transmissão de uma herança a seus descendentes através de seus genes. Existem dois tipos de hereditariedade: especifica e individual. A hereditariedade especifica é responsavel pela transmissão de agentes genéticos que determinam a herança de características comuns a uma determinada espécie. A hereditariedade individual designa o conjunto de agentes genéticos que atuam sobre os traços e características próprios do indivíduo que o tornam um ser diferente de todos os outros.
19 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
20 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
21 Cutânea: Que diz respeito à pele, à cútis.
22 Contagiosa: 1. Que é transmitida por contato ou contágio. 2. Que constitui veículo para o contágio. 3. Que se transmite pela intensidade, pela influência, etc.; contagiante.
23 Sequelas: 1. Na medicina, é a anomalia consequente a uma moléstia, da qual deriva direta ou indiretamente. 2. Ato ou efeito de seguir. 3. Grupo de pessoas que seguem o interesse de alguém; bando. 4. Efeito de uma causa; consequência, resultado. 5. Ato ou efeito de dar seguimento a algo que foi iniciado; sequência, continuação. 6. Sequência ou cadeia de fatos, coisas, objetos; série, sucessão. 7. Possibilidade de acompanhar a coisa onerada nas mãos de qualquer detentor e exercer sobre ela as prerrogativas de seu direito.
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