Parto na água: como acontece? Quais as vantagens e as desvantagens?
O que é um parto na água?
O parto na água é um parto por via vaginal, feito com a mãe imersa em uma banheira com água. No Brasil esse tipo de parto é muito pouco realizado, mas em algumas cidades podem-se encontrar médicos e enfermeiras especializadas que fazem esse parto em casa. O primeiro parto na água relatado na literatura médica foi realizado num vilarejo na França em 1805.
Como se realiza o parto na água?
A água em que a mãe é imersa deve estar entre 36°C e 38ºC, cobrindo toda a barriga, de modo a manter o conforto materno e evitar desidratação1 ou superaquecimento. Assim, ela proporciona relaxamento muscular profundo à mãe e alívio das dores que a gestante sente na fase final do trabalho de parto, ao ficar imersa em água morna. A parturiente só deve entrar na água quando o trabalho de parto já está adiantado, porque se ela entrar muito no início dele, ele poderá demorar mais ou até ser inibido. Um indicativo desse momento pode ser uma dilatação do colo do útero2 acima de cinco centímetros e mais de duas contrações uterinas a cada dez minutos. A retirada da placenta deve ser realizada fora da água. Devem ser fartamente oferecidos água, sucos ou chás para a gestante, mesmo ainda dentro da água. O ambiente do parto deve ficar à meia luz e o pai ou acompanhante pode estar presente, apoiando a parturiente.
Quais são as vantagens e as desvantagens do parto na água?
Vantagens:
Para a mulher, a maior vantagem do parto na água é o relaxamento muscular profundo e o alívio da dor do trabalho de parto. Ocorre também aumento da irrigação sanguínea, diminuição da pressão arterial3, sensação de bem-estar, relaxamento mental e diminuição da ansiedade, permitindo a ela uma participação ativa no parto.
Outra grande vantagem do parto na água é dispensar, na maioria das vezes, o uso de anestesias. Entretanto, nada impede que a gestante receba anestesia4 peridural5 se necessário.
Quando a gestante está imersa na água, ela fica num estado quase agravitacional e isso permite não haver alterações na circulação6 do sangue7 para a placenta e na oxigenação do bebê com as mudanças de posição materna.
Para o bebê, a experiência do nascimento é menos traumática, proporcionando menor choque8 térmico e uma adaptação mais fácil à vida extra-uterina. Ele chega ao mundo envolvido pela água que está aquecida, assim como estava dentro do útero9.
Como os partos na água geralmente são mais rápidos e menos laboriosos que os partos normais, a mulher tem uma recuperação mais rápida.
Desvantagens:
O parto na água, como o parto normal, envolve o risco de infecção10 para mãe e para o recém-nascido, o risco de hemorragia11 materna pós-parto, de asfixia12 e de afogamento do bebê, mas existem muito poucos relatos de ocorrência dessas complicações, parecendo que os riscos de complicações com o parto na água não são maiores que com o parto normal.
Em relação à possibilidade de afogamento do bebê, deve-se ter em conta que existem mecanismos inibitórios da respiração até o contato com o ar externo e que ainda durante cerca de vinte segundos ele respira através do cordão umbilical13, até que seus pulmões14 se expandam, não correndo, pois, o risco de se afogar. No entanto, em raros casos seus mecanismos inibitórios podem ser suprimidos, causando aspiração da água, o que é um problema grave.
O parto na água dificulta manobras de urgência15 que podem ser requeridas no momento do nascimento e por isso deve ser evitado com todas aquelas gestantes em que se preveja ser necessário qualquer tipo de manobra excepcional. Assim, ele não é aconselhável nos partos prematuros, naqueles em que haja sofrimento fetal, em mães diabéticas ou que apresentaram sangramentos durante a gestação, em mulheres com doenças infectocontagiosas ou nos casos em que a mãe e o bebê precisam ser monitorados, etc.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.