A gravidez e suas etapas na mãe e no bebê
Introdução
A gravidez1 é o período em que a mulher gesta um novo ser humano no interior do seu útero2. Ela começa com a fecundação3 do óvulo4 por um espermatozoide5 e termina com o parto. Em geral esse período dura 42 semanas (cerca de 9 meses) e é necessariamente precedido de uma relação sexual em que o homem injeta na vagina6 da mulher uma certa quantidade de sêmen7 contendo alguns milhões de espermatozoides8, os quais posteriormente ascendem ao interior do útero2 e das trompas de Falópio (que ligam o útero2 aos ovários9) ou de inseminação artificial, mediante a qual os espermatozoides8 são artificialmente injetados (por meios médicos) no trato reprodutivo da mulher. Outra maneira de começar a gravidez1 é pela fertilização10 “in vitro”, na qual o óvulo4 feminino é fecundado por espermatozoides8 fora do corpo da mulher, sendo o resultado disso posteriormente implantado no seu útero2. Em termos naturais, parte dos espermatozoides8 depositados na vagina6 atravessa o cérvix uterino (colo do útero11), ajudado pelo muco aí existente e ganha acesso ao interior do útero2, de onde passam às trompas de Falópio. Se a mulher houver ovulado nessa ocasião, um deles se encontrará, no interior de uma dessas tubas, com o óvulo4, que percorre o caminho dos ovários9 até o útero2 e aí se dará a fecundação3. A nova célula12 assim formada continuará caminhando no sentido do útero2, do epitélio13 no qual, adequadamente preparado pela ação de hormônios específicos, se aninhará para dar formação a um novo ser.
Durante a gravidez1 vai havendo progressiva formação do bebê, da qual se podem descrever algumas etapas características:
- Ao fim do 1º mês o embrião mede cerca de 4 ou 5 mm e pesa ainda menos de 1 grama14. A cabeça15 começa a se diferenciar do tronco e um coração16 ainda muito rudimentar começa a bater por volta do 25° dia.
- Ao fim do 2º mês ele já tem aparência humana, mede cerca de 30 mm e pesa de 2 a 8 gramas. Formam-se esboços dos olhos17, boca18 e fossas nasais e o embrião começa a se mexer.
- Ao fim do 3º mês ele medirá de 80 a 100 mm, pesará cerca de 40 gramas e passará a ser chamado feto19. A sua cabeça15 corresponde à metade de seu comprimento total. Os órgãos genitais já estão diferenciados e já podem ser captados pela ultrassonografia20.
- Ao final do 4º mês o bebê já mede 15 cm e pesa 240 gramas. Nessa fase, uma ecografia21 já revelará claramente o sexo do bebê. Seu coração16 bate a 120 batimentos por minuto (bpm), o bebê já flutua no líquido amniótico22 e muda rapidamente de posição.
- Ao final do 5º mês ele medirá cerca de 30 cm e pesará cerca de 600 gramas. Aparecem as impressões digitais e formam-se as partes mais evoluídas do sistema nervoso23 e dos alvéolos24.
- Ao fim do 6º mês o bebê mede de 30 a 35 cm e pesa 1.000 a 1.200 gramas. Mexe-se muito e já formou praticamente todos os órgãos de que precisará para sobreviver.
- Ao final do 7º mês o bebê medirá cerca de 40 cm e pesará cerca de 1.700 gramas. Seus olhos17 começam a abrir e fechar e os cinco sentidos estão formados. O bebê mexe-se cada vez mais.
- Ao fim de 8º mês o bebê aumenta rapidamente de peso, atingindo cerca de 2.500 gramas, graças ao desenvolvimento de seu panículo25 adiposo e mede de 45 a 47 cm.
- Ao fim do 9º mês o bebê, que aumentou muito de peso nos últimos dois meses, estará pesando 3.300 gramas em média e medindo de cerca de 50 cm, estando pronto para o nascimento. No entanto, seu crânio26 não está completamente formado e algumas funções ainda serão posteriormente amadurecidas (fala, posição bípede, andar, controle dos esfíncteres27). A sua completa evolução terá de ser completada num útero2 social, por assim dizer.
Ao mesmo tempo, o organismo da mulher vai sofrendo modificações anatômicas e funcionais que o preparam e adaptam para suas novas funções e exigências. Os hormônios têm importante papel durante toda a gravidez1: a progesterona, produzida nos ovários9 e na placenta, prepara o útero2 para receber o embrião; a gonadotrofina coriônica (HCG) placentária estimula a produção da progesterona e do estrógeno28; a prolactina29 leva à lactação30; a ocitocina31 contrai o útero2 para a expulsão do bebê na hora do parto e, na sequência, provoca a emissão do leite. Quanto ao corpo, ocorre progressivo aumento de volume e alteração de forma do abdome32; turgência33 e aumento progressivo das mamas34; aparecimento de varizes35 nos membros inferiores e de estrias no abdome32; aumento da pigmentação da pele36. Por ocasião do parto ocorre relaxamento dos músculos37 e ligamentos38 do períneo39 com consequente alargamento da bacia. Alguns sintomas40 subjetivos também acompanham a gravidez1: sensibilidade “à flor da pele”; sensação de cansaço e fadiga41; enjoo; sonolência; elevação dos ritmos cardíaco e respiratório; retardamento do esvaziamento gástrico, etc.
O bebê no útero2 se desenvolve dentro do chamado saco amniótico, que é uma bolsa contendo líquido (líquido amniótico22) e é nutrido de alimentos e suprido de oxigênio pelo cordão umbilical42, que se origina na placenta. Esta, por sua vez, é um anexo43 embrionário formado por tecidos originários do óvulo4 e através da qual o bebê “respira", "alimenta-se" e excreta os produtos inservíveis do seu metabolismo44, além de ser, também, órgão endócrino45, envolvido na produção de hormônios. Normalmente ela implanta-se na camada esponjosa do útero2 e se descola dela depois do parto, sendo eliminada. A placenta funciona como um filtro que impede que moléculas nocivas, de alto peso molecular, cheguem ao feto19, ainda despreparado para lidar com elas. A bolsa amniótica46 tem uma função protetora, amortecendo os choques térmicos e mecânicos que possam ser provocados durante a gestação. Ela forma-se a partir de uma dobra interna da ectoderma47 (camada mais superficial do epitélio13).
Quando transcorre normalmente a gravidez1 que tenha sido desejada, ela representa “um dos melhores períodos da vida” de uma mulher.
Sinais48 precoces de gravidez1
A mulher que observa atentamente o seu corpo pode detectar alguns sinais48 precoces de gravidez1, anteriores mesmo à ausência das menstruações e ao crescimento abdominal, tais como sangramento quando da implantação do embrião no útero2 (6 a 12 dias depois da concepção49); uma maior turgência33 das mamas34; mudanças de humor; maior apetite e perversões do apetite; ganho ou perda repentinas de peso; alterações na lubrificação da pele36; sensações de fadiga41, náuseas50 ou vômitos51, sobretudo matinais; aumento da frequência urinária; dores lombares; cefaleias52; tonturas53 e desmaios. Alguns testes são também capazes de detectar muito precocemente a gravidez1.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.