Colectomia ou retirada de uma parte do intestino grosso
O que é colectomia?
A colectomia é um procedimento cirúrgico que visa remover parte ou a totalidade do cólon1, também chamado intestino grosso2. O cólon1 é a parte terminal do sistema digestivo3 humano, seguido em continuidade pelo canal retal, que desemboca no ânus4.
São termos associados: colectomia total, quando todo o cólon1 é removido; colectomia parcial, quando apenas é removida uma parte do cólon1; hemicolectomia direita ou esquerda, quando é removida a metade correspondente do cólon1 e proctocolectomia, quando, além do cólon1, envolve também a remoção do reto5.
O procedimento é também conhecido como ressecção do intestino grosso2.
Quais são as consequências fisiológicas6 da colectomia?
As consequências fisiológicas6 da colectomia podem facilmente ser deduzidas a partir do papel que o cólon1 desempenha no organismo. Ele é a parte distal7 do sistema digestivo3 humano. O sistema digestivo3 processa e absorve os nutrientes (vitaminas, minerais, hidratos de carbono, gorduras, proteínas8 e água) a partir dos alimentos e elimina os resíduos para fora do corpo por meio da evacuação.
O cólon1 prepara e armazena os restos da digestão9 ainda semilíquidos provenientes do intestino delgado10 para sua posterior eliminação. Enquanto os resíduos alimentares transitam pelo cólon1, uma grande quantidade de água é absorvida e as fezes acabam por adotar a consistência que lhes é característica.
Alguns dos movimentos do cólon1 são segmentários e se destinam a misturar seu conteúdo e favorecer o contato com as paredes do órgão, de modo a facilitar a absorção; outros são propulsivos e, através da contração sequenciada dos diferentes segmentos, fazem avançar seu conteúdo interior até o reto5. Além disso, durante esse trânsito as bactérias presentes na flora intestinal atacam compostos alimentares que ainda não tenham sido digeridos, assegurando sua decomposição.
Por outro lado, as glândulas11 intestinais segregam muco, que se mistura aos resíduos sólidos e às muitas das bactérias presentes na luz intestinal, formando a matéria fecal. Ademais, o bom funcionamento do intestino grosso2 conduz a diversas vantagens metabólicas. Por exemplo, algumas bactérias sintetizam vitamina12 K e diversas vitaminas do complexo B, que o organismo absorve. Em condições normais, a presença dessas bactérias é completamente inofensiva e impede que outros micróbios patogênicos se estabeleçam no intestino.
Se falta o cólon1, essas funções ficam ausentes ou prejudicadas e têm que ser compensadas artificialmente, sem nunca terem uma regulação tão exata quanto as que tinham naturalmente.
Como se realiza o procedimento da colectomia?
A colectomia pode ser realizada por meio de uma cirurgia aberta ou por meio de uma laparoscopia13, sempre com anestesia14 geral.
Na colectomia aberta, uma incisão15 de certa magnitude é feita na parede do abdome16 para que o médico possa ver e ter acesso ao cólon1, diretamente. Então, o cirurgião remove parte ou a totalidade do órgão, conforme o caso.
Em uma cirurgia laparoscópica, também chamada de colectomia minimamente invasiva, de três a cinco pequenas incisões17 são feitas no abdome16 e um tubo fino e iluminado em sua extremidade, ligado a uma câmara de vídeo, é inserido através de uma das aberturas para guiar os instrumentos cirúrgicos inseridos através das outras aberturas. Um gás (geralmente dióxido de carbono) pode ser utilizado para inflar o abdome16 do paciente e permitir uma melhor visualização de seu interior. Para a remoção do cólon1 uma das incisões17 tem de ser um pouco ampliada.
Saiba mais sobre "Laparoscopia13", "Laparotomia18" e "Anestesia14 geral".
A cirurgia de colectomia muitas vezes requer outros procedimentos para reposicionar as porções restantes do intestino e para permitir que o paciente possa defecar. A duração da cirurgia depende do procedimento a ser feito e pode variar de 2 a 8 horas. Geralmente, dependendo da sua situação, o paciente deve passar alguns dias no hospital após a cirurgia.
Para se preparar para o procedimento, o médico pode pedir ao paciente que pare de tomar certos medicamentos e pare de comer e beber por algum tempo antes da cirurgia. Nos dias que antecedem a colectomia, o médico irá receitar um medicamento laxativo19 para limpar o intestino grosso2. O paciente deve ir ao banheiro até que a evacuação seja apenas uma água transparente.
Quando há necessidade de uma colectomia?
Uma colectomia parcial ou total pode ser necessária em casos de sangramentos incontroláveis, obstrução intestinal, perfuração intestinal, doença de Crohn20, câncer21 de cólon1, polipose adenomatosa familiar, diverticulites repetitivas ou complicadas, síndrome22 de Lynch, pólipos23 pré-cancerosos com um alto risco de desenvolver câncer21, colite24 ulcerativa ou outras condições assemelhadas.
Leia sobre "Perfuração intestinal", "Doença de Crohn20", "Câncer21 de cólon1", "Polipose adenomatosa familiar", "Diverticulite25" "Pólipos23 intestinais" e "Colite24 ulcerativa".
Como evolui uma colectomia?
Em algumas situações, a operação pode começar como laparoscópica, mas ter de ser convertida em uma colectomia aberta. Uma vez que o cólon1 tenha sido removido, o cirurgião deve reconectar o sistema digestivo3, de forma a permitir que o trânsito das fezes no intestino e a evacuação delas seja reconstituído. Como parte deste processo, o paciente pode sofrer uma ileostomia (criação de uma fístula26 ou um ânus4 artificial através da parede abdominal27 para o interior do íleo28) temporária.
Veja mais em "Ileostomia" e "Fístulas29".
Quais são as complicações possíveis da colectomia?
A colectomia é uma cirurgia de grande porte e pode apresentar complicações graves, na dependência do estado de saúde30 do paciente, do tipo e extensão do procedimento e da técnica cirúrgica empregada.
As complicações podem incluir sangramento, trombose venosa profunda31, embolia32 pulmonar, obstrução intestinal causada por reação cicatricial, infecção33, peritonite34, lesão35 de bexiga36, do intestino delgado10 e de outros órgãos próximos e má cicatrização em suturas37 que tenham sido usadas para reconectar partes do sistema digestivo3.
Leia também sobre "Obstrução intestinal", "Peritonite34", "Embolia32 pulmonar" e "Trombose venosa profunda31".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.