Variações sexuais: o sexo oral e o sexo anal
Na grande maioria dos animais, o sexo só é praticado em função da procriação, existindo apenas uma única maneira de realizá-lo, comum a todos os membros de uma mesma espécie, a qual é instintivamente incutida neles e não depende de nenhum aprendizado. Nos homens, o sexo muitas vezes é praticado em busca apenas do prazer, e não da procriação, havendo uma variedade de situações capazes de propiciá-lo, às vezes com maior intensidade que o contato pênis1-vagina2. É surpreendente como uma atividade humana tão importante não seja ensinada e tenha de ser descoberta quase que clandestinamente e por meios nem sempre recomendáveis. Essa tendência é muito espalhada por toda parte e salvo em algumas regiões da Índia, onde o sexo é considerado uma atividade nobre ou sagrada, a coisa é mais ou menos a mesma em todos os lugares.
Descartando as modalidades tidas como patológicas (sadismo, masoquismo, coprofagia, zoofilias, etc.) restam ainda outras variações que estão mais ou menos incluídas no repertório da sexualidade: o sexo oral e o sexo anal. Aqui abordaremos somente o sexo a dois, deixando de lado as ménage e o sexo grupal que se situam na fronteira indefinível da normalidade.
Inicialmente tem-se de dizer que em geral o sexo, sob qualquer de suas modalidades, é precedido de preliminares que têm por objetivo tornar as pessoas mais motivadas e mais sensíveis a ele. Geralmente elas se consistem de beijos, abraços, carícias, fantasias ou jogos amorosos diversos. Por outro lado, tem-se de reconhecer que também certas aparências ou atributos do (a) parceiro (a) sexual funcionam como atrativos e estimulantes sexuais (caracteres físicos, juventude, vestuário, adereços, tipo de voz, perfume, etc.). Esses fatores, no entanto, são altamente individuais e o que estimula a uns pode ser repugnante para outros e vice-versa. Há pessoas, por exemplo, que são estimuladas pelos defeitos físicos dos parceiros, coisa que quase todos rejeitam.
Todas as formas sexuais aqui mencionadas requerem o uso da camisinha, porque todas elas são susceptíveis de transmitir e receber contágios de Doenças Sexualmente Transmissíveis.
Sexo vaginal
É a forma mais comum de relacionamento sexual e quando se fala em relações sexuais é quase sempre a ela que se refere. Geralmente compreende a penetração da vagina2 pelo pênis1 ereto3, após preparação preliminar, seguida de um movimento mais ou menos intenso de vai-e-vem e pela ejaculação4 de sêmen5 contendo espermatozoides6 no interior da vagina2. Esse ato é acompanhado de intenso prazer (orgasmo) pelo homem e pela mulher e por dar acesso aos espermatozoides6 ao interior do aparelho reprodutor da mulher, sendo potencialmente procriativo. Como é usado pelos casais que desejam ter um filho, essa forma de sexo é chamada metaforicamente de papai-e-mamãe.
Sexo oral
O sexo oral é o contato da mucosa7 da boca8 com a dos órgãos genitais. Na mulher corresponde geralmente a acariciar com os lábios e a língua9 a glande do pênis1 ou o órgão em sua totalidade e no homem em idêntica atitude para com o clitóris e a vagina2. Em ambos os casos um movimento de sucção pode ser realizado como forma de aumentar o prazer. O sexo oral é chamado de felação10, quando feito em homens e de cunilingus, quando feito em mulheres e é capaz de provocar prazer para quem recebe e para quem o pratica. Ele pode ser realizado como um ato sexual completo em si mesmo ou apenas fazer parte das preliminares que culminam na modalidade vaginal do sexo e pode incluir ou não a ingestão de sêmen5, que afora a possibilidade de veicular as Doenças Sexualmente Transmissíveis é indene11 à saúde12. Dizem as estatísticas, sempre problemáticas nesse assunto, que as mulheres preferem que lhes seja feito o sexo oral à penetração. Por outro lado, muitas mulheres sentem nojo ou vergonha em praticá-lo. Os homens gostam das sensações propiciadas pela maciez e temperatura da boca8, semelhantes às da vagina2, e as mulheres acham que o sexo oral é a forma mais segura de atingirem o orgasmo. O decisivo para que o sexo oral seja inteiramente prazeroso é que os dois parceiros o aceitem sem restrições.
Ao longo do tempo e em diferentes culturas, o sexo oral foi considerado ora como degradante, ora como de alto status. Na cultura ocidental atual ele está incorporado ao repertório sexual normal e mais da metade dos adolescentes diz praticá-lo (National Center for Health Statistics). Embora se entenda por sexo oral apenas o contato da boca8 com os órgãos genitais, ele abrange também as estimulações feitas com a boca8 em todo o corpo.
Sexo anal
Entre nós, há quem fale que as mulheres preferem o sexo oral e os homens, o sexo anal. Já as mulheres o encaram com algum receio, principalmente de dor, que, no entanto, só acontece ou é exacerbada pelo reflexo do medo. O sexo anal feito de forma “correta” não provoca dor, sangramento ou danos à elasticidade13 anal e pode, inclusive, levar ao orgasmo. O sexo vaginal não deve ser praticado logo após o sexo anal, pela possibilidade de que o pênis1 transporte bactérias dos intestinos14 para a vagina2, visto que existe uma incompatibilidade entre a flora bacteriana vaginal e anal. O uso de preservativo, indicado para todo tipo de sexo, tem aqui uma importância adicional porque pode ser trocado entre uma relação anal e outra vaginal e porque impede a penetração de bactérias intestinais para dentro do canal da uretra15. Os homens têm a mesma sensibilidade anal que as mulheres, sem que isso seja qualquer indício de homossexualismo, que envolve questões de outra natureza. Em muitos momentos o sexo anal é utilizado por casais que desejam evitar a gravidez16 ou por mulheres que querem preservar a integridade do seu hímen17. Em alguns casos ele constitui a forma preferencial de relações sexuais.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.