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O perigo das dietas para emagrecer

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Generalidades sobre dietas para emagrecer

Ser gordo não é apenas uma questão de ter um peso maior que o ideal; é também um estilo de viver, mais difícil de ser modificado do que a massa corporal. A pessoa gorda se habitua a um fluxo de vida diferente das demais pessoas. Sua noção de tempo, espaço e ritmo é outra. Até mesmo sua ética cotidiana parece ser diferente. Perder peso é abrir mão1 de um feitio vivencial ao qual se está adaptado. Talvez por isso as dietas para emagrecer sejam tão mal sucedidas e em geral só funcionem muito temporariamente. Repare, por exemplo, o comportamento das pessoas num restaurante de comida a quilo. O indivíduo magro primeiro olha todos os pratos oferecidos e então escolhe o que vai comer. Depois entra na fila e se serve. O indivíduo gordo geralmente entra inicialmente na fila e se serve de cada coisa que gosta pela qual vai passando sem saber, ainda, o que encontrará pela frente. Ao chegar ao fim da fila está com um prato enorme.

Ser gordo ou magro não é mais somente uma questão alimentar, mas também uma questão dos confortos oferecidos pela vida moderna, todos projetados para diminuir os gastos energéticos: muita coisa que antigamente envolvia dispêndio de energia hoje funciona com um simples apertar de botões ou com outras comodidades. Se antes era necessário caminhar para atender ao telefone, por exemplo, hoje se pode fazer isso sem sair do lugar, graças às extensões dos aparelhos ou aos telefones celulares. O sedentarismo2 é uma causa tão grande de obesidade3 quanto o comer em excesso. Para emagrecer, as atividades físicas são tão importantes quanto as dietas.

E mais um dado preocupante: pesquisas têm mostrado que a principal razão pela qual as pessoas se esforçam para emagrecer não é a saúde4, mas a autoestima, embora se saiba que a obesidade3 é causa de doenças graves e às vezes fatais. O aconselhável é que as pessoas visem os dois pontos igualmente. Além disso, perder peso aumenta também a disposição e o bem-estar geral. A pessoa gorda está sempre carregando um peso de que não necessita e com isso sobrecarregando sua “máquina”.

A expressão “dieta para emagrecer” está associada à ideia de restrições alimentares. Por outro lado, sugere sempre algo limitado no tempo e provisório. Na maioria das vezes, a pessoa volta a engordar assim que deixa de fazer dieta e se quiser continuar magra tem de iniciar tudo novamente. Com isso seu corpo sofre um “efeito sanfona” (engorda-emagrece) que acaba por trazer efeitos deletérios sobre ele. Dentre outros fatores, o fato de uma pessoa ser gorda depende muito de sua genética e essa parece cada vez espalhar mais os seus efeitos, mas depende também de fatores ambientais, como seus hábitos alimentares, por exemplo, embora não seja possível determinar-se a influência relativa de cada um deles. Parece mais razoável falar-se em “mudança de hábitos alimentares” que em “dietas para emagrecer”.

A falência das dietas pode ser aferida pelo fato de que nas últimas décadas, período em que elas se espalharam por todas as partes, foi justamente o tempo em que a obesidade3 explodiu, numericamente. Quando uma pessoa consegue mudar seus hábitos alimentares, muda também seu estilo de vida e eles costumam se tornar permanentes. Como mudar hábitos nem sempre é fácil, deve-se procurar formar bons hábitos alimentares desde a infância.

Uma pergunta frequente e difícil de responder é “quantas calorias5 uma pessoa deve ingerir por dia?” Difícil porque depende de vários fatores: clima, peso, altura, idade, nível de atividade física da pessoa, etc. Em média pensa-se que o homem deve ingerir 30 calorias5 por quilo de peso. Assim, um homem de 80 quilos deve ingerir cerca de 2.400 calorias5 por dia.

Há dietas que têm uma base científica séria, formuladas por médicos e nutricionistas, e outras que partem de mitos ou preconceitos populares sem embasamento científico e há inclusive as que são prejudiciais, seja por serem mal balanceadas, seja por serem constituídas de alimentos prejudiciais. Se é verdade que as dietas quase sempre se baseiam em restrições alimentares, o problema é a maneira de fazer isso. O indivíduo pode emagrecer comendo brigadeiros, desde que coma6 apenas seis por dia e nada mais! Deve-se sempre ter em mente que a melhor dieta é aquela prescrita pelo médico ou o nutricionista7, levando em conta a individualidade de cada pessoa e não as tantas outras impessoais que andam por aí, como a dieta da lua, dieta da sopa, dieta do abacaxi, etc. Só assim é possível que uma dieta possa se transformar em novo hábito alimentar, porque ela pode associar o que indivíduo gosta de comer a uma maneira adequada de fazê-lo. Mais nocivos ainda são os remédios para emagrecer tomados sem orientação médica, que além de efeitos colaterais8 severos podem inclusive levar à morte pessoas que tenham doenças concomitantes.

Efeitos colaterais8 das dietas para emagrecer

O emagrecimento, sobretudo se muito rápido, traz efeitos colaterais8 às vezes graves:

  • "Efeito sanfona", porque ao emagrecer muito rapidamente, o corpo tem a tendência a ganhar peso novamente.
  • Sintomas9 psiquiátricos de ansiedade e depressão, devido à falta de nutrientes que diminuem a produção de neurotransmissores.
  • Aumento considerável da fome, porque o organismo diminui a produção de leptina10, hormônio11 que indica saciedade ao cérebro12.
  • Alterações na elasticidade13 da pele14, com o aparecimento de estrias e rugas.
  • Sintomas9 como prisão de ventre, dores de cabeça15 e cansaço, entre outros.
  • Ocorrência frequente de cálculos biliares.
  • Diminuição da massa muscular.
  • Diminuição da resistência às infecções16.
  • A perda de peso, se exagerada, pode provocar arritmias17 cardíacas.

As dietas acompanhadas de medicações para emagrecer têm de contar ainda com os efeitos colaterais8 dessas medicações.

ABCMED, 2013. O perigo das dietas para emagrecer. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/vida-saudavel/500124/o-perigo-das-dietas-para-emagrecer.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Mão: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
2 Sedentarismo: Qualidade de quem ou do que é sedentário, ou de quem tem vida e/ou hábitos sedentários. Sedentário é aquele que se exercita pouco, que não se movimenta muito.
3 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
4 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
5 Calorias: Dizemos que um alimento tem “x“ calorias, para nos referirmos à quantidade de energia que ele pode fornecer ao organismo, ou seja, à energia que será utilizada para o corpo realizar suas funções de respiração, digestão, prática de atividades físicas, etc.
6 Coma: 1. Alteração do estado normal de consciência caracterizado pela falta de abertura ocular e diminuição ou ausência de resposta a estímulos externos. Pode ser reversível ou evoluir para a morte. 2. Presente do subjuntivo ou imperativo do verbo “comer.“
7 Nutricionista: Especialista em nutricionismo, ou seja, especialista no estudo das necessidades alimentares dos seres humanos e animais, e dos problemas relativos à nutrição.
8 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
9 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
10 Leptina: Proteína secretada por adipócitos que age no sistema nervoso central promovendo menor ingestão alimentar e incrementando o metabolismo energético, além de afetar o eixo hipotalâmico-hipofisário e regular mecanismos neuroendócrinos. Do grego leptos = magro.
11 Hormônio: Substância química produzida por uma parte do corpo e liberada no sangue para desencadear ou regular funções particulares do organismo. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que diz a outras células quando usar a glicose para energia. Hormônios sintéticos, usados como medicamentos, podem ser semelhantes ou diferentes daqueles produzidos pelo organismo.
12 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
13 Elasticidade: 1. Propriedade de um corpo sofrer deformação, quando submetido à tração, e retornar parcial ou totalmente à forma original. 2. Flexibilidade, agilidade física. 3. Ausência de senso moral.
14 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
15 Cabeça:
16 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
17 Arritmias: Arritmia cardíaca é o nome dado a diversas perturbações que alteram a frequência ou o ritmo dos batimentos cardíacos.
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