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Síncope vasovagal: como ela é?

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O que é síncope1?

Síncope1, ou desmaio, é uma perda transitória da consciência e da força muscular, associada à incapacidade de manter-se de pé, caracterizada por um início brusco e de curta duração, com recuperação espontânea. Os termos populares "desmaio" ou "desfalecimento" são sinônimos muito utilizados do termo médico “síncope”. A síncope1 não é uma doença em si, mas sim um sintoma2 que pode ocorrer em diversas condições patológicas.

O que é síncope1 vasovagal?

A síncope1 vasovagal ou síndrome3 vasovagal, também chamada de síncope1 neuro-mediada ou síncope1 neurocardiogênica, pode ser considerada de duas formas:

  1. Episódios isolados de perda de consciência, não anunciados por quaisquer sintomas4 de alerta.
  2. Síncope1 recorrente com sintomas4 complexos associados.

Quais são as causas da síndrome3 vasovagal?

A síndrome3 vasovagal pode ser precipitada pelo jejum, exercício, esforço abdominal ou circunstâncias que promovem vasodilatação, como o calor e o álcool, por exemplo. Os ambientes fechados e de aglomeração de pessoas, como elevadores, igreja e salão de beleza tendem a desencadear a síndrome3. A síncope1 vasovagal quase sempre ocorre em resposta a um fator desencadeador. Os gatilhos mais típicos são o tempo prolongado em pé ou sentado, durante a micção5; levantar-se muito rapidamente; procedimentos médicos como uma biópsia6; estresse; trauma; taquicardia7 ortostática; estímulos dolorosos ou desagradáveis, como cólicas8 menstruais intensas, por exemplo; hipersensibilidade à dor; atividades excitantes ou estimulantes; emoções extremas e súbitas; privação de sono; desidratação9; estado de fome; exposição a altas temperaturas; compressão em certos lugares do corpo, como na garganta10, seios11 e olhos12; uso de certos fármacos e substâncias tóxicas como cocaína, álcool, maconha, inalantes e opiáceos; ver sangue13 e baixa taxa de açúcar14 no sangue13.

Qual é a fisiopatologia15 da síndrome3 vasovagal?

A síndrome3 vasovagal está relacionada à ativação inapropriada do nervo vago, que faz parte do sistema nervoso16 parassimpático. Normalmente, o volume de sangue13 circulante é relativamente baixo, se a pessoa, por exemplo, tem uma dieta com pouco sal ou tem uma tendência a não retenção de sal, o que facilita os ataques.

A vasodilatação promovida pelo calor agrava ainda mais esse efeito. Há também uma etapa adrenérgica: se há medos ou ansiedade agudos ou fobias17, o coração18 é demandado a bombardear mais sangue13. Esta resposta é colocada em movimento por meio do sistema nervoso16 simpático19. A elevada atividade simpática é modulada pelo nervo vago, que nestes casos compensa com a desaceleração excessiva da frequência cardíaca. Se mesmo assim o coração18 for incapaz de cumprir o requisito do bombeamento necessário, haverá um baixo volume de sangue13, com diminuição do aporte para o cérebro20 e desmaio consequente.

Quais são as principais características clínicas da síndrome3 vasovagal?

A síndrome3 vasovagal pode ocorrer em qualquer faixa etária, no entanto, é mais comum em jovens entre 10 e 30 anos. Os episódios em geral são recorrentes e invariavelmente ocorrem quando a pessoa está na posição vertical. Quase sempre ocorrem quando a pessoa predisposta é exposta a um gatilho específico. Antes de perder a consciência, o indivíduo experimenta tonturas21, náuseas22, a sensação de estar quente ou frio, sudorese23, zumbido, sensação desconfortável no coração18, pensamentos difusos, confusão, uma ligeira incapacidade de falar, fraqueza, distúrbios visuais e sentimento de nervosismo. Esses sintomas4 duram por alguns segundos e normalmente acontecem quando a pessoa está sentada ou em pé. Quando caem no chão ou se deitam, o fluxo sanguíneo para o cérebro20 é imediatamente restaurado e as pessoas se recuperam rapidamente (menos que cinco minutos), habitualmente sem sonolência ou confusão mental.

Como o médico diagnostica a síndrome3 vasovagal?

Uma história médica detalhada é essencial. Os exames médicos realizados para uma avaliação precisa podem ser teste de inclinação ortostática, eletrocardiograma24, monitor Holter25, ecocardiograma26 e eletroencefalografia27. Um diagnóstico28 diferencial deve ser feito com outras condições médicas que também produzem desmaios. Por exemplo, uma duração da perda da consciência maior que cinco minutos e um despertar confuso e desorientado podem sugerir o diagnóstico28 de epilepsia29. Desmaios também podem estar associados a problemas mais graves, como arritmias30 cardíacas e crises convulsivas.

Como o médico trata a síndrome3 vasovagal?

Não existe um tratamento específico para a síndrome3 vasovagal. Geralmente os cuidados são comportamentais e centram-se no controle dos gatilhos e na restauração do fluxo sanguíneo para o cérebro20 durante um episódio iminente e medidas que interrompam ou impeçam o mecanismo fisiopatológico que leva aos desmaios.

Se o gatilho é mental ou emocional, como, por exemplo, a visão31 de sangue13, exercícios baseados em exposição progressiva, orientados por terapeutas experientes, apresentam uma grande redução das síncopes32. No entanto, se o gatilho é um medicamento específico33, a supressão dele é o tratamento recomendado.

O paciente pode mover ou cruzar as pernas ou contrair os músculos34 delas para evitar que a pressão arterial35 caia drasticamente. Antes dos eventos conhecidos que normalmente desencadeiam o episódio o paciente deve aumentar o consumo de sal e líquidos para aumentar o volume de sangue13. Alguns medicamentos têm sido prescritos, como betabloqueadores e estimulantes do sistema nervoso central36, no entanto, eles têm-se mostrado de pouca eficácia. Além disso, eles podem até mesmo se tornar causas de novas síncopes32 por redução da pressão arterial35 e da frequência cardíaca. Para pessoas com a síncope1 vasovagal em que há um componente cardioinibitório, o implante37 de marcapasso38 permanente pode ser benéfico ou mesmo curativo.

Como evolui a síndrome3 vasovagal?

No geral, as pessoas com síndrome3 vasovagal têm uma vida normal, mas se não forem tomados os devidos cuidados, aumentam-se os riscos de fraturas decorrentes das quedas por desmaio e a sensação de insegurança.

Como prevenir os episódios da síndrome3 vasovagal?

Os pacientes devem ser instruídos sobre como reagir a novos episódios de síncope1, especialmente se eles experimentam sinais39 que antecedem as crises. Algumas orientações básicas são:

  • Deitar e levantar as pernas, para restabelecer o fluxo sanguíneo para o cérebro20.
  • Não ficar em pé por períodos longos.
  • Beber bastante água.
  • Evitar bebidas desidratantes, como bebidas alcoólicas.
  • Evitar ambientes quentes e fechados.
  • Movimentar as pernas e panturrilhas40 enquanto estiver em pé.
  • Deitar-se com as pernas elevadas, se sentir que vai desmaiar.

Quais são as complicações da síncope1 vasovagal?

Uma das complicações possíveis são os ferimentos e fraturas devidos a quedas abruptas. Essas quedas devem ser prevenidas quando há sintomas4 prodrômicos41 que antecedem os desmaios.

ABCMED, 2016. Síncope vasovagal: como ela é?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/816089/sincope-vasovagal-como-ela-e.htm>. Acesso em: 24 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Síncope: Perda breve e repentina da consciência, geralmente com rápida recuperação. Comum em pessoas idosas. Suas causas são múltiplas: doença cerebrovascular, convulsões, arritmias, doença cardíaca, embolia pulmonar, hipertensão pulmonar, hipoglicemia, intoxicações, hipotensão postural, síncope situacional ou vasopressora, infecções, causas psicogênicas e desconhecidas.
2 Sintoma: Qualquer alteração da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. O sintoma é a queixa relatada pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
3 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
4 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
5 Micção: Emissão natural de urina por esvaziamento da bexiga.
6 Biópsia: 1. Retirada de material celular ou de um fragmento de tecido de um ser vivo para determinação de um diagnóstico. 2. Exame histológico e histoquímico. 3. Por metonímia, é o próprio material retirado para exame.
7 Taquicardia: Aumento da frequência cardíaca. Pode ser devido a causas fisiológicas (durante o exercício físico ou gravidez) ou por diversas doenças como sepse, hipertireoidismo e anemia. Pode ser assintomática ou provocar palpitações.
8 Cólicas: Dor aguda, produzida pela dilatação ou contração de uma víscera oca (intestino, vesícula biliar, ureter, etc.). Pode ser de início súbito, com exacerbações e períodos de melhora parcial ou total, nos quais o paciente pode estar sentindo-se bem ou apresentar dor leve.
9 Desidratação: Perda de líquidos do organismo pelo aumento importante da freqüência urinária, sudorese excessiva, diarréia ou vômito.
10 Garganta: Tubo fibromuscular em forma de funil, que leva os alimentos ao ESÔFAGO e o ar à LARINGE e PULMÕES. Situa-se posteriormente à CAVIDADE NASAL, à CAVIDADE ORAL e à LARINGE, extendendo-se da BASE DO CRÂNIO à borda inferior da CARTILAGEM CRICÓIDE (anteriormente) e à borda inferior da vértebra C6 (posteriormente). É dividida em NASOFARINGE, OROFARINGE e HIPOFARINGE (laringofaringe).
11 Seios: Em humanos, uma das regiões pareadas na porção anterior do TÓRAX. As mamas consistem das GLÂNDULAS MAMÁRIAS, PELE, MÚSCULOS, TECIDO ADIPOSO e os TECIDOS CONJUNTIVOS.
12 Olhos:
13 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
14 Açúcar: 1. Classe de carboidratos com sabor adocicado, incluindo glicose, frutose e sacarose. 2. Termo usado para se referir à glicemia sangüínea.
15 Fisiopatologia: Estudo do conjunto de alterações fisiológicas que acontecem no organismo e estão associadas a uma doença.
16 Sistema nervoso: O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal e a porção periférica está constituída pelos nervos cranianos e espinhais, pelos gânglios e pelas terminações nervosas.
17 Fobias: Medo exagerado, falta de tolerância, aversão.
18 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
19 Simpático: 1. Relativo à simpatia. 2. Que agrada aos sentidos; aprazível, atraente. 3. Em fisiologia, diz-se da parte do sistema nervoso vegetativo que põe o corpo em estado de alerta e o prepara para a ação.
20 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
21 Tonturas: O indivíduo tem a sensação de desequilíbrio, de instabilidade, de pisar no vazio, de que vai cair.
22 Náuseas: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc .
23 Sudorese: Suor excessivo
24 Eletrocardiograma: Registro da atividade elétrica produzida pelo coração através da captação e amplificação dos pequenos potenciais gerados por este durante o ciclo cardíaco.
25 Holter: Dispositivo portátil, projetado para registrar de forma contínua, diferentes variáveis fisiológicas ou atividade elétrica durante um período pré-estabelecido de tempo. Os mais utilizados são o Holter eletrocardiográfico e o Holter de pressão.
26 Ecocardiograma: Método diagnóstico não invasivo que permite visualizar a morfologia e o funcionamento cardíaco, através da emissão e captação de ultra-sons.
27 Eletroencefalografia: Registro da atividade elétrica cerebral mediante a utilização de eletrodos cutâneos que recebem e amplificam os potenciais gerados em cada região encefálica.
28 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
29 Epilepsia: Alteração temporária e reversível do funcionamento cerebral, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Quando restritos, a crise será chamada crise epiléptica parcial; quando envolverem os dois hemisférios cerebrais, será uma crise epiléptica generalizada. O paciente pode ter distorções de percepção, movimentos descontrolados de uma parte do corpo, medo repentino, desconforto no estômago, ver ou ouvir de maneira diferente e até perder a consciência - neste caso é chamada de crise complexa. Depois do episódio, enquanto se recupera, a pessoa pode sentir-se confusa e ter déficits de memória. Existem outros tipos de crises epilépticas.
30 Arritmias: Arritmia cardíaca é o nome dado a diversas perturbações que alteram a frequência ou o ritmo dos batimentos cardíacos.
31 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
32 Síncopes: Perda breve e repentina da consciência, geralmente com rápida recuperação. Comum em pessoas idosas. Suas causas são múltiplas: doença cerebrovascular, convulsões, arritmias, doença cardíaca, embolia pulmonar, hipertensão pulmonar, hipoglicemia, intoxicações, hipotensão postural, síncope situacional ou vasopressora, infecções, causas psicogênicas e desconhecidas.
33 Medicamento específico: O termo aplica-se a produtos farmacêuticos, tecnicamente obtidos ou elaborados, com finalidade profilática, curativa ou paliativa não enquadrados nas categorias de medicamento novo, genérico, similar, biológico, fitoterápico ou notificado e cuja(s) substância(s) ativa(s), independente da natureza ou origem, não é(são) passível(is) de ensaio de bioequivalência, frente a um produto comparador.
34 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
35 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
36 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
37 Implante: 1. Em cirurgia e odontologia é o material retirado do próprio indivíduo, de outrem ou artificialmente elaborado que é inserido ou enxertado em uma estrutura orgânica, de modo a fazer parte integrante dela. 2. Na medicina, é qualquer material natural ou artificial inserido ou enxertado no organismo. 3. Em patologia, é uma célula ou fragmento de tecido, especialmente de tumores, que migra para outro local do organismo, com subsequente crescimento.
38 Marcapasso: Dispositivo eletrônico utilizado para proporcionar um estímulo elétrico periódico para excitar o músculo cardíaco em algumas arritmias do coração. Em geral são implantados sob a pele do tórax.
39 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
40 Panturrilhas: 1. Proeminência muscular, situada na face posterossuperior da perna, formada especialmente pelos músculos gastrocnêmio e sóleo; sura, barriga da perna. 2. Por extensão de sentido, enchimento usado por baixo das meias, para melhorar a aparência das pernas.
41 Prodrômicos: Relativos aos pródromos, ou seja, aos sinais e sintomas iniciais de uma doença.
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