BCG: o que é? Como é aplicada? Ela protege contra quais formas de tuberculose? Quem deve e quem não deve tomar? Como evolui a ferida no local da aplicação da vacina?
O que é BCG1?
A BCG1 é uma vacina2 contra as formas graves de tuberculose3 que pode ser também usada como quimioterapia4 local no câncer5 de bexiga6 e em certas formas de lepra7, por exemplo. A vacina2 conhecida como BCG1 é composta pelo Bacilo8 de Calmette & Guérin (donde a sigla BCG1), obtido pela atenuação da bactéria9 viva Mycobacterium bovis, a qual transmite a tuberculose3 bovina, mas que perdeu sua virulência10 em humanos. Ela substitui a infecção11 selvagem pelo bacilo8 de Koch, que é grave, por uma infecção11 inofensiva, deixando igual imunidade12, sem causar a doença. O nome da vacina2 é uma homenagem a Albert Calmette e Camille Guérin, respectivamente um médico e um veterinário franceses, os dois cientistas que a desenvolveram em 1908. No Brasil, a vacina2 foi introduzida nos programas de saúde13 pública em 1967 e se tornou obrigatória, devendo ser aplicada o quanto antes, preferencialmente ainda no berçário. Ela tem boa eficácia na redução das formas graves da doença, mas a sua efetividade na redução dos casos simples não é a ideal.
Como deve ser aplicada a vacina2 BCG1?
Um teste dérmico da tuberculina deve ser feito antes da vacina2, menos em neonatos14, para apurar a sensibilidade à mesma. Se o teste for positivo, a vacina2 deve ser evitada. A vacina2 é aplicada em dose única, normalmente no recém-nascido ou após o primeiro mês de vida, o mais cedo possível. Ela deve ser aplicada rigorosamente por via intradérmica, na parte proximal15 do braço direito, próxima à inserção do músculo deltoide16, local onde ela é mais bem aceita e onde a cicatriz17 permanente pode ficar encoberta pelas mangas curtas das blusas. A aplicação acidental subcutânea18 pode implicar em sérias complicações. Deve aplicar-se 0,1cm³ da vacina2 com uma agulha fina entre a epiderme19 e a derme20. As nádegas21 podem também ser uma alternativa. Isso causa apenas um leve ardor22 momentâneo e somente semanas depois começa a reação à BCG1, constante de inflamação23 local e eventual produção de secreção. Essa ferida é esperada e necessária para conferir validade à vacina2. Geralmente, não há dor no local da picada.
Quem deve tomar a vacina2 BCG1?
A vacinação deve ser universalmente aplicada em todas as crianças recém-nascidas ou, se isso não for possível, logo após o primeiro mês de vida. Ela pode ser administrada inclusive a crianças com sorologia positiva para o HIV24 que não apresentam sintomas25 ou a filhos de mulheres soropositivas assintomáticas. Nas áreas de alta prevalência26 da tuberculose3, deve-se também vacinar as crianças de seis a sete anos de idade, por ocasião da ida à escola, se elas não tiverem registro de um esquema vacinal completo contra a tuberculose3.
Quem não deve tomar a vacina2 BCG1?
A vacina2 não deve ser aplicada a pessoas com sorologia positiva para HIV24 que apresentem sintomas25 da doença, a crianças recém-nascidas com peso inferior a 2000 gramas, na presença de manifestações anômalas da pele27, hipersensibilidade conhecida aos componentes de qualquer vacina2 e reação anafilática28 após tomar uma dose dessa vacina2. A vacina2 também não deve ser dada a pessoas com teste dérmico positivo. Quando a vacina2 for feita com bactéria9 atenuada ou vírus29 vivo ela não deve ser dada a pessoa com imunodeficiência30, neoplasia31 maligna e tratamento massivo com corticoides.
Qual é a eficácia da vacina2 BCG1?
A eficácia da vacina2 é reportada diferentemente em diversas pesquisas. Pesquisas realizadas no Reino Unido apontam uma eficácia entre 60% e 80%, mas esse número é menor em outros lugares. Da mesma forma, é variável a estimativa da duração da proteção, ficando, na maioria dos casos entre 15 e 20 anos, embora já tenham sido constatadas imunidades mesmo 60 anos depois da vacina2. Essas variações talvez se devam à potência da vacina2 empregada, a variações genéticas das populações ou à interferência de outras bactérias. A BCG1 é bastante eficaz contra a meningite32 tuberculosa em crianças e contra a tuberculose3 disseminada, mas de eficácia muito variável na tuberculose3 pulmonar.
Como evolui a aplicação da vacina2 BCG1?
Logo em seguida à aplicação da vacina2 forma-se um nódulo33 local que evolui para pústula34. Depois, forma-se uma crosta e uma ulceração35, com duração habitual de seis a dez semanas. De tudo isso resulta uma pequena cicatriz17 característica no local da injeção36, quase sempre no braço direito.
Quais são as complicações possíveis da BCG1?
De modo geral, não ocorrem complicações com a vacinação pela BCG1. Algumas pessoas (geralmente crianças) podem apresentar reação mais intensa que o comum, com uma ferida purulenta37 e crescimento ganglionar nas axilas. Nesses casos, muito pouco frequentes, pode ser necessário tomar antibióticos dirigidos ao bacilo8 vacinal. Também pode haver uma infecção11 secundária no local da aplicação que exija intervenção médica. Bebês38 com deficiência da imunidade12 celular podem apresentar uma grave infecção11 pelo bacilo8 da vacina2 e precisam ser tratados imediatamente.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.