Úlcera Péptica. Conheça a doença, ajude a preveni-la.
Sinônimos:
Úlcera gástrica1
Úlcera duodenal2
Ferida no estômago3
O que é úlcera péptica4?
Úlcera5 é o termo usado para designar lesões6 abertas com perda de tecido7. A úlcera péptica4 é uma lesão8 (ferida) que ocorre na mucosa9 do trato gastrointestinal, principalmente no estômago3 e no duodeno10 (porção inicial do intestino). Acredita-se que até 10% da população apresentará uma úlcera péptica4 em algum momento da vida.
Como a úlcera gástrica1 aparece?
Ela surge quando há um desequilíbrio entre os fatores agressores e os protetores da mucosa9 gastroduodenal.
O estômago3 produz ácido clorídrico11 e outras substâncias para fazer a digestão12 dos alimentos, mas essas mesmas substâncias podem ser as responsáveis por iniciar o processo de lesão8 à mucosa9 quando não existe a predominância dos mecanismos de proteção. O muco produzido pelas células13 do estômago3, a secreção de bicarbonato (que neutraliza o ácido) e a descamação14 constante da mucosa9 gástrica são alguns dos fatores de proteção. Estes mecanismos protetores são controlados pela produção de prostaglandinas15.
O uso de alguns medicamentos, como os anti-inflamatórios, inibe a produção das prostaglandinas15, comprometendo a proteção do estômago3 e do duodeno10. A infecção16 por uma bactéria17, conhecida como Helicobacter pylori, é uma das principais causas de úlcera5.
Mais de 90% das úlceras18 do duodeno10 e cerca de 70% das úlceras18 do estômago3 estão associadas ao Helicobacter pylori.
Os anti-inflamatórios não hormonais (AINHs) estão associados a menos de 5% das úlceras18 do duodeno10 e a cerca de 30% das úlceras18 do estômago3. Menos de 1% das úlceras18 pépticas estão relacionadas a causas raras como a síndrome19 de Zolliger-Ellison, a doença de Crohn20 e a tuberculose21, ou têm causa desconhecida.
Não existe comprovação científica de que alimentos como café, refrigerantes, leite, álcool e condimentos favoreçam o desenvolvimento de úlcera péptica4. Da mesma forma, o fator psicológico, que acredita-se estar envolvido, também não foi confirmado.
Quais são os fatores de risco?
- Uso de aspirina (ácido acetilsalicíclico) e AINHs
- Infecção16 pelo Helicobacter pylori
- Gastrite22 crônica
- Fumo
- Aumento da idade
- Ventilação23 mecânica (uso de aparelho para respirar artificialmente, por exemplo os usados por pacientes em estado grave em unidades de terapia intensiva24)
- História familiar de úlcera péptica4
O que sente uma pessoa com úlcera péptica4?
Uma úlcera5 pode ser assintomática ou apresentar como sintoma25 principal uma dor abdominal em queimação, principalmente na região central superior do abdome26 ("boca27 do estômago3"). Esta dor pode:
- Acordar a pessoa durante a noite
- Ser aliviada com anti-ácidos ou alimentos não irritantes ao estômago3
- Ser mais intensa se a pessoa está de estômago3 vazio
Ela é pior antes das refeições e algumas horas (2 ou 3) após a alimentação.
Outros sintomas28 que podem estar presentes são:
- Azia29
- Náuseas30
- Indigestão
- Vômitos31. Caso uma pessoa com úlcera5 apresente vômitos31 com sangue32, ela deve procurar assistência médica imediata, pois isso pode ser um sinal33 de sangramento da úlcera5.
- Perda de peso não intencional
- Fadiga34
Como é feito o diagnóstico35 da úlcera5 do estômago3?
Um clínico geral ou um gastroenterologista, deve revisar os sintomas28, perguntar sobre o seu histórico de saúde36 e sobre alguns dados de doenças gastrointestinais na sua família, além de fazer um exame físico. Provavelmente deve ser solicitada uma endoscopia37 digestiva alta com biópsia38.
A endoscopia37 usa um tubo flexível (endoscópio) inserido através da boca27 que vai até o estômago3 e permite a visualização da úlcera5. Durante o exame pode ser feita uma biópsia38, que retira um pedaço de tecido7 durante a endoscopia37 e manda este material para um laboratório para ser examinado. Verifica-se se existem células13 cancerosas ou se há uma infecção16 por Helicobacter pylori.
Outro exame que pode ser realizado é uma radiografia contrastada do tudo digestivo.
Como é o tratamento da úlcera gástrica1?
Os objetivos do tratamento são o alívio da dor, a cicatrização da úlcera5 e a prevenção das complicações. O tratamento também pode evitar a recorrência39 da doença.
Para pessoas com infecção16 pelo Helicobacter pylori, o tratamento geralmente inclui dois antibióticos por 7 a 10 dias (os mais usados são a claritromicina e a amoxicilina). Muitas vezes o antibiótico é associado a um bloqueador H2 ou a um inibidor da bomba de prótons como o omeprazol, o lansoprazol ou o pantoprazol. Estes medicamentos irão suprimir a secreção ácida.
Aqueles que não têm infecção16 por Helicobacter pylori podem receber prescrições de antiácidos40, bloqueador H2 ou inibidores da bomba de prótons. O tratamento geralmente dura de 6 a 8 semanas, mas um tratamento de longo prazo pode ser necessário em alguns casos.
Quando há sangramento da úlcera5, uma endoscopia37 digestiva alta pode controlar o sangramento na maioria das vezes.
Para pessoas que não respondam ao tratamento com medicamentos ou endoscopia37, uma cirurgia pode ser recomendada.
E quanto ao prognóstico41?
A maioria das úlceras18 são curadas com o uso de medicação em 6 a 8 semanas. Elas respondem bem ao tratamento. A recorrência39 é comum, mas é menos provável se a infecção16 pelo Helicobacter pylori é tratada e as medicações que bloqueiam a secreção ácida são usadas de forma continuada.
Você pode ajudar a reduzir a chance de recorrência39 usando todas as medicações que seu médico prescrever de maneira correta.
Existem complicações da úlcera gástrica1?
As possíveis complicações são:
- Sangramento: hemorragia42 que pode manifestar-se por vômitos31 com sangue32 ou sangue32 nas fezes
- Perfuração no estômago3: buraco no estômago3 causado pela úlcera5
- Obstrução: cicatrização da úlcera5 que pode impedir a passagem de alimentos
- Malignização: a úlcera5 no duodeno10 apresenta uma incidência43 muito pequena de malignidade. No entanto, 5% das úlceras18 no estômago3 com aparência benigna revelaram-se maligna. Cerca de 2-3% das úlceras18 gástricas podem originar um câncer44 de estômago3, por isso devem ser corretamente tratadas e acompanhadas.
Essas complicações podem ser tratadas com medicação, endoscopia37 ou (em raros casos) com cirurgia.
O que fazer para prevenir uma úlcera5 de estômago3?
- Caso você apresente fatores de risco para desenvolver úlcera5 no estômago3, tenha cuidado ao usar aspirina (ácido acetilsalicílico) ou AINHs. Pergunte ao seu médico se você precisa evitar medicamentos que agridam o estômago3.
- Todas as vezes que for necessário usar AINHs, tome-os após a ingestão de algum alimento para evitar a irritação no estômago3. Pergunte ao médico se você pode substitui-los por acetaminofeno ou paracetamol.
- Evite o fumo e o álcool. O fumo dificulta o tratamento da gastrite22 e a cicatrização da úlcera5. E o álcool estimula a secreção de ácidos.
Pode ser importante fazer outras modificações no seu estilo de vida:
- Ter uma dieta equilibrada fazendo 4 a 6 refeições ao dia com intervalos regulares, seguindo os alimentos orientados por seu médico.
- Evite café, refrigerante, comidas ácidas como frutas cítricas, alimentos condimentados, frituras ou bebidas alcóolicas, pois eles podem agredir a mucosa9 do estômago3.
- Prefira alimentos com pouco açúcar45, pois doces aumentam a secreção ácida.
- Alimentos e líquidos muito quentes irritam toda a mucosa9 do sistema digestivo46. Antes de comer, espere que eles esfriem um pouco.
- Coma47 devagar e mastigue bem os alimentos. A digestão12 começa na boca27. Assim você estará ajudando o estômago3 a fazer o seu trabalho.
- Procure ter boas noites de sono.
- Exercite-se como recomendado por seu médico.
- Caso você continue tendo sintomas28 ou eles comecem a incomodar mais, fale com um médico.
Fontes:
National Institutes of Health – United States National Library of Medicine
University of Michigan Health System
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.