Abscesso cerebral
O que é abscesso1 cerebral?
Abscesso1 cerebral é uma coleção purulenta2 encapsulada que se forma no interior do parênquima3 cerebral. Ele pode ser único ou se distribuir em vários focos numa determinada região ou disseminar-se por todo o cérebro4.
Quais são as causas do abscesso1 cerebral?
Em um número substancial de casos, a causa do abscesso1 cerebral permanece desconhecida. A maioria deles, no entanto, é causada por bactérias comuns, aeróbias e anaeróbias, mas há também as menos comuns, que afetam, sobretudo, pacientes imunodeprimidos. Os principais fatores predisponentes de abscessos5 cerebrais incluem focos contíguos de infecção6, disseminação infecciosa hematogênica7 a partir de um local distante, procedimento neurocirúrgico recente e trauma penetrante na cabeça8.
Outras causas menos comuns de abscesso1 cerebral podem ser micoses endêmicas, Entamoeba histolytica e neurocisticercose9 por Taenia solium. A tuberculose10 também pode infectar o sistema nervoso central11, mas um verdadeiro abscesso1 tuberculoso é uma manifestação muito rara.
Qual é a fisiopatologia12 do abscesso1 cerebral?
A percentagem de casos de abscesso1 cerebral em que nenhum foco primário da infecção6 pode ser identificado gira em torno de 10% a mais de 60%. A disseminação direta da infecção6, a partir de um foco contíguo ao sistema nervoso central11 é a via mais comum, como pode ocorrer, por exemplo, nas sinusites, otites13 ou infecções14 dentárias.
Vários mecanismos têm sido propostos para explicar a propagação da infecção6 a partir de um foco contíguo para o cérebro4: por extensão óssea; propagação através de veias15 emissárias; espalhamento através de vasos linfáticos; propagação através do canal auditivo interno ou da cóclea e inoculação16 profunda de agentes patogênicos no cérebro4, tais como pode acontecer nas neurocirurgias.
A propagação da infecção6 a partir de uma fonte distante, através da corrente sanguínea, representa o segundo mecanismo mais comumente identificado. No entanto, na grande maioria das ocasiões em que ocorre uma bacteremia17 sistêmica não acontecem abscessos5 cerebrais, o que faz supor que haja algum outro fator predisponente.
Os abscessos5 cerebrais se desenvolvem em quatro etapas:
- Dá-se a inoculação16 direta de bactérias e uma fase precoce de cerebrite18.
- A área de cerebrite18 se expande e um centro necrótico se desenvolve.
- A terceira fase é caracterizada pelo desenvolvimento de uma cápsula vascularizada.
- Na quarta fase existe alguma destruição de tecido19 saudável do cérebro4 circundante, numa tentativa de circunscrever a infecção6.
Os microrganismos patógenos dos abscessos5 cerebrais podem ser previstos levando-se em conta o foco originário. Quando se trata de focos contíguos, eles geralmente são polimicrobianos; quando são focos distantes, eles geralmente refletem a flora do local de origem. Em casos de inoculação16 cirúrgica ou de trauma penetrante da cabeça8, os patógenos mais prováveis são o Staphylococcus aureus, Staphylococcus coagulase-negativo, Pseudomonas aeruginosa e Enterobacter.
Os abscessos5 cerebrais são mais frequentes em pacientes imunodeprimidos que na população geral.
Quais são as principais manifestações clínicas dos abscessos5 cerebrais?
As principais manifestações clínicas dependem de vários fatores, como o estado imunitário do hospedeiro, o agente patogênico20 envolvido, os locais contíguos ou distantes da infecção6 primitiva, o tamanho do abscesso1 e a localização das lesões21. O sintoma22 mais comum é uma dor de cabeça8 não específica e nem sempre localizada. Os pacientes também podem apresentar sintomas23 de aumento da pressão intracraniana, como náuseas24, vômitos25 e letargia26.
A febre27 nem sempre está inicialmente presente nos pacientes com abscesso1 cerebral. Os déficits neurológicos focais, como hemiparesia28 e afasia29, tampouco existem sempre. Da mesma forma, o edema de papila30 também pode faltar, como acontece em cerca de 75% dos casos. Outras manifestações clínicas incluem crises convulsivas generalizadas e rigidez de nuca, se o abscesso1 é adjacente às meninges31.
Certos sinais32 neurológicos focais podem fornecer uma pista para a localização de um abscesso1 cerebral, no entanto, essas possibilidades não são inteiramente confiáveis e muitas vezes os pacientes não exibem sinais32 de localização.
Como o médico diagnostica o abscesso1 cerebral?
O diagnóstico33 do abscesso1 cerebral constitui-se num desafio em pacientes que se apresentam sem febre27 ou déficits focais. Os exames laboratoriais não ajudam muito. A leucocitose34 pode estar ausente. Reagentes de fase aguda são moderadamente úteis, mas não específicos. O nível de proteína C-reativa pode estar elevado em quase todos os pacientes, mas a taxa de sedimentação pode estar apenas moderadamente elevada e, por vezes, é normal.
As amostras para as culturas de sangue35 devem ser obtidas em todos os casos suspeitos, para avaliar o germe36 patógeno. A punção lombar é muitas vezes contraindicada em pessoas com suspeita de abscesso1 cerebral, tendo em conta os riscos de hérnia37 cerebral, em virtude da pressão intracraniana elevada.
A maioria dos pacientes com abscesso1 cerebral pode ser submetida a uma aspiração guiada por tomografia computadorizada38 ou sofrer uma evacuação aberta do abscesso1. O material assim recolhido deve ser submetido à coloração de Gram e à cultura. As amostras colhidas devem também ser submetidas rotineiramente a testes citológicos e histopatológicos para descartar malignidade.
As neuroimagens, entre outras vantagens, ajudam a estimar a idade do abscesso1, já que uma cerebrite18 inicial gera imagens diferentes, quando comparadas às de um abscesso1 maduro. A tomografia computadorizada38 ou a ressonância magnética39, na fase de cerebrite18, mostrarão apenas edema40. Uma análise de confirmação microbiológica41 do tecido19 cerebral é necessária para estabelecer um diagnóstico33 etiológico42, na grande maioria dos casos.
Como o médico trata o abscesso1 cerebral?
É possível drenar o abscesso1 cerebral e combinar com isso um tratamento medicamentoso. Os abscessos5 cerebrais usualmente são tratados com altas doses de terapia antibiótica por via intravenosa. Nos casos em que a drenagem43 é impossível ou em pacientes com lesões21 pequenas não encapsuladas, o tratamento fica restrito aos medicamentos.
Por se tratar de uma infecção6 em que vários agentes podem estar envolvidos e, portanto, várias medicações devam ser utilizadas, é importante a hospitalização do paciente, para controle da evolução das condições clínicas com exames complementares seriados de tomografia computadorizada ou ressonância magnética39 do crânio44. O quanto possível, a cirurgia de drenagem43 deve ser evitada, mas se a pressão no interior do cérebro4 aumentar muito ela pode ser necessária para drenar o pus45 e evitar maiores complicações.
Como evolui o abscesso1 cerebral?
Os abscessos5 cerebrais são condições graves, mas não necessariamente fatais. A evolução deles depende muito dos agentes patogênicos causadores. Com o advento das modernas técnicas neurocirúrgicas, a taxa de mortalidade46 por abscessos5 cerebrais tem caído significativamente. Nos casos em que o tratamento teve início antes que o paciente entre em coma47, a taxa de mortalidade46 é de apenas 5 a 10% dos casos.
Quais são as complicações possíveis do abscesso1 cerebral?
Uma exceção a isso é a ruptura de um abscesso1 cerebral pré-existente em um ventrículo adjacente, que se manifesta como uma doença aguda mais sugestiva de meningite48.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.