Gostou do artigo? Compartilhe!

Uretrites gonocócicas e não gonocócicas: o que é preciso saber?

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que são uretrites?

Uretrites são inflamações1 da uretra2, quase sempre de natureza infecciosa. A uretra2 é o canal que conduz a urina3 da bexiga4 até o meato urinário e daí para fora do corpo. Clinicamente, há dois tipos de uretrites infecciosas: as gonocócicas, também chamadas gonorreia5 ou blenorragia6, e as não gonocócicas. Além das formas infecciosas, há também outras causas de uretrite7.

Quais são as causas das uretrites?

As uretrites podem ter causas infecciosas, tanto bacterianas quanto virais, químicas e traumáticas. As uretrites bacterianas mais comuns são causadas pelas bactérias Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrheae e Escherichia coli. A uretrite7 causada pela bactéria8 clamídia é a doença sexualmente transmissível mais incidente9 no mundo todo e de maior prevalência10 mundial. A grande maioria das uretrites é contraída por meio de infecções11 decorrentes de exposição sexual desprotegida.

As uretrites também podem ter causas traumáticas por cirurgias, sondas ou corpo estranho, serem devidas à presença de vírus12, estarem associadas a neoplasias13 ou ao condiloma14 intrauretral e decorrentes de causas químicas como, por exemplo, o uso de espermicidas.

Qual é a fisiopatologia15 das uretrites?

A Neisseria gonorrheae é uma bactéria8 que se desenvolve fora das células16 e também em órgãos como a faringe17 e o canal do ânus18. O tempo que decorre entre a contaminação e os sintomas19 é pequeno (um dia ou pouco mais) e os sintomas19 são muito exuberantes. A Chlamydia trachomatis, por seu turno, só se desenvolve e multiplica no interior das células16, das quais extrai sua energia. Ambas, contudo, têm grande poder infectante.

Quais são os principais sinais20 e sintomas19 das uretrites?

O tempo que decorre entre o contágio21 e o aparecimento dos sintomas19 (período de incubação22) é menor com a infecção23 por Neisseria, às vezes de apenas um dia, do que com a infecção23 por Chlamydia, que dura de dez a quinze dias. Nos homens, as uretrites podem causar a presença de sangue24 na urina3 e/ou no sêmen25, febre26 (raramente), micção27 frequente e urgente, coceira, sensibilidade ou inchaço28 do pênis29 e dor na relação sexual ou durante a ejaculação30. Nas mulheres, elas podem causar dor abdominal, queimação ao urinar, febre26 e calafrios31, micção27 frequente e urgente, dor pélvica32 e secreção vaginal.

A infecção23 causada pela bactéria8 Neisseria gonorrheae pode desenvolver-se na faringe17 e no canal do ânus18, em casos de sexo oral ou anal. A infecção23 por Chlamydia trachomatis pode ser silenciosa ou apresentar sintomas19 discretos, retardando os tratamentos, o que faz com que ela se espalhe mais abundantemente.

Como o médico diagnostica as uretrites?

O diagnóstico33 das uretrites é feito a partir da apuração dos sintomas19, do exame físico e do histórico clínico. Alguns testes podem confirmar ou não o diagnóstico33, como exames de urina3 e análise de uma amostra da secreção retirada da uretra2. A detecção da Chlamydia trachomatis só é feita em raspados da uretra2 e do colo do útero34. Exames de sangue24 não são necessários para o diagnóstico33 de uretrite7, mas podem ser feitos para eliminar outras possíveis causas dos sintomas19.

Como o médico trata as uretrites?

O tratamento da uretrite7 depende da sua causa. No caso de infecção23 bacteriana, o médico deve prescrever antibióticos e, no caso de infecção23 viral, o uso recomendado será de medicamentos antivirais.

Como prevenir as uretrites?

Para prevenir repetições e, principalmente, para garantir que seu(sua) parceiro(a) sexual também não sofra a infecção23, é importante que ele ou ela também realizem os exames, mesmo que não haja sintomas19. E, se necessário, façam o tratamento em conjunto com o parceiro(a). Além de usarem preservativos em todas as relações sexuais.

Pessoas com uretrite7 devem evitar manter relações sexuais até que sua infecção23 seja tratada ou, pelo menos, usarem preservativos.

Como evoluem as uretrites?

Corretamente tratada, a uretrite7 desaparece sem nenhuma complicação. Contudo, a infecção23 pode deixar uma cicatriz35 permanente na uretra2, como o seu estreitamento, tanto em homens como em mulheres, o que pode exigir tratamento posterior. Os sintomas19 da uretrite7 gonocócica geralmente são exuberantes e agressivos, o que leva a um tratamento mais precoce. Já a infecção23 pela clamídia pode ser silenciosa, o que aumenta a possibilidade de transmissão da doença.

Quais são as complicações das uretrites?

Os homens com uretrite7 podem desenvolver infecção23 das estruturas vizinhas, bexiga4, epidídimo36, testículos37 e próstata38. Já as mulheres, podem acabar desenvolvendo infecções11 na bexiga4, colo do útero34 e inflamação39 pélvica32. Após uma infecção23 grave, a uretra2 pode sofrer um estreitamento.

ABCMED, 2015. Uretrites gonocócicas e não gonocócicas: o que é preciso saber?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/808324/uretrites-gonococicas-e-nao-gonococicas-o-que-e-preciso-saber.htm>. Acesso em: 18 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Inflamações: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc. Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
2 Uretra: É um órgão túbulo-muscular que serve para eliminação da urina.
3 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
4 Bexiga: Órgão cavitário, situado na cavidade pélvica, no qual é armazenada a urina, que é produzida pelos rins. É uma víscera oca caracterizada por sua distensibilidade. Tem a forma de pêra quando está vazia e a forma de bola quando está cheia.
5 Gonorreia: Infecção bacteriana que compromete o trato genital, produzida por uma bactéria chamada Neisseria gonorrhoeae. Produz uma secreção branca amarelada que sai pela uretra juntamente com ardor ao urinar. É uma causa de infertilidade masculina.Em mulheres, a infecção pode não ser aparente. Se passar despercebida, pode se tornar crônica e ascender, atingindo os anexos uterinos (trompas, útero, ovários) e causar Doença Inflamatória Pélvica e mesmo infertilidade feminina.
6 Blenorragia: Infecção transmitida sexualmente, produzida por uma bactéria chamada Neisseria gonorreae, que se manifesta por secreção purulenta drenada através da uretra. Se não tratada adequadamente pode produzir problemas mais sérios, como infecção crônica e esterilidade.
7 Uretrite: Inflamação da uretra de causa geralmente infecciosa. Manifesta-se por ardor ao urinar e secreção amarelada drenada pela mesma. Em mulheres esta secreção pode não ser evidente.
8 Bactéria: Organismo unicelular, capaz de auto-reproduzir-se. Existem diferentes tipos de bactérias, classificadas segundo suas características de crescimento (aeróbicas ou anaeróbicas, etc.), sua capacidade de absorver corantes especiais (Gram positivas, Gram negativas), segundo sua forma (bacilos, cocos, espiroquetas, etc.). Algumas produzem infecções no ser humano, que podem ser bastante graves.
9 Incidente: 1. Que incide, que sobrevém ou que tem caráter secundário; incidental. 2. Acontecimento imprevisível que modifica o desenrolar normal de uma ação. 3. Dificuldade passageira que não modifica o desenrolar de uma operação, de uma linha de conduta.
10 Prevalência: Número de pessoas em determinado grupo ou população que são portadores de uma doença. Número de casos novos e antigos desta doença.
11 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
12 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
13 Neoplasias: Termo que denomina um conjunto de doenças caracterizadas pelo crescimento anormal e em certas situações pela invasão de órgãos à distância (metástases). As neoplasias mais frequentes são as de mama, cólon, pele e pulmões.
14 Condiloma: Formação em formato de verruga que ocupa a superfície das mucosas genitais ou retais. Pode estar associada à infecção por um vírus chamado HPV (papilomavírus humano). Também é encontrado na sífilis tardia.
15 Fisiopatologia: Estudo do conjunto de alterações fisiológicas que acontecem no organismo e estão associadas a uma doença.
16 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
17 Faringe: Canal músculo-membranoso comum aos sistemas digestivo e respiratório. Comunica-se com a boca e com as fossas nasais. É dividida em três partes: faringe superior (nasofaringe ou rinofaringe), faringe bucal (orofaringe) e faringe inferior (hipofaringe, laringofaringe ou faringe esofagiana), sendo um órgão indispensável para a circulação do ar e dos alimentos.
18 Ânus: Segmento terminal do INTESTINO GROSSO, começando na ampola do RETO e terminando no ânus.
19 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
20 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
21 Contágio: 1. Em infectologia, é a transmissão de doença de uma pessoa a outra, por contato direto ou indireto. 2. Na história da medicina, aplica-se a qualquer doença contagiosa. 3. No sentido figurado, é a transmissão de características negativas, de vícios, etc. ou então a reprodução involuntária de reação alheia.
22 Incubação: 1. Ato ou processo de chocar ovos, natural ou artificialmente. 2. Processo de laboratório, por meio do qual se cultivam microrganismos com o fim de estudar ou facilitar o seu desenvolvimento. 3. Em infectologia, é o período que vai da penetração do agente infeccioso no organismo até o aparecimento dos primeiros sinais da doença.
23 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
24 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
25 Sêmen: Sêmen ou esperma. Líquido denso, gelatinoso, branco acinzentado e opaco, que contém espermatozoides e que serve para conduzi-los até o óvulo. O sêmen é o líquido da ejaculação. Ele é composto de plasma seminal e espermatozoides. Este plasma contém nutrientes que alimentam e protegem os espermatozoides.
26 Febre: É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo. São aceitos como valores de referência indicativos de febre: temperatura axilar ou oral acima de 37,5°C e temperatura retal acima de 38°C. A febre é uma reação do corpo contra patógenos.
27 Micção: Emissão natural de urina por esvaziamento da bexiga.
28 Inchaço: Inchação, edema.
29 Pênis: Órgão reprodutor externo masculino. É composto por uma massa de tecido erétil encerrada em três compartimentos cilíndricos fibrosos. Dois destes compartimentos, os corpos cavernosos, ficam lado a lado ao longo da parte superior do órgão. O terceiro compartimento (na parte inferior), o corpo esponjoso, abriga a uretra.
30 Ejaculação: 1. Ato de ejacular. Expulsão vigorosa; forte derramamento (de líquido); jato. 2. Em fisiologia, emissão de esperma pela uretra no momento do orgasmo. 3. Por extensão de sentido, qualquer emissão. 4. No sentido figurado, fartura de palavras; arrazoado.
31 Calafrios: 1. Conjunto de pequenas contrações da pele e dos músculos cutâneos ao longo do corpo, muitas vezes com tremores fortes e palidez, que acompanham uma sensação de frio provocada por baixa temperatura, má condição orgânica ou ainda por medo, horror, nojo, etc. 2. Sensação de frio e tremores fortes, às vezes com bater de dentes, que precedem ou acompanham acessos de febre.
32 Pélvica: Relativo a ou próprio de pelve. A pelve é a cavidade no extremo inferior do tronco, formada pelos dois ossos do quadril (ilíacos), sacro e cóccix; bacia. Ou também é qualquer cavidade em forma de bacia ou taça (por exemplo, a pelve renal).
33 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
34 Colo do útero: Porção compreendendo o pescoço do ÚTERO (entre o ístmo inferior e a VAGINA), que forma o canal cervical.
35 Cicatriz: Formação de um novo tecido durante o processo de cicatrização de um ferimento.
36 Epidídimo: O epidídimo é um pequeno ducto, com cerca de seis centímetros de comprimento, enrolado sobre si mesmo, que coleta e armazena os espermatozóides produzidos pelo testículo. Localiza-se atrás do testículo, no saco escrotal, e desemboca na base do ducto deferente, o canal que conduz os espermatozóides até a próstata.
37 Testículos: Os testículos são as gônadas sexuais masculinas que produzem as células de fecundação ou espermatozóides. Nos mamíferos ocorrem aos pares e são protegidos fora do corpo por uma bolsa chamada escroto. Têm função de glândula produzindo hormônios masculinos.
38 Próstata: Glândula que (nos machos) circunda o colo da BEXIGA e da URETRA. Secreta uma substância que liquefaz o sêmem coagulado. Está situada na cavidade pélvica (atrás da parte inferior da SÍNFISE PÚBICA, acima da camada profunda do ligamento triangular) e está assentada sobre o RETO.
39 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).

Resultados de busca relacionada no catalogo.med.br para Sobradinho/DF:

Ronaldo Jose de Freitas

Urologista

Sobradinho/DF

Luiz Angelo de Montalvao Martins

Urologista

Sobradinho/DF

Fabiana Valeria Lopes de Sousa

Ginecologista e Obstetra

Sobradinho/DF

Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.