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Refluxo vesicoureteral: o que saber sobre ele?

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O que é refluxo vesicoureteral?

Chama-se refluxo vesicoureteral ao fluxo anormal de urina1 que volta da bexiga2 até os ureteres3, invertendo assim seu sentido normal, dos ureteres3 para a bexiga2. O refluxo vesicoureteral pode ser primário, quando a criança já nasce com o problema, ou secundário, quando adquirido em virtude de um mau funcionamento do trato urinário4.

Quais são as causas do refluxo vesicoureteral?

O refluxo vesicoureteral primário tende a ocorrer em famílias, o que indica que ele pode ser genético, mas a causa exata do problema ainda é desconhecida. A causa do refluxo vesicoureteral secundário é um bloqueio ou um mau funcionamento do sistema urinário5, na maior parte das vezes devido a uma infecção6. As crianças brancas parecem ter maior risco de refluxo vesicoureteral. O refluxo vesicoureteral primário é mais comum em meninos, mas as meninas têm cerca do dobro do risco de apresentarem refluxo vesicoureteral secundário. Em geral, crianças até um ano de idade são mais propensas a ter refluxo vesicoureteral.

Qual é a fisiopatologia7 do refluxo vesicoureteral?

O sistema urinário5 inclui os rins8, ureteres3, bexiga2 e uretra9. Os rins8 filtram a água, os eletrólitos10 (sódio, cálcio, potássio, etc.) e outros elementos, os quais constituem a urina1, transportada pelos ureteres3 até a bexiga2, onde é armazenada até ser eliminada do corpo pela uretra9, durante a micção11. Dessa forma, a urina1 flui num sentido progressivo, dos rins8 para o exterior do corpo. O refluxo vesicoureteral inverte este sentido num certo trecho do fluxo normal da urina1. No refluxo vesicoureteral primário, o defeito está localizado na válvula entre a bexiga2 e o ureter12, que normalmente fecha para evitar que a urina1 flua para trás. Enquanto a criança cresce, os ureteres3 se alongam e isso eventualmente pode resolver o refluxo. O refluxo vesicoureteral secundário geralmente resulta de um bloqueio ou de um mau funcionamento do sistema urinário5.

Quais são os principais sinais13 e sintomas14 do refluxo vesicoureteral?

Mais frequentemente o refluxo vesicoureteral é diagnosticado em lactentes15 e crianças pequenas. O refluxo vesicoureteral em si nem sempre causa sinais13 e sintomas14 perceptíveis, mas quase sempre ocasionam infecções16 do trato urinário4. Quando existem sinais13 e/ou sintomas14, eles podem incluir um impulso forte e persistente de urinar, uma sensação de queimação ao urinar, pequenas quantidades de urina1 a cada micção11, urina1 turva e com cheiro forte, febre17, dor no flanco18 ou no abdômen, hesitação ao urinar para evitar a sensação de queimação.

Em crianças pequenas também podem incluir febre17 inexplicável, diarreia19, falta de apetite e irritabilidade. Nas mais velhas, o refluxo vesicoureteral pode levar a sinais13 e sintomas14 como xixi na cama, constipação20 intestinal ou perda de controle sobre os movimentos do intestino, pressão alta, proteinúria21 (presença de proteína na urina1) e insuficiência renal22. Uma indicação do refluxo vesicoureteral pode ser detectada antes do nascimento, por ultrassonografia23, que indica dilatação dos rins8 ou da árvore urinária de um ou de ambos os lados, causado pelo retorno da urina1 para os rins8. Nos casos mais leves, a urina1 reflui apenas para o ureter12, mas nos casos mais graves pode chegar até os rins8, provocando hidronefrose24 e/ou torção25 do ureter12.

Como o médico diagnostica o refluxo vesicoureteral?

Uma ultrassonografia23 dos rins8 e da bexiga2 pode detectar anormalidades estruturais. Essa mesma tecnologia pode revelar rins8 dilatados no bebê em gestação, no refluxo vesicoureteral primário. Uma cistoureterograma miccional (radiografias tomadas enquanto a bexiga2 está esvaziando) pode detectar anormalidades e mostrar o sentido do fluxo de urina1. Uma varredura nuclear, também conhecida como cistograma por radionuclídeo26, utiliza um marcador radioativo27 para mostrar se o trato urinário4 está funcionando corretamente ou não. Uma analise bioquímica da urina1, feita em laboratório, pode revelar se há ou não infecção6 urinária. Outros testes podem ainda ser necessários para determinar a presença do refluxo vesicoureteral.

Como o médico trata o refluxo vesicoureteral?

O tratamento do refluxo vesicoureteral depende da gravidade da condição. Crianças com casos leves podem eventualmente superar o problema por si mesmas. Para os casos mais graves pode-se usar medicamentos, conforme o quadro clínico, ou cirurgia aberta ou laparoscópica para reparar a válvula entre a bexiga2 e cada ureter12 afetado. A cirurgia requer anestesia28 geral e a permanência no hospital por uns poucos dias.

Como evolui o refluxo vesicoureteral?

Nos casos mais leves o refluxo vesicoureteral pode desaparecer sozinho. A cirurgia em geral oferece bons resultados, podendo o problema persistir em uns poucos casos.

Quais são as complicações do refluxo vesicoureteral?

O refluxo vesicoureteral aumenta o risco de infecções16 do trato urinário4. Os riscos associados ao cistoureterograma miccional incluem o desconforto do cateter e de manter a bexiga2 cheia e, também, a possibilidade de infecção6 do trato urinário4. O cistograma por radionuclídeo26 faz com que a urina1 fique ligeiramente rosa por um ou dois dias após o teste. Outras complicações dependem da gravidade do refluxo e podem incluir cicatrizes29 renais, infecções16 do trato urinário4 de difícil tratamento, dilatações renais, elevação da pressão, hidronefrose24 e insuficiência renal22

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas em parte dos sites da Mayo ClinicNational Kidney Foundation e National Health Service (NHS) do Reino Unido.

ABCMED, 2015. Refluxo vesicoureteral: o que saber sobre ele?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/794184/refluxo-vesicoureteral-o-que-saber-sobre-ele.htm>. Acesso em: 12 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
2 Bexiga: Órgão cavitário, situado na cavidade pélvica, no qual é armazenada a urina, que é produzida pelos rins. É uma víscera oca caracterizada por sua distensibilidade. Tem a forma de pêra quando está vazia e a forma de bola quando está cheia.
3 Ureteres: Estruturas tubulares que transportam a urina dos rins até a bexiga.
4 Trato Urinário:
5 Sistema urinário: O sistema urinário é constituído pelos rins, pelos ureteres e pela bexiga. Ele remove os resíduos do sangue, mantêm o equilíbrio de água e eletrólitos, armazena e transporta a urina.
6 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
7 Fisiopatologia: Estudo do conjunto de alterações fisiológicas que acontecem no organismo e estão associadas a uma doença.
8 Rins: Órgãos em forma de feijão que filtram o sangue e formam a urina. Os rins são localizados na região posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral.
9 Uretra: É um órgão túbulo-muscular que serve para eliminação da urina.
10 Eletrólitos: Em eletricidade, é um condutor elétrico de natureza líquida ou sólida, no qual cargas são transportadas por meio de íons. Em química, é uma substância que dissolvida em água se torna condutora de corrente elétrica.
11 Micção: Emissão natural de urina por esvaziamento da bexiga.
12 Ureter: Estrutura tubular que transporta a urina dos rins até a bexiga.
13 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
14 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
15 Lactentes: Que ou aqueles que mamam, bebês. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
16 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
17 Febre: É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo. São aceitos como valores de referência indicativos de febre: temperatura axilar ou oral acima de 37,5°C e temperatura retal acima de 38°C. A febre é uma reação do corpo contra patógenos.
18 Flanco: 1. O lado (de qualquer coisa). Na anatomia humana, é cada um dos lados do corpo, dos quadris aos ombros. 2. Em construção, é a parte entre o baluarte e a cortina. 3. Em futebol, é o lado do campo. 4. Em geologia, é cada um dos lados de uma dobra. 5. Em termo militar, é a parte lateral de uma posição ou de uma tropa formada em profundidade.
19 Diarréia: Aumento do volume, freqüência ou quantidade de líquido nas evacuações.Deve ser a manifestação mais freqüente de alteração da absorção ou transporte intestinal de substâncias, alterações estas que em geral são devidas a uma infecção bacteriana ou viral, a toxinas alimentares, etc.
20 Constipação: Retardo ou dificuldade nas defecações, suficiente para causar desconforto significativo para a pessoa. Pode significar que as fezes são duras, difíceis de serem expelidas ou infreqüentes (evacuações inferiores a três vezes por semana), ou ainda a sensação de esvaziamento retal incompleto, após as defecações.
21 Proteinúria: Presença de proteínas na urina, indicando que os rins não estão trabalhando apropriadamente.
22 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
23 Ultrassonografia: Ultrassonografia ou ecografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
24 Hidronefrose: Dilatação da via excretora de um ou ambos os rins. Em geral é produzida por uma obstrução ao nível do ureter ou uretra por cálculos, tumores, etc.
25 Torção: 1. Ato ou efeito de torcer. 2. Na geometria diferencial, é a medida da derivada do vetor binormal em relação ao comprimento de arco. 3. Em física, é a deformação de um sólido em que os planos vizinhos, transversais a um eixo comum, sofrem, cada um deles, um deslocamento angular relativo aos outros planos. 4. Em medicina, é o mesmo que entorse. 5. Na patologia, é o movimento de rotação de um órgão sobre si mesmo. 6. Em veterinária, é a cólica de alguns animais, especialmente a do cavalo.
26 Radionuclídeo: Os radionuclídeos, também conhecidos como nuclídeos radioativos, são a parte radioativa dos radiofármacos. Mas estes também possuem uma molécula (não radioativa) que se liga ao radionuclídeo e o conduz para determinado órgão ou estrutura.
27 Radioativo: Que irradia ou emite radiação, que contém radioatividade.
28 Anestesia: Diminuição parcial ou total da sensibilidade dolorosa. Pode ser induzida por diferentes medicamentos ou ser parte de uma doença neurológica.
29 Cicatrizes: Formação de um novo tecido durante o processo de cicatrização de um ferimento.
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