Preguiça ou narcolepsia? Saiba o que é a narcolepsia.
O que é narcolepsia?
A narcolepsia é um tipo de dissonia1, caracterizada por ataques irresistíveis de sono, mesmo que a pessoa tenha dormido normalmente na noite anterior e, em geral, acompanhada por outros distúrbios do dormir. Na maioria dos casos a sonolência é confundida pelo próprio paciente com uma situação normal, o que leva a uma dificuldade no reconhecimento dessa condição. É possível que os portadores da narcolepsia passem a vida inteira sem se darem conta que sofrem da doença e sejam tidos pelas demais pessoas e até por si mesmos como preguiçosos ou dorminhocos. Isso porque o sintoma2 mais expressivo é a "preguiça" e a sonolência diurna excessiva. Esses sintomas3 deixam o paciente em perigo ante a execução de tarefas como dirigir veículos automotivos, manejar máquinas perigosas ou realizar outras ações que exijam concentração da atenção e também faz com que a pessoa tenha prejudicado o seu desempenho no trabalho e na escola. Mas há também aqueles pacientes que sofrem ataques repentinos e inesperados de sono nas mais inusitadas situações como, por exemplo, no interior de um coletivo, fazendo compras em uma loja ou dirigindo um veículo. A doença é conhecida há muito tempo, mas só na década de 1960, com o estudo mais aprofundado da fisiologia4 do sono, foi possível relacioná-la com alterações nas fases do sono e caracterizá-la como uma patologia5 ligada à fase REM do sono.
Quais são as causas da narcolepsia?
A narcolepsia é um distúrbio do sistema nervoso6, não uma doença mental e, portanto, deve-se a uma alteração da fisiologia4 ou bioquímica neuronal. Ela parece ter uma causa genética (indiscutível em animais, mas discutível em humanos) e ser motivada por um déficit do neurotransmissor orexina (ou hipocretina) no hipotálamo7, déficit este que leva à sonolência excessiva. A orexina (ou hipocretina) é um hormônio8 produzido no hipotálamo7 lateral, descoberto em 1998, com função reguladora sobre o sono, vigília e apetite. Horários inapropriados ou irregulares de sono pioram a narcolepsia.
Quais são os principais sinais9 e sintomas3 da narcolepsia?
O sintoma2 típico e exclusivo da narcolepsia é a perda súbita e reversível da força muscular durante a vigília, acompanhada ou não de rápido adormecimento (de 15 a 60 minutos). Em geral o paciente sofre uma breve queda, da qual se recupera inteiramente desperto. Esses ataques de sono podem se repetir várias vezes por dia. Outros sintomas3 são: sonolência diurna excessiva, anormalidades do sono REM e paralisia10 muscular. Os ataques de atonia muscular completa (cataplexia11), com ou sem sono profundo, podem ser desencadeados por situações emocionais agudas como um susto ou uma risada. É comum também que se encontre nesses pacientes uma paralisia10 hipnagógica12 (paralisias rápidas e transitórias que acometem a pessoa quando ela está pegando no sono) ou hipnopômpica13 (paralisias rápidas e transitórias que acometem a pessoa quando ela está acordando) e alucinações14 auditivas ou visuais, igualmente hipnagógicas15 ou hipnopômpicas16, com as quais o paciente geralmente interage.
Como o médico diagnostica a narcolepsia?
O diagnóstico17 da narcolepsia pode ser feito por uma polissonografia18, um exame em que o paciente dorme em um laboratório, ligado a máquinas que registram vários de seus parâmetros fisiológicos e a sua atividade cerebral durante o sono. Os estudos com a polissonografia18, o teste de múltiplas latências para o sono e o eletroencefalograma19 são fundamentais para o diagnóstico17 da narcolepsia. No sono normal, o indivíduo demora cerca de uma hora e meia desde o momento do adormecer até atingir a fase REM do sono, mas os portadores de narcolepsia entram direto e subitamente no sono REM. Além disso, o eletroencefalograma19 pode medir as atividades do cérebro20 e testes genéticos são capazes de identificar o gene da narcolepsia.
Como o médico trata a narcolepsia?
Não se conhece cura para esse distúrbio, mas os sintomas3 podem ser controlados por medicamentos ou modificação de comportamentos e hábitos. Costumam ser prescritos estimulantes ou antidepressivos com a finalidade de controlar a cataplexia11, a paralisia10 do sono e as alucinações14.
Como prevenir a narcolepsia?
Não há como prevenir de modo integral a narcolepsia, mas algumas medidas podem aliviar a sonolência durante o dia:
- Fazer exercícios físicos regularmente.
- Evitar o consumo de cafeína durante a tarde e à noite.
- Evitar bebidas alcoólicas, sedativos e drogas que possam promover o sono, como anti-histamínicos, neurolépticos21 e outras.
- Tirar cochilos planejados durante o dia.
- Adotar hábitos regulares de dormir.
- Comer refeições leves e com intervalos regulares.
Como evolui a narcolepsia?
Em si, a narcolepsia não é uma doença grave, mas pode pôr em risco a vida das pessoas que dirigem carros ou operam máquinas perigosas.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.