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O que é inflamação?

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O que é inflamação1?

Inflamação1 (do latim: inflammatio = atear fogo) ou processo inflamatório é uma reação do organismo a uma infecção2 ou lesão3 dos tecidos e faz parte das defesas do indivíduo. Quando algo nocivo ou irritante afeta uma parte do corpo, há uma reação biológica de defesa que constitui os sinais4 e sintomas5 da inflamação1, o que mostra que o corpo está tentando se curar.

A região inflamada fica avermelhada e quente, devido a um aumento do fluxo de sangue6 e demais líquidos corporais para o local. Na área inflamada também ocorre o acúmulo de células7 provenientes do sistema imunológico8 (leucócitos9, macrófagos10 e linfócitos) e dor localizada. Os leucócitos9 destroem o tecido11 danificado e os macrófagos10 digerem esse tecido11 e os antígenos12.

Inflamação1 nem sempre significa infecção2. A infecção2 é causada por um agente biológico infeccioso (bactéria13, vírus14, fungo15, etc.), enquanto que a inflamação1 é a resposta do corpo a ele.

Quais são as causas da inflamação1?

A inflamação1 acontece quando o organismo combate uma infecção2 ou lesão3 que o atinge. Ela faz parte da ação do sistema imunológico8 do corpo e é uma reação do organismo ao procurar livrar-se do estímulo nocivo.

Qual é a fisiopatologia16 da inflamação1?

A inflamação1 faz parte das defesas do organismo e deflagra uma resposta inespecífica contra uma agressão. Como processo natural, ela se contrapõe à imunidade17 adquirida, em que o sistema imune18 se volta contra agentes agressores específicos, como nas vacinas, por exemplo. Nesse caso, o organismo precisa entrar em contato com o agressor, identificá-lo como estranho e potencialmente nocivo e só então produzir uma resposta.

Garganta inflamada

Nas reações inflamatórias, os neutrófilos19 e macrófagos10 migram dos vasos sanguíneos20 para o tecido11 inflamado e então removem os agentes patológicos através da fagocitose21 e/ou da granulação22. Em virtude da agressão tecidual, seguem-se dilatações dos capilares23, mediadas pela histamina24, e um aumento localizado e imediato da irrigação sanguínea, o que se traduz num halo avermelhado em torno da lesão3. Os neutrófilos19 e macrófagos10, por sua vez, realizam a fagocitose21 dos elementos que estão na origem da inflamação1 e produzem substâncias químicas de combate à infecção2. Também o sistema de coagulação25 do sangue6 e as plaquetas26 são ativados, visando conter possíveis sangramentos.

Enfim, estes fatores, e ainda outros, atuam em conjunto para levar aos eventos da inflamação1: aumento do calibre dos capilares23, produzindo hiperemia27 (pelo maior afluxo de sangue6), aumento da temperatura local; edema28, que ocorre a partir do aumento da permeabilidade29 vascular30; dor, causada primariamente pela estimulação das terminações nervosas por algumas das substâncias liberadas durante o processo inflamatório; hiperalgesia31 (aumento da sensibilidade dolorosa) promovida pelas prostaglandinas32 e pela bradicinina33 e, em parte, pela compressão relacionada ao edema28.

Quais são as principais características clínicas da inflamação1?

A inflamação1 pode ser de dois tipos principais: (1) aguda, que se instala rapidamente, após um acidente, por exemplo; ou (2) crônica, que se instala de forma lenta e insidiosa, como, por exemplo, nas doenças reumáticas. A diferença clínica entre a inflamação1 aguda e a crônica, além do tempo, está na intensidade dos sintomas5 e no tempo que a inflamação1 leva para ser curada.

Na inflamação1 aguda, os sinais4 típicos da inflamação1, como calor, vermelhidão, inchaço34 e dor estão sempre presentes; na inflamação1 crônica, por sua vez, os sintomas5 não são tão específicos. Esta classificação nada diz a respeito da gravidade do processo, mas apenas se refere à sua velocidade de instalação.

A inflamação1 se caracteriza ainda, além dos seus sintomas cardinais35, pela eventual perda de função da parte afetada. Além disso, podem surgir outros sinais4 e sintomas5, na dependência do local e da natureza da inflamação1, como glândulas36 inchadas, febre37 e liberação de líquidos. As doenças autoimunes38 geralmente assumem uma característica inflamatória, com manifestações clínicas diversas, de acordo com o tecido11 ou sistema afetado.

Como o médico trata a inflamação1?

Existem medicamentos anti-inflamatórios hormonais e não hormonais capazes de interferir no processo reacional de defesa do organismo de modo a minimizar a agressão dos próprios tecidos frente ao agente agressor e dar maior conforto ao paciente. Os anti-inflamatórios hormonais, também conhecidos como corticoides ou corticoesteroides, são agentes inibidores da produção das prostaglandinas32 e dos leucotrienos39. Os anti-inflamatórios não hormonais também inibem a produção de prostaglandinas32, mas não interferem com a geração de leucotrienos39.

 

ABCMED, 2016. O que é inflamação?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1265798/o-que-e-inflamacao.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
2 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
3 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
4 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
5 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
6 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
7 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
8 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
9 Leucócitos: Células sangüíneas brancas. Compreendem tanto os leucócitos granulócitos (BASÓFILOS, EOSINÓFILOS e NEUTRÓFILOS) como os não granulócitos (LINFÓCITOS e MONÓCITOS). Sinônimos: Células Brancas do Sangue; Corpúsculos Sanguíneos Brancos; Corpúsculos Brancos Sanguíneos; Corpúsculos Brancos do Sangue; Células Sanguíneas Brancas
10 Macrófagos: É uma célula grande, derivada do monócito do sangue. Ela tem a função de englobar e destruir, por fagocitose, corpos estranhos e volumosos.
11 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
12 Antígenos: 1. Partículas ou moléculas capazes de deflagrar a produção de anticorpo específico. 2. Substâncias que, introduzidas no organismo, provocam a formação de anticorpo.
13 Bactéria: Organismo unicelular, capaz de auto-reproduzir-se. Existem diferentes tipos de bactérias, classificadas segundo suas características de crescimento (aeróbicas ou anaeróbicas, etc.), sua capacidade de absorver corantes especiais (Gram positivas, Gram negativas), segundo sua forma (bacilos, cocos, espiroquetas, etc.). Algumas produzem infecções no ser humano, que podem ser bastante graves.
14 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
15 Fungo: Microorganismo muito simples de distribuição universal que pode colonizar uma superfície corporal e, em certas ocasiões, produzir doenças no ser humano. Como exemplos de fungos temos a Candida albicans, que pode produzir infecções superficiais e profundas, os fungos do grupo dos dermatófitos que causam lesões de pele e unhas, o Aspergillus flavus, que coloniza em alimentos como o amendoim e secreta uma toxina cancerígena, entre outros.
16 Fisiopatologia: Estudo do conjunto de alterações fisiológicas que acontecem no organismo e estão associadas a uma doença.
17 Imunidade: Capacidade que um indivíduo tem de defender-se perante uma agressão bacteriana, viral ou perante qualquer tecido anormal (tumores, enxertos, etc.).
18 Sistema imune: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
19 Neutrófilos: Leucócitos granulares que apresentam um núcleo composto de três a cinco lóbulos conectados por filamenos delgados de cromatina. O citoplasma contém grânulos finos e inconspícuos que coram-se com corantes neutros.
20 Vasos Sanguíneos: Qualquer vaso tubular que transporta o sangue (artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias).
21 Fagocitose: Processo de ingestão e destruição de partículas sólidas, como bactérias ou pedaços de tecido necrosado, por células ameboides chamadas de fagócitos.
22 Granulação: 1. Aglomerado de grânulos. 2. Em medicina, é o conjunto de grânulos vermelhos, constituindo uma massa arredondada de vasos capilares e fibroblastos, que se forma na base de uma ulceração ou o processo formativo dessa massa. 3. Em química, é o processo de conversão de uma substância metálica em grãos pelo rápido resfriamento de um filete de sua massa fundida ao imergir em um líquido à temperatura ambiente.
23 Capilares: Minúsculos vasos que conectam as arteríolas e vênulas.
24 Histamina: Em fisiologia, é uma amina formada a partir do aminoácido histidina e liberada pelas células do sistema imunológico durante reações alérgicas, causando dilatação e maior permeabilidade de pequenos vasos sanguíneos. Ela é a substância responsável pelos sintomas de edema e irritação presentes em alergias.
25 Coagulação: Ato ou efeito de coagular(-se), passando do estado líquido ao sólido.
26 Plaquetas: Elemento do sangue (não é uma célula porque não apresenta núcleo) produzido na medula óssea, cuja principal função é participar da coagulação do sangue através da formação de conglomerados que tamponam o escape do sangue por uma lesão em um vaso sangüíneo.
27 Hiperemia: Congestão sanguínea em qualquer órgão ou parte do corpo.
28 Edema: 1. Inchaço causado pelo excesso de fluidos no organismo. 2. Acúmulo anormal de líquido nos tecidos do organismo, especialmente no tecido conjuntivo.
29 Permeabilidade: Qualidade dos corpos que deixam passar através de seus poros outros corpos (fluidos, líquidos, gases, etc.).
30 Vascular: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
31 Hiperalgesia: É uma exacerbação da sensibilidade à dor; hiperalgia.
32 Prostaglandinas: É qualquer uma das várias moléculas estruturalmente relacionadas, lipossolúveis, derivadas do ácido araquidônico. Ela tem função reguladora de diversas vias metabólicas.
33 Bradicinina: É um polipeptídio plasmático que tem função vasodilatadora e que se forma em resposta à presença de toxinas ou ferimentos no organismo.
34 Inchaço: Inchação, edema.
35 Sintomas cardinais: Sintomas principais ou fundamentais.
36 Glândulas: Grupo de células que secreta substâncias. As glândulas endócrinas secretam hormônios e as glândulas exócrinas secretam saliva, enzimas e água.
37 Febre: É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo. São aceitos como valores de referência indicativos de febre: temperatura axilar ou oral acima de 37,5°C e temperatura retal acima de 38°C. A febre é uma reação do corpo contra patógenos.
38 Autoimunes: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
39 Leucotrienos: É qualquer um dos metabólitos dos ácidos graxos poli-insaturados, especialmente o ácido araquidônico, que atua como mediador em processos alérgicos e inflamatórios.
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