Vasectomia: sete perguntas e respostas sobre o assunto
Antes de optar por fazer uma vasectomia, o homem deve pensar cuidadosamente sobre quais informações gostaria de obter sobre o assunto. É importante para os casais que pensam nesta possibilidade procurarem orientação antes da realização do procedimento. Quanto mais souberem a respeito, maior a certeza de uma decisão correta e que deve ser considerada como definitiva.
Consultar uma lista de perguntas e respostas que são frequentemente levantadas por outros casais que já viveram esta situação pode ajudar bastante.
Mesmo podendo ser revertida em cerca de 50% dos casos, toda vasectomia deve ser considerada definitiva.
O que é vasectomia?
O seu nome técnico é deferentectomia. Basicamente, a vasectomia é um procedimento cirúrgico simples realizado por urologistas ou cirurgiões gerais para tornar um homem estéril. É um método comum de contracepção1, considerado simples, seguro e eficaz.
Consiste na realização de um corte no canal deferente2, tubo que carrega esperma3 do testículo4 para se tornar parte do sêmen5. É feita a secção bilateral de ambos os canais deferentes, utilizando uma via de acesso mínima. Após esta secção, as bordas criadas dos canais são ligadas (amarradas) ou então eletrocauterizadas, para minimizar o risco de recanalização, pois o organismo tentará curar a “lesão”.
Embora o homem continue a ter relação sexual e ejaculação6 como antes do procedimento, seu sêmen5 não vai ter esperma3. Consequentemente, ele não será mais capaz de engravidar uma mulher.
O que é uma vasectomia sem bisturi?
É uma técnica de vasectomia que, diferente do método tradicional, não usa um bisturi na sua realização. Não há incisões7 ou suturas8 (apenas uma ou duas aberturas na pele9) e a cicatrização se dá espontaneamente.
Este método resulta em menos desconforto no pós-operatório, com risco reduzido de sangramentos ou infecções10. Não deixa cicatrizes11 visíveis e é tão efetivo quanto a vasectomia tradicional.
Quanto tempo leva para fazer este procedimento?
O procedimento em si leva uns 20 minutos, mas com a consulta médica, a preparação e o preenchimento de papeleta leva-se cerca de uma hora até a conclusão do processo.
Pode haver sensibilidade no local, desconforto e edema12 discretos nos primeiros dois ou três dias, com retorno às atividades rotineiras em cerca de uma semana.
Seguir as instruções médicas cuidadosamente ajuda na recuperação após o procedimento.
Qual é a efetividade da vasectomia sem bisturi?
A vasectomia realizada por qualquer técnica reconhecida é um dos métodos contraceptivos mais efetivos. Embora nenhum procedimento seja 100% seguro ou eficaz, há menos de um por cento de falhas.
Para comparação, em relação à gravidez13, as falhas com o uso de preservativo de látex ficam em torno de 12% e, com o uso de diafragma14, 18%.
Casais que desejam uma forma permanente e confiável de contracepção1 frequentemente escolhem a vasectomia, já que o sucesso fica em torno de 99%.
O que acontece com o esperma3?
Como os tubos são bloqueados antes da vesícula seminal15 e da próstata16, o homem continua ejaculando a mesma quantidade de fluido, embora sem esperma3.
Os espermatozóides17 são formados nos testículos18, que se dividem em inúmeros septos, e apresentam canais confluentes. No final destes, os espermatozóides17 atingem o epidídimo19, que tem a função de maturação dos mesmos. Saindo do epidídimo19, os espermatozóides17 entram no canal deferente2, um tubo muscular que os leva até a próstata16 por contrações musculares. A próstata16 também recebe conexões das vesículas seminais20, que têm a função de produzir o plasma seminal21 – uma espécie de sêmen5 sem espermatozóides17. A próstata16 interconecta as duas vias, misturando o plasma seminal21 aos espermatozóides17 e desaguando na uretra22, por onde geralmente são eliminados.
O corpo absorve as células23 espermáticas não usadas normalmente – se você fez ou não uma vasectomia. Depois do procedimento, os testículos18 continuam a produzir esperma3, mas eles não deixam o corpo através do sêmen5. Eles dissolvem-se e são simplesmente e naturalmente absorvidos pelo organismo.
Existem riscos de complicações?
Sim. Como em qualquer outro procedimento cirúrgico, pode haver complicações, e você deve perguntar ao seu médico o que deve fazer nesta situação.
Entretanto, qualquer tipo de vasectomia está entre as técnicas cirúrgicas mais seguras e a maioria das complicações, caso haja alguma, é habitualmente fácil de tratar.
As complicações incluem:
- Dor no local. Esta dor é tratada com sucesso por medicamentos, mas algumas vezes a remoção do epidídimo19 é recomendada.
- Uma chance de infecção24, sangramento e ferimento passageiros.
- Formação de granuloma25.
- Edema12 temporário e acúmulo de líquidos.
- Em raros casos, o canal deferente2 pode ter uma recanalização espontânea e o homem tornar-se fértil novamente. Isto acontece em menos de 1% dos casos e está relacionado à experiência do cirurgião e à técnica cirúrgica aplicada.
- Existe uma complicação clássica da vasectomia, chamada Síndrome26 da Dor pós-Vasectomia, que pode ocorrer em 5% a 30% dos casos (dependendo da intensidade da dor), e consiste em dor crônica persistente.
O que devo levar em consideração antes de fazer uma vasectomia?
Para ter certeza de que quer mesmo fazer uma vasectomia, esteja certo de que no futuro você não vai querer ser pai novamente. Pense se esta decisão não mudaria depois dos seguintes eventos em sua vida:
- Se você já é pai, caso um de seus filhos falecesse ou mesmo mais do que um, você gostaria de ter um outro filho?
- E se você se divorciar e perder a guarda de seus filhos?
- E se você vier a ter uma nova companheira que deseja ter filhos?
- Caso sua situação financeira melhore, seu desejo de ter mais filhos pode mudar?
- Quando seus filhos crescerem, possivelmente vão deixar a sua casa. Você gostaria de ter novas crianças suas por lá?
Você não deve ignorar os efeitos psicológicos da impossibilidade de ter filhos. Pense neles.
A vasectomia não é habitualmente recomendada a homens que consideram guardar seus espermas em um banco de esperma3, caso decidam ter mais filhos futuramente. Converse sobre outros métodos contraceptivos com seu médico, sua parceira e procure muitas informações antes de tomar esta decisão. Tudo deve ser muito bem pensado e planejado.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.