Gostou do artigo? Compartilhe!

Hemorragia pós-parto

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é hemorragia1 pós-parto?

Todas as mulheres perdem algum sangue2 durante o parto. Contudo, durante a gravidez3 a quantidade de sangue2 aumenta cerca de 50% e, portanto, o corpo está bem preparado para esta perda. No entanto, quando uma mulher perde mais de 500 mililitros de sangue2 após o parto, fala-se em hemorragia1 pós-parto. Estima-se que isso ocorra em 18% dos nascimentos.

Saiba mais sobre "Trabalho de parto" e "Quantas cesarianas uma mulher pode fazer".

Quais são as causas da hemorragia1 no pós-parto?

As contrações do útero4 ajudam a deter o sangramento que ocorre depois do parto; a causa maior da hemorragia1 pós-parto é a atonia uterina. Diante de um caso concreto, deve-se lembrar dos quatro “Ts" ao determinar a causa de uma hemorragia1 pós-parto:

  1. Tônus muscular5: um útero4 atônico é responsável por 70% dos casos de hemorragia1 pós-parto.
  2. Trauma: em 20% dos casos de hemorragia1 pós-parto, o sangramento é devido a traumas no útero4.
  3. Tecido6: em cerca de 10% das hemorragias7 pós-parto, o tecido6 é a causa. Isso geralmente significa que um fragmento8 da placenta está sendo mantido dentro do útero4.
  4. Trombina9: a trombina9 é uma proteína coagulante do sangue2. Se os níveis dela são baixos, há maior facilidade de ocorrer hemorragias7. As condições que causam uma deficiência na trombina9 são raras e ocorrem em menos de 1% das gravidezes.

Qual é o mecanismo fisiológico10 da hemorragia1 no pós-parto?

Quando a placenta se separa do útero4, os vasos sanguíneos11 que ligavam a placenta à área em que estava fixada são rompidos, ficam abertos e começam a sangrar no útero4. Após a placenta ser eliminada, o útero4 se contrai e fecha os vasos sanguíneos11, reduzindo drasticamente o sangramento.

Em seguida ao parto, a amamentação12 leva o corpo a liberar ocitocina13 natural que ajuda o útero4 a contrair. Ocasionalmente, o útero4 não contrai completamente após o parto, resultando em hemorragia1 excessiva; se há esta hipotonia14 ou atonia do útero4 o sangramento continua. Se tiver sido feita uma episiotomia15 durante o nascimento, a hemorragia1 pode também ocorrer a partir desse local.

Leia sobre "Amamentação12" e "Episiotomia15".

Quais são as principais características clínicas da hemorragia1 pós-parto?

Perder muito sangue2 não é incomum após o parto. No entanto, se a pessoa perder mais de 1000 mililitros de sangue2, isso pode afetar a sua capacidade de manter sua pressão arterial16 em níveis normais. Se a paciente perder significativamente mais sangue2 do que isso, pode ter um choque hipovolêmico17, o qual pode levar à morte.

Embora na maioria das mulheres que sofrem hemorragia1 pós-parto isso ocorra imediatamente após o nascimento do bebê, pode, às vezes, ocorrer mais tarde. Alguns sintomas18 associados à hemorragia1 pós-parto podem ser visíveis, como um sangramento que não diminui ou para com o transcorrer do tempo, queda na pressão arterial16, queda na contagem de glóbulos vermelhos, aumento da frequência cardíaca, inchaço19 e dor pós-parto.

Como o médico diagnostica a hemorragia1 pós-parto?

A concomitância com o parto ou sua ocorrência depois de um parto é o dado crucial. Alguns sinais20 e sintomas18 logo denunciam a situação, mas outros podem exigir exames de sangue2 para avaliar o hematócrito21 geral, a contagem de plaquetas22, o nível de fibrinogênio23, o tempo de tromboplastina24, o tempo de protrombina25, etc.

Como o médico trata a hemorragia1 pós-parto?

Se o médico observar sintomas18 de hemorragia1, o tratamento deve ser iniciado imediatamente, porque eles caracterizam uma situação de urgência26. Em primeiro lugar o médico normalmente tentará identificar a causa da hemorragia1. Se houver atonia uterina o médico pode massagear o útero4 para ajudá-lo a contrair e administrar ocitocina13 sintética também para ajudar na contração.

Se o sangramento excessivo começar ou continuar mesmo após a placenta ter saído, outros medicamentos para a contração do útero4 podem ser administrados além da ocitocina13, enquanto o médico continua a massagem uterina. Também é colocada uma sonda até a bexiga27 para ter certeza de que ela vai se esvaziar, já que a bexiga27 cheia dificulta a contração do útero4.

Em causa de episiotomia15 ela deve ser novamente bem suturada. Se o sangramento persistir, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica, por meio de um procedimento de raspagem ou curetagem28. A administração adicional de sangue2 deve ser considerada e ás vezes se faz mandatória se o sangramento continuar intenso e não parar ou se os sinais vitais29 não estiverem estáveis.

Outra possibilidade, ainda mais rara, é a necessidade de uma cirurgia abdominal e/ou uma histerectomia30 (retirada do útero4) para conter a hemorragia1.

Quais as complicações possíveis da hemorragia1 pós-parto?

Em casos graves a hemorragia1 pós-parto pode desencadear quadro de choque hipovolêmico17 e mesmo a morte.

Veja também sobre "Histerectomia30", "Choque hipovolêmico17", "Metrorragia31", "Ruptura uterina", "Sangramentos durante a primeira metade da gravidez3." e "Sangramentos na segunda metade da gravidez3."

 

ABCMED, 2017. Hemorragia pós-parto. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-da-mulher/1297558/hemorragia-pos-parto.htm>. Acesso em: 6 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Hemorragia: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
2 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
3 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
4 Útero: Orgão muscular oco (de paredes espessas), na pelve feminina. Constituído pelo fundo (corpo), local de IMPLANTAÇÃO DO EMBRIÃO e DESENVOLVIMENTO FETAL. Além do istmo (na extremidade perineal do fundo), encontra-se o COLO DO ÚTERO (pescoço), que se abre para a VAGINA. Além dos istmos (na extremidade abdominal superior do fundo), encontram-se as TUBAS UTERINAS.
5 Tônus muscular: Estado de tensão elástica (contração ligeira) que o músculo apresenta em repouso e que lhe permite iniciar a contração imediatamente depois de receber o impulso dos centros nervosos. Num estado de relaxamento completo (sem tônus), o músculo levaria mais tempo para iniciar a contração.
6 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
7 Hemorragias: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
8 Fragmento: 1. Pedaço de coisa que se quebrou, cortou, rasgou etc. É parte de um todo; fração. 2. No sentido figurado, é o resto de uma obra literária ou artística cuja maior parte se perdeu ou foi destruída. Ou um trecho extraído de uma obra.
9 Trombina: Enzima presente no plasma. Ela catalisa a conversão do fibrinogênio em fibrina, participando do processo de coagulação sanguínea.
10 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
11 Vasos Sanguíneos: Qualquer vaso tubular que transporta o sangue (artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias).
12 Amamentação: Ato da nutriz dar o peito e o lactente mamá-lo diretamente. É um fenômeno psico-sócio-cultural. Dar de mamar a; criar ao peito; aleitar; lactar... A amamentação é uma forma de aleitamento, mas há outras formas.
13 Ocitocina: Hormônio produzido pelo hipotálamo e armazenado na hipófise posterior (neuro-hipófise). Tem a função de promover as contrações uterinas durante o parto e a ejeção do leite durante a amamentação.
14 Hipotonia: 1. Em biologia, é a condição da solução que apresenta menor concentração de solutos do que outra. 2. Em fisiologia, é a redução ou perda do tono muscular ou a redução da tensão em qualquer parte do corpo (por exemplo, no globo ocular, nas artérias, etc.)
15 Episiotomia: Corte cirúrgico feito no períneo (área entre a vagina e o ânus), realizado com anestesia local, se a mulher ainda não estiver anestesiada, para alargar o canal do parto e, supostamente, ajudar o nascimento do bebê.
16 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
17 Choque hipovolêmico: Choque é um distúrbio caracterizado pelo insuficiente suprimento de sangue para os tecidos e células do corpo. O choque hipovolêmico tem como causa principal a perda de sangue, plasma ou líquidos extracelulares. É o tipo mais comum de choque e deve-se a uma redução absoluta e geralmente súbita do volume sanguíneo circulante em relação à capacidade do sistema vascular.
18 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
19 Inchaço: Inchação, edema.
20 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
21 Hematócrito: Exame de laboratório que expressa a concentração de glóbulos vermelhos no sangue.
22 Plaquetas: Elemento do sangue (não é uma célula porque não apresenta núcleo) produzido na medula óssea, cuja principal função é participar da coagulação do sangue através da formação de conglomerados que tamponam o escape do sangue por uma lesão em um vaso sangüíneo.
23 Fibrinogênio: Proteína plasmática precursora da fibrina (que dá origem à fibrina) e que participa da coagulação sanguínea.
24 Tromboplastina: Conhecida como fator tissular ou Fator III, a tromboplastina é uma substância presente nos tecidos e no interior das plaquetas. Ela tem a função de transformar a protrombina em trombina na presença de íons cálcio, atuando de maneira importante no processo de coagulação.
25 Protrombina: Proteína plasmática inativa, é a precursora da trombina e essencial para a coagulação sanguínea.
26 Urgência: 1. Necessidade que requer solução imediata; pressa. 2. Situação crítica ou muito grave que tem prioridade sobre outras; emergência.
27 Bexiga: Órgão cavitário, situado na cavidade pélvica, no qual é armazenada a urina, que é produzida pelos rins. É uma víscera oca caracterizada por sua distensibilidade. Tem a forma de pêra quando está vazia e a forma de bola quando está cheia.
28 Curetagem: Operação ou cirurgia que consiste em esvaziar o interior de uma cavidade natural ou patológica com o auxílio de uma cureta; raspagem.
29 Sinais vitais: Conjunto de variáveis fisiológicas que são pressão arterial, freqüência cardíaca, freqüência respiratória e temperatura corporal.
30 Histerectomia: Cirurgia através da qual se extrai o útero. Pode ser realizada mediante a presença de tumores ou hemorragias incontroláveis por outras formas. Quando se acrescenta à retirada dos ovários e trompas de Falópio (tubas uterinas) a esta cirurgia, denomina-se anexo-histerectomia.
31 Metrorragia: Hemorragia uterina produzida fora do período menstrual. Pode ser sinal de menopausa. Em certas ocasiões é produzida pela presença de tumor uterino ou nos ovários.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.