Gostou do artigo? Compartilhe!

Vacina tríplice bacteriana: o que devemos saber sobre ela?

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é a vacina1 tríplice bacteriana?

Chama-se vacina1 tríplice bacteriana à associação de vacinas contra a difteria2, o tétano3 e a coqueluche4, as quais podem ser aplicadas de uma só vez. A vacina1 contém toxoide diftérico, toxoide tetânico e a bactéria5 Bordetella pertussis inativada em suspensão, sendo apresentada em forma líquida em frascos com múltiplas doses ou ampolas com dose única. A difteria2 é uma doença causada por um bacilo6 que frequentemente se aloja nas amígdalas7, faringe8, laringe9 e nariz10. A transmissão se dá através de gotículas de secreção respiratória, eliminadas por tosse, espirro ou ao falar. O tétano3 é uma doença não contagiosa11, transmitida de forma acidental ou neonatal. A forma acidental geralmente acomete pessoas que contraem o bacilo6 do solo contaminado, através de ferimentos ou lesões12 na pele13. O tétano3 neonatal é devido ao uso de instrumentos inadequadamente esterilizados ou uso de substâncias contaminadas no coto umbilical. A coqueluche4, cujo agente etiológico14 é a bactéria5 Bordetella pertussis, é uma doença infecciosa aguda, de transmissão respiratória. A transmissão ocorre principalmente por meio de eliminação de gotículas eliminadas ao tossir, falar ou espirrar. A atuação imunogênica da vacina1 para a coqueluche4 não é tão notória quanto a dos toxoides contra a difteria2 e o tétano3, porém a eficácia da vacina1 tríplice bacteriana é bem estabelecida.

Como deve ser administrada a vacina1 tríplice bacteriana?

A vacinação deve ser feita em três doses, com intervalos de sessenta dias entre elas e o reforço deve ser feito entre seis e doze meses após a terceira dose, preferencialmente no décimo quinto mês de idade. Um segundo reforço é necessário, dezoito meses após o primeiro. É recomendável que se complete as três doses no primeiro ano de vida. Em caso de ferimento com alto risco de tétano3, deve ser aplicada mais uma dose da vacina1 tríplice bacteriana. A vacina1 tríplice bacteriana, em dose de 0,5 a 1,0 ml, deve ser aplicada em injeções intramusculares profundas, no músculo vasto lateral da coxa15. Em crianças maiores de dois anos de idade pode ser aplicada na região deltoide16.

Quem deve tomar a vacina1 tríplice bacteriana?

A aplicação da vacina1 tríplice bacteriana deve ser feita em crianças até os sete anos de idade. Depois dessa idade deve ser utilizada a vacina1 tríplice bacteriana acelular do tipo adulto. Além dessa proteção às crianças, a vacina1 ainda está indicada prioritariamente para os profissionais de saúde17, que se expõem mais aos agentes etiológicos das três doenças, militares, policiais, bombeiros, coletores de lixo, profissionais que trabalham com crianças ou animais, manicures e podólogos.

Quem não deve tomar a vacina1 tríplice bacteriana?

A vacina1 tríplice bacteriana é contraindicada para crianças que tenham apresentado reações graves após a aplicação de dose anterior e encefalopatia18 nos primeiros sete dias após a vacinação. Nessas crianças, o esquema vacinal deve ser completado com vacina1 para difteria2 e tétano3. Não se deve vacinar as crianças antes das idades mínimas indicadas. Provavelmente não há riscos de se vacinar antes da hora, mas não existem estudos que garantam a segurança da vacina1 naquelas faixas etárias. Mulheres gestantes também não devem tomar esta vacina1, podendo, contudo receber a vacina1 contra difteria2 e tétano3, tipo adulto.

Quais são as principais reações à vacina1 tríplice bacteriana?

Após a aplicação da vacina1 tríplice bacteriana podem ocorrer alguns eventos pós-vacinais de pouca significação clínica que, por não determinarem sequelas19, não são considerados contraindicações para doses posteriores da vacina1. Esses eventos incluem choro persistente e incontrolável, temperatura igual ou maior a 39,5ºC, convulsões, episódio hipotônico20 e sudorese21 fria. Podem ocorrer também dor, vermelhidão e endurecimento locais, mal-estar geral e irritabilidade passageira e ainda, com menor frequência, sonolência.

Como evolui a vacina1 tríplice bacteriana?

Uma dose de reforço da vacina1 tríplice bacteriana deve ser dada se a pessoa tiver contato obrigatório com um doente de difteria2. Se a pessoa tiver um ferimento suspeito deve seguir as normas indicadas pelo médico para a profilaxia do tétano3 após este tipo de ferimento.

Quais são as complicações possíveis da vacina1 tríplice bacteriana?

As complicações possíveis da vacina1 tríplice bacteriana são devidas principalmente à fração anticoqueluxe e constituem-se de estado de choque22, temperatura elevada, convulsões, encefalopatia18 e alterações neurológicas focais. Essas complicações contraindicam a continuação da vacina1 tríplice bacteriana, podendo-se fazer a substituição dela pela vacina1 dupla infantil.

ABCMED, 2014. Vacina tríplice bacteriana: o que devemos saber sobre ela?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-da-crianca/702117/vacina-triplice-bacteriana-o-que-devemos-saber-sobre-ela.htm>. Acesso em: 19 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Vacina: Tratamento à base de bactérias, vírus vivos atenuados ou seus produtos celulares, que têm o objetivo de produzir uma imunização ativa no organismo para uma determinada infecção.
2 Difteria: Doença infecto-contagiosa que afeta as vias respiratórias superiores, caracterizada pela produção de uma falsa membrana na garganta como resultado da ação de uma toxina bacteriana. Este microorganismo é denominado Corinebacterium difteriae, e é capaz de produzir doença neurológica e cardíaca também.Atualmente, está disponível uma vacina eficiente (a tríplice ou DPT) para esta doença, que tem tornado-se rara.
3 Tétano: Toxinfecção produzida por uma bactéria chamada Clostridium tetani. Esta, ao infectar uma ferida cutânea, produz uma toxina (tetanospasmina) altamente nociva para o sistema nervoso que produz espasmos e paralisia dos nervos afetados. Pode ser fatal. Existe vacina contra o tétano (antitetânica) que deve ser tomada sempre que acontecer um traumatismo em que se suspeita da contaminação por esta bactéria. Se a contaminação for confirmada, ou se a pessoa nunca recebeu uma dose da vacina anteriormente, pode ser necessário administrar anticorpos exógenos (de soro de cavalo) contra esta toxina.
4 Coqueluche: Infecção bacteriana das vias aéreas caracterizada por tosse repetitiva de som metálico. Pode também ser denominada tosse ferina, tosse convulsa ou tosse comprida, e é produzida por um microorganismo chamado Bordetella pertussis.
5 Bactéria: Organismo unicelular, capaz de auto-reproduzir-se. Existem diferentes tipos de bactérias, classificadas segundo suas características de crescimento (aeróbicas ou anaeróbicas, etc.), sua capacidade de absorver corantes especiais (Gram positivas, Gram negativas), segundo sua forma (bacilos, cocos, espiroquetas, etc.). Algumas produzem infecções no ser humano, que podem ser bastante graves.
6 Bacilo: 1. Bactéria em forma de bastonete. 2. Designação comum às bactérias do gênero Bacillus, cujas espécies são saprófitas ou patogênicas para os seres humanos e para os mamíferos.
7 Amígdalas: Designação comum a vários agregados de tecido linfoide, especialmente o que se situa à entrada da garganta; tonsila.
8 Faringe: Canal músculo-membranoso comum aos sistemas digestivo e respiratório. Comunica-se com a boca e com as fossas nasais. É dividida em três partes: faringe superior (nasofaringe ou rinofaringe), faringe bucal (orofaringe) e faringe inferior (hipofaringe, laringofaringe ou faringe esofagiana), sendo um órgão indispensável para a circulação do ar e dos alimentos.
9 Laringe: É um órgão fibromuscular, situado entre a traqueia e a base da língua que permite a passagem de ar para a traquéia. Consiste em uma série de cartilagens, como a tiroide, a cricóide e a epiglote e três pares de cartilagens: aritnoide, corniculada e cuneiforme, todas elas revestidas de membrana mucosa que são movidas pelos músculos da laringe. As dobras da membrana mucosa dão origem às pregas vocais.
10 Nariz: Estrutura especializada que funciona como um órgão do sentido do olfato e que também pertence ao sistema respiratório; o termo inclui tanto o nariz externo como a cavidade nasal.
11 Contagiosa: 1. Que é transmitida por contato ou contágio. 2. Que constitui veículo para o contágio. 3. Que se transmite pela intensidade, pela influência, etc.; contagiante.
12 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
13 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
14 Etiológico: Relativo à etiologia; que investiga a causa e origem de algo.
15 Coxa: É a região situada abaixo da virilha e acima do joelho, onde está localizado o maior osso do corpo humano, o fêmur.
16 Deltoide: 1. Que apresenta a forma triangular de um delta (“letra do alfabeto gregoâ€). 2. Em botânica, diz-se do que é ovado e com os dois lados e a base retilíneos, ou quase, assemelhando-se a um triângulo (diz-se de folha). 3. Em geometria, quadrilátero não convexo, com dois pares de lados adjacentes iguais. 4. Em anatomia, o deltoide é um músculo em forma de triângulo, que cobre a cintura escápulo-umeral e a estrutura do ombro.
17 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
18 Encefalopatia: Qualquer patologia do encéfalo. O encéfalo é um conjunto que engloba o tronco cerebral, o cerebelo e o cérebro.
19 Sequelas: 1. Na medicina, é a anomalia consequente a uma moléstia, da qual deriva direta ou indiretamente. 2. Ato ou efeito de seguir. 3. Grupo de pessoas que seguem o interesse de alguém; bando. 4. Efeito de uma causa; consequência, resultado. 5. Ato ou efeito de dar seguimento a algo que foi iniciado; sequência, continuação. 6. Sequência ou cadeia de fatos, coisas, objetos; série, sucessão. 7. Possibilidade de acompanhar a coisa onerada nas mãos de qualquer detentor e exercer sobre ela as prerrogativas de seu direito.
20 Hipotônico: Que ou aquele que apresenta hipotonia, ou seja, aquela solução que apresenta menor concentração de solutos do que outra solução; redução ou perda do tono muscular ou redução da tensão em qualquer parte do corpo (por exemplo, no globo ocular ou nos vasos sanguíneos).
21 Sudorese: Suor excessivo
22 Choque: 1. Estado de insuficiência circulatória a nível celular, produzido por hemorragias graves, sepse, reações alérgicas graves, etc. Pode ocasionar lesão celular irreversível se a hipóxia persistir por tempo suficiente. 2. Encontro violento, com impacto ou abalo brusco, entre dois corpos. Colisão ou concussão. 3. Perturbação brusca no equilíbrio mental ou emocional. Abalo psíquico devido a uma causa externa.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.