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Fases da infância - como elas são? Quais as mudanças envolvidas?

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O que é a infância?

A infância é a etapa da vida que vai do nascimento até aproximadamente o 11º ano. Trata-se de um período em que há comparativamente o maior desenvolvimento físico e mental de uma pessoa, caracterizado por um marcante ganho de volume do corpo (altura e peso) e aquisição de novas capacidades físicas como andar e falar, por exemplo, especialmente nos primeiros três anos de vida.

Do ponto de vista da psicologia individual, a criança, nesse período, experimenta grandes mudanças no comportamento e forma as bases da sua personalidade.

Como são as diferentes fases da infância?

A repartição da infância em fases ou períodos varia de um autor para outro, bem como entre diferentes correntes de pensamento. Por isso, a que apresentamos a seguir é apenas uma delas, entre várias outras possíveis. O que ocorre é que, seja qual for a divisão adotada, ela aponta sempre um mesmo sentido. Essas divisões obedecem a fins didáticos, embora tenham também grande aplicação prática.

Conhecer essas fases permite aos adultos cuidar mais adequadamente das crianças e estimular seu desenvolvimento físico, intelectual e social, entendendo o que elas vivenciam a cada momento. Ao mesmo tempo, ajuda a advertir os adultos sobre que cuidados devem ter com elas. Na verdade, esta é uma maneira de dizer como a criança está se movendo no sentido do seu crescimento e desenvolvimento.

Saiba mais sobre "Crescimento infantil1".

De 1 a 18 meses

Durante todo esse período, o bebê é totalmente dependente de outras pessoas para quaisquer coisas (locomoção, alimentação, brincadeiras, higiene, etc). No entanto, já nos primeiros dezoito meses de vida, a criança faz um progresso “milagroso”. Neste período, ela aprende a sentar, a gatinhar, a andar e começa a pronunciar alguns sons.

Até o sexto mês de vida, a alimentação deve ter-se constituído apenas de leite materno, porque assim ela estará recebendo anticorpos2 e outros fatores para protegê-la de infecções3. Os primeiros cabelos, os primeiros dentes e as primeiras palavras começam a aparecer neste estágio. Este período é marcado por acentuado egocentrismo e o bebê age como se o mundo girasse em torno de si.

Leia mais sobre "Alimentação infantil" e "Amamentação4".

De 18 meses a 3 anos

Nesta fase a criança já consegue correr uma curta distância por si mesma, comer sem a ajuda de terceiros e falar algumas palavras significativas e simples como, por exemplo, mamã, papá, bola, etc. A ocorrência mais notável desta faixa etária é o desenvolvimento gradual da fala e da linguagem. Aos três anos de idade, uma criança já possui um vocabulário de aproximadamente 800 a mil palavras.

De 3 a 4 ou 5 anos

Pesquisas recentes da fisiologia5 do cérebro6 indicam que entre o nascimento e os três anos de idade estão os anos mais importantes do desenvolvimento da criança. Ao fim dessa etapa, as crianças começam a desenvolver os aspectos básicos de responsabilidade e independência e estão constantemente explorando o mundo à sua volta. Começam a aprender a socialização e a abandonar o egocentrismo e passam a compreender que suas ações podem afetar as pessoas à sua volta.

Tem início o processo chamado identificação, em que os exemplos passam a ser imitados e incorporados ao arsenal comportamental da criança. As crianças passam a identificar-se com pessoas com quem tenham laços afetivos de amizade e com seus “ídolos”. É nessa etapa que a maioria das crianças abandona as fraldas, ganhando maior autonomia. Durante os anos pré-escolares elas vão estar ocupadas com cortar, colar, pintar e cantar. Muitas vezes é nessa fase que a criança começa a ir ao jardim de infância.

De 5 a 9 anos

Embora a criança continue a se desenvolver fisicamente, nesse período ocorre um marcante desenvolvimento cognitivo7, social, emocional e mental. As crianças já aprenderam as regras e padrões básicos de comportamento da sociedade em que vivem e já são capazes de julgar se uma dada ação é certa ou errada.

A vida social da criança torna-se cada vez mais importante e é comum nesta idade o que se chama de “melhor amigo”. Assim, diminui a importância dos pais e aumenta a importância dos amigos e dos professores. Habitualmente, querem saber as razões e os porquês de todos os problemas e fatos. Aos 6 anos, mais ou menos, ocorre a idade dos intermináveis “por quês”.

Os dentes de leite começam a cair geralmente no sexto ano de vida e continuam até a adolescência ou ainda mais tarde, mas o acontecimento mais significativo dessa etapa é o surgimento da capacidade para ler e escrever. A curiosidade e vontade de explorar coisas novas é intensa nesse período e continua a crescer.

De 10 a 13 anos

A partir dos 10 anos de idade as crianças entram na chamada pré-adolescência. Aí, as crianças passam a ter mais responsabilidades, ao mesmo tempo em que passam a querer e a exigir mais respeito dos adultos. Nesta fase, a participação num grupo de amigos que possuem interesses e gostos em comum torna-se muito importante para a criança e o modelo dado pelos amigos começa a ter precedência em relação ao modelo dado pelos pais.

Começam as preocupações da criança com relação a ser ou não aceita por um grupo e ela procura minimizar as diferenças em relação a outras crianças da mesma idade. Muitos pré-adolescentes sentem-se rejeitados pela sociedade, podendo isso desencadear problemas psicológicos. A pré-adolescência é também marcada pelo aumento do ritmo de crescimento corporal e pelo amadurecimento dos órgãos sexuais. Está começando a puberdade e a adolescência, com seus novos problemas típicos.

Veja também sobre "Crises da adolescência", "A criança que vai para a creche", "Dores do crescimento" e "Dislalia".

 

ABCMED, 2016. Fases da infância - como elas são? Quais as mudanças envolvidas?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-da-crianca/1280663/fases-da-infancia-como-elas-sao-quais-as-mudancas-envolvidas.htm>. Acesso em: 3 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Crescimento Infantil: Aumento na estrutura do corpo, tendo em vista a multiplicação e o aumento do tamanho das células. Controla-se principalmente o peso corporal, a estatura e o perímetro cefálico, com o objetivo de saber o quanto a criança ganhou ou perdeu em determinados intervalos de tempo e tendo por base um acompanhamento a longo prazo, através de anotações em gráficos ou curvas de crescimento. O pediatra precisa conhecer e analisar vários fatores referentes à criança e a sua família, como o peso e a altura dos pais, o padrão de crescimento deles, os dados da gestação, o peso e a estatura ao nascimento e a alimentação do bebê para avaliar a situação do crescimento de determinada criança. Não é simplesmente consultar gráficos. Somente o médico da criança pode avaliar seu crescimento. Uma criança pode estar fora da “faixa mais comum de referência“ e, ainda assim, ter um crescimento normal.
2 Anticorpos: Proteínas produzidas pelo organismo para se proteger de substâncias estranhas como bactérias ou vírus. As pessoas que têm diabetes tipo 1 produzem anticorpos que destroem as células beta produtoras de insulina do próprio organismo.
3 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
4 Amamentação: Ato da nutriz dar o peito e o lactente mamá-lo diretamente. É um fenômeno psico-sócio-cultural. Dar de mamar a; criar ao peito; aleitar; lactar... A amamentação é uma forma de aleitamento, mas há outras formas.
5 Fisiologia: Estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
6 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
7 Cognitivo: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
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