O que é a histeria?
O que é a histeria?
A histeria é uma forma de neurose1 caracterizada por exagero teatral das reações emocionais e pela conversão de conflitos psíquicos em sintomas2 físicos. Muitas vezes a histeria dá a impressão (sem ser) de simulação. Com relação a ela talvez possamos parodiar o verso que Fernando Pessoa escreveu sobre o poeta, mantendo as mesmas metáforas que ele usou:
"O poeta (o histérico) é um fingidor
Finge tão completamente
Que às vezes finge que é dor
A dor que deveras sente."
Quais os sintomas2 da histeria?
Os sintomas2 da histeria são polifacéticos e podem imitar praticamente qualquer enfermidade. Eles são de dois tipos: sintomas2 conversivos, constituídos por expressões físicas de conflitos emocionais (paralisias, parestesias3, contraturas, anestesias, perda da fala ou da visão4, etc.) e sintomas2 dissociativos, em que ocorre uma cisão da consciência, originando bizarrias psicológicas como automatismos, estados crepusculares, amnésias5, desmaios, etc.
Quais as características psicológicas das pessoas com neurose1 histérica?
Os histéricos reagem às pessoas e situações com grandes arroubos emocionais caricatos e procuram chamar a atenção sobre si exibindo o que consideram ser características atraentes (beleza física, superioridade moral, bons modos, vestir-se bem, etc.) ou buscando causar compaixão ou ciúmes. Eles geralmente adornam suas falas com termos superlativos e suas performances logo se mostram pouco autênticas e sem genuinidade. São interiormente anárquicos, não sabem bem o que querem; são impontuais e despreocupados com detalhes. Guiam-se mais por intuições e impressões repentinas que por juízos serenos e bem fundamentados. Sentem-se aborrecidos com as tarefas rotineiras, mas só se envolvem em empreendimentos novos se eles prometem atrair atenção.
Outros traços psicológicos são:
- Emocionalidade: Os histéricos habitualmente reagem aos acontecimentos com uma exuberância emocional inadequada, chegando, por vezes, a serem espalhafatosos. No relacionamento pessoal parecem efusivos e cordiais, e decepcionam-se com o que lhes parece ser a frieza das demais pessoas. A sua linguagem, além de superlativa, é recheada de frases de efeito e eles podem tornar-se pouco fieis à verdade se algum adorno que a falseia parece conferir a ela um aspecto mais bombástico.
- Dramatização: Ao invés de apenas falar, os histéricos dramatizam sua expressividade e fazem isso principalmente em relação às doenças. Ao invés de apenas falar que a perna lhes dói, os histéricos a arrastam. Quando tristes, irrompem em choros convulsivos e se estão alegres explodem em gargalhadas altissonantes. Suas manifestações e suas vestes, por exemplo, são planejadas para chamar atenção. Nas mulheres há um exagero caricatural da feminilidade e nos homens uma certa afetação.
- Sedutividade: Os histéricos procuram ter um comportamento sedutor. Muitas vezes a sedutividade dos histéricos é dissimulada sob a forma de galanteios ou elogios, mas às vezes é claramente erotizada. Para tal, as mulheres histéricas podem até tornarem-se sexualmente promíscuas. As pessoas que também se utilizam dessas mesmas táticas são vistas por elas como rivais.
- Sugestionabilidade: Os histéricos são também muito sugestionáveis e podem ser influenciados tanto por pessoas quanto por situações. Se, por exemplo, acompanhar algum doente, é possível que tempos depois o histérico venha a sentir os mesmos sintomas2 da pessoa a quem assistiu. Quando admiram determinada pessoa, dentro em pouco estão se comportando como ela. Se passarem a conviver num meio social novo, adotam rapidamente os costumes dele.
O que são crises histéricas?
As crises histéricas são episódios em que os sintomas2 histéricos sobrevêm de maneira repentina, em geral à raiz de uma situação emocional desagradável. Um caso especial delas é o representado pelos desmaios histéricos, que imitam os desmaios epilépticos. Os fatores desencadeantes dessas crises em geral são ligados à vida amorosa (o namorado que foi flagrado com outra, o amante que partiu, o marido que brigou com a paciente, dentre outros). Esses fatos dificilmente são tomados na sua expressão real e o histérico acrescenta a eles uma boa dose de fantasia, de modo a torná-los ainda mais drásticos.
Como diferenciar os desmaios epilépticos dos desmaios histéricos?
Epilépticos | Histéricos |
Acontecem em qualquer situação, até mesmo durante o sono. | Só ocorrem em presença de outras pessoas. Necessitam de uma platéia. |
Perdem o tônus muscular6 repentinamente e, em geral, se ferem. | Não se machucam. Caem vagarosamente e se protegem. |
Quase sempre mordem a língua7 durante as convulsões. | Com os histéricos isso não acontece. |
Perdem urina8 durante os desmaios. | Com os histéricos isso não acontece. |
Babam muito durante as crises. | Com os histéricos isso não acontece. |
Recobram a lucidez e a orientação aos poucos. | Os histéricos recobram-nas mais rapidamente. |
Como deve ser feito o tratamento das histerias?
O tratamento das histerias deve ser principalmente psicoterápico, embora algumas medicações ansiolíticas e antidepressivas possam ser úteis para aliviar ou corrigir alguns sintomas2 agudos. Imagina-se que as histerias sejam os casos melhor indicados para a psicanálise.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.