Neurotransmissores - quais são e como agem?
O que são neurônios1?
Os neurônios1, ou células nervosas2, são células3 que constituem as unidades básicas do sistema nervoso4, relacionadas com a propagação dos estímulos. Essas células3 têm uma forma própria, diferente de todas as outras células3 do organismo, sendo compostas de três partes:
- Corpo celular, que é o local onde está presente o núcleo, grande parte das organelas celulares e de onde partem os prolongamentos dessa célula5.
- Dendritos, que são prolongamentos dos neurônios1 em forma de garras, que garantem a recepção dos estímulos e os levam em direção ao corpo celular. Quase todos os neurônios1 apresentam uma grande quantidade de dendritos.
- Axônio6, que é um prolongamento único para cada neurônio, mais longo que os dendritos e pelo qual se dá a condução do impulso nervoso. A comunicação entre os neurônios1 é feita pelo axônio6 de uma célula5 com os dendritos das células3 seguintes.
O que são neurotransmissores?
Os neurônios1 não se comunicam fisicamente um com o outro nem com um músculo ou glândula7. Entre eles há um pequeno espaço preenchido por líquido, denominado sinapse nervosa. O impulso elétrico que transita pelo axônio6 de um neurônio se converte em substâncias químicas nas vesículas8 existentes em sua extremidade final (vesículas8 sinápticas), que são então liberadas na fenda sináptica (espaço químico entre dois neurônios1) e captadas pelos dendritos dos neurônios1 posteriores.
Essas substâncias, ditas mensageiras químicas, portam mensagens que transmitem informações ou ordens de um neurônio a outro e às células musculares9 ou glândulas10. Elas são chamadas neurotransmissores.
Assim, o neurotransmissor é uma molécula endógena sinalizadora secretada por um neurônio para afetar outra célula5-alvo através de uma sinapse. Quando essa comunicação se verifica entre dois neurônios1, os neurônios1 anteriores à fenda sináptica são chamados neurônios1 pré-sinápticos e os posteriores a ela de neurônios1 pós-sinápticos.
Esses produtos químicos endógenos são essenciais para moldar a vida e as funções cotidianas. É através de neurotransmissores que o cérebro11 regula muitas funções corporais, incluindo frequência cardíaca, respiração, ciclos de sono, digestão12, humor, concentração, apetite e movimento muscular, além de funções psicológicas e outras funções físicas.
Leia sobre "Como as funções do corpo se comunicam" e "Neuroplasticidade cerebral".
Quais são os principais neurotransmissores?
Os neurotransmissores podem ser classificados em três tipos:
- Neurotransmissor excitatório, que atua estimulando a célula5-alvo a agir, provocando ações no corpo.
- Neurotransmissor inibidor, que diminui as chances da célula5-alvo agir e inibem algum tipo de ação no corpo.
- Neurotransmissores moduladores, que regulam alguma função no corpo.
Existem mais de uma centena de neurotransmissores identificados, mas os mais relevantes são os descritos a seguir.
A dopamina13 é um hormônio14 liberado pelo hipotálamo15, que é associado à sensação de bem-estar e aos controles motores do corpo. O cérebro11 libera dopamina13 durante atividades prazerosas. A falta desse hormônio14 pode desencadear o Mal de Parkinson e o excesso dele está relacionado à esquizofrenia16. Uma dieta saudável e o exercício físico podem ajudar a aumentar os níveis de dopamina13 naturalmente.
A endorfina é considerada o “hormônio do prazer”. Ela inibe os sinais17 de dor e cria uma sensação eufórica. É produzida pela hipófise18 e está relacionada à melhoria do humor, da memória, do funcionamento do sistema imunológico19, do controle da dor e do fluxo de sangue20. A falta de endorfina pode levar ao estresse, depressão e ansiedade. Exercícios aeróbicos aumentam os níveis de endorfina.
A serotonina é um neurotransmissor inibitório sintetizado pelo sistema nervoso central21 que quando é liberado para o corpo promove a sensação de bem-estar e satisfação, além de controlar o sono e regular o apetite e a energia. Também é conhecida como “hormônio do prazer”, e a ausência dela pode causar depressão, estresse, ansiedade, dentre outros problemas. A serotonina desempenha um papel importante na depressão e na ansiedade. Inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS) podem aliviar a depressão aumentando os níveis de serotonina no cérebro11.
O ácido gama aminobutírico (Gaba22) é um regulador do humor. Tem uma ação inibitória que impede que os neurônios1 fiquem superexcitados. Baixos níveis de GABA22 podem causar ansiedade, irritabilidade e inquietação. Os benzodiazepínicos funcionam contra a ansiedade aumentando a ação do GABA22.
O glutamato é o neurotransmissor mais abundante encontrado no sistema nervoso4. Atua como principal neurotransmissor excitatório, sendo muito importante para o aprendizado e memória.
A adrenalina23, também chamada de epinefrina, é um neurotransmissor excitatório, sendo liberado em situações que exigem esforço físico e que envolvem medo, estresse, perigo ou fortes emoções. Quando uma pessoa está estressada ou com medo, seu corpo pode liberar adrenalina23. Ela aumenta a frequência cardíaca e a respiração e dá aos músculos24 uma sacudida de energia. Também ajuda o cérebro11 a tomar decisões rápidas diante do perigo. Ou seja, é liberada como um mecanismo de defesa do corpo e para realizar grandes feitos, dessa forma, prepara o corpo para uma resposta de “luta ou fuga”.
A noradrenalina25 ou norepinefrina é um neurotransmissor semelhante à adrenalina23, que atua na regulação do humor, aprendizado e memória e na excitação física e mental. Níveis altos dessa substância podem levar ao aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial26 e níveis baixos podem resultar em doenças como a depressão e o aumento do estresse.
A acetilcolina27 é um neurotransmissor excitatório. Ela está relacionada com as atividades ligadas à atenção, aprendizado e memória. A acetilcolina27 desencadeia contrações musculares, estimula alguns hormônios e controla os batimentos cardíacos. A falta de acetilcolina27 no corpo pode desencadear diversas doenças neurológicas, tal qual a doença de Alzheimer28, e ter altos níveis de acetilcolina27 pode causar muita contração muscular e levar a convulsões, espasmos29 e outros problemas de saúde30.
Um grande progresso tem sido feito em várias áreas da medicina, especialmente na psiquiatria, a partir do reconhecimento e da elucidação da atuação dos neurotransmissores.
Veja também sobre "Neurociência - o que ela estuda" e "Melatonina - quando deve ser usada".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da The University of Queensland e do NIH – National Institutes of Health.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.