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Como é a síndrome nefrótica?

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O que é a síndrome nefrótica1?

A síndrome nefrótica1, muitas vezes chamada apenas de nefrose2, é um conjunto de sinais3 e sintomas4 que podem ser consequência de diversas doenças primariamente renais (síndrome nefrótica1 primária) ou não (síndrome nefrótica1 secundária). Ocorre em consequência de alterações da filtração glomerular renal5. Esse quadro clínico pode ocorrer em qualquer idade, inclusive em crianças pequenas, e é um pouco mais frequente nos homens do que nas mulheres.

Quais são as causas da síndrome nefrótica1?

As alterações da filtração renal5 devido à maior permeabilidade6 dos glomérulos7 podem ter causas inflamatórias, infecciosas, degenerativas8, obstrutivas, neoplásicas9 ou congênitas10. As principais doenças que causam a síndrome nefrótica1 incluem todas as formas de glomerulonefrites (inflamações11 dos glomérulos7) e outras doenças como a esquistossomose12, a toxoplasmose13, a malária, a AIDS, a hepatite14 B, o diabetes mellitus15, a trombose16 venosa renal5, as drogas tóxicas para os glomérulos7, o câncer17 e doenças hereditárias, entre outras mais.

Quais são os principais sinais3 e sintomas4 da síndrome nefrótica1?

Os principais sinais3 e sintomas4 da síndrome nefrótica1 são causados pela maior permeabilidade6 dos glomérulos7, que deixam passar macromoléculas proteicas. São eles: edema18 generalizado, de início lento, que começa pelas pernas e pálpebras19; volume urinário muito diminuído; perda de proteína na urina20 (superior a 3-3,5 gramas na urina20 de 24 horas); albumina21 muito baixa; colesterol22 e triglicérides23 elevados no sangue24 e hipercoagulabilidade25 (coagulação26 sanguínea mais rápida que o normal). Podem ocorrer também ascite27 (extravasamento de líquido para o interior do abdômen) e derrame28 pleural (extravasamento de líquido no espaço entre as folhas da pleura29).

Como o médico diagnostica a síndrome nefrótica1?

A história clínica e o exame físico fornecerão ao médico alguns indícios que serão melhor esclarecidos pelos exames laboratoriais de sangue24 e de urina20. Na síndrome nefrótica1 o exame de sangue24 mostrará, entre outras coisas, uma hipoalbuminemia30 (taxa baixa de albumina21 no sangue24) e o exame de urina31 revelará proteinúria32 (presença de proteína na urina20) maciça. Além disso, devido a que a albumina21 é a transportadora biológica do cálcio e do iodo, ocorrerá queda sanguínea desses elementos. A perda da albumina21 tem também como consequência contribuir com menos substratos para os fatores anticoagulantes33, favorecendo a coagulabilidade e as tromboses34 venosas. Na síndrome nefrótica1 há aumento das gorduras ligadas às proteínas35 e, assim, alta do colesterol22 sanguíneo. Em alguns casos, para diagnosticar a causa da doença pode ser necessário fazer uma biópsia36 renal5.

Como o médico trata a síndrome nefrótica1?

O tratamento da síndrome nefrótica1 visa eliminar a perda anormal de proteínas35 pela urina20. Conforme seja a causa da síndrome nefrótica1 pode-se usar anti-inflamatórios, antibióticos, imunossupressores e até mesmo cirurgia, no caso de obstrução venosa ou neoplasia37. As complicações (hipocalcemia38, hiperlipemia, distúrbios da coagulação26 e desnutrição39) devem ser tratadas pelos meios apropriados.

Como evolui a síndrome nefrótica1?

A evolução da síndrome nefrótica1 depende da evolução da sua causa, mas é reversível na maioria dos casos.

Quais são as complicações possíveis da síndrome nefrótica1?

A síndrome nefrótica1 pode se complicar com vários distúrbios metabólicos relacionados aos sais minerais, como sódio, cálcio, iodo, etc. e quadros trombóticos40 devido à menor atuação dos fatores anticoagulantes33 do sangue24.

ABCMED, 2014. Como é a síndrome nefrótica?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/556922/como-e-a-sindrome-nefrotica.htm>. Acesso em: 20 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Síndrome nefrótica: Doença que afeta os rins. Caracteriza-se pela eliminação de proteínas através da urina, com diminuição nos níveis de albumina do plasma. As pessoas com síndrome nefrótica apresentam edema, eliminação de urina espumosa, aumento dos lipídeos do sangue, etc.
2 Nefrose: Degeneração do epitélio tubular renal.
3 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
4 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
5 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
6 Permeabilidade: Qualidade dos corpos que deixam passar através de seus poros outros corpos (fluidos, líquidos, gases, etc.).
7 Glomérulos: 1. Pequeno tufo ou novelo de fibras nervosas ou vasos sanguíneos, especialmente de capilares. 2. Rede de capilares recoberta por células epiteliais nos rins, é o local onde o sangue é filtrado e os produtos de excreção são removidos. 3. Inflorescência cimosa na qual as flores são subsésseis e muito próximas entre si, formando um aglomerado de aspecto globoso.
8 Degenerativas: Relativas a ou que provocam degeneração.
9 Neoplásicas: Que apresentam neoplasias, ou seja, que apresentam processo patológico que resulta no desenvolvimento de neoplasma ou tumor. Um neoplasma é uma neoformação de crescimento anormal, incontrolado e progressivo de tecido, mediante proliferação celular.
10 Congênitas: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
11 Inflamações: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc. Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
12 Esquistossomose: Doença produzida no homem por vermes do gênero Schistosoma, especialmente S. mansoni, S. haematobium e S. japonicum. No Brasil, há apenas a espécie Schistossoma mansoni, que causa diarreia, hepatomegalia e esplenomegalia.
13 Toxoplasmose: Infecção produzida por um parasita unicelular denominado Toxoplasma gondii. Este parasita cumpre um primeiro ciclo no interior do tubo digestivo de certos animais domésticos como o gato. A infecção é produzida ao ingerir alimentos contaminados e pode ocasionar graves transtornos durante a gestação e em pessoas imunossuprimidas.
14 Hepatite: Inflamação do fígado, caracterizada por coloração amarela da pele e mucosas (icterícia), dor na região superior direita do abdome, cansaço generalizado, aumento do tamanho do fígado, etc. Pode ser produzida por múltiplas causas como infecções virais, toxicidade por drogas, doenças imunológicas, etc.
15 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
16 Trombose: Formação de trombos no interior de um vaso sanguíneo. Pode ser venosa ou arterial e produz diferentes sintomas segundo os territórios afetados. A trombose de uma artéria coronariana pode produzir um infarto do miocárdio.
17 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
18 Edema: 1. Inchaço causado pelo excesso de fluidos no organismo. 2. Acúmulo anormal de líquido nos tecidos do organismo, especialmente no tecido conjuntivo.
19 Pálpebras:
20 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
21 Albumina: Proteína encontrada no plasma, com importantes funções, como equilíbrio osmótico, transporte de substâncias, etc.
22 Colesterol: Tipo de gordura produzida pelo fígado e encontrada no sangue, músculos, fígado e outros tecidos. O colesterol é usado pelo corpo para a produção de hormônios esteróides (testosterona, estrógeno, cortisol e progesterona). O excesso de colesterol pode causar depósito de gordura nos vasos sangüíneos. Seus componentes são: HDL-Colesterol: tem efeito protetor para as artérias, é considerado o bom colesterol. LDL-Colesterol: relacionado às doenças cardiovasculares, é o mau colesterol. VLDL-Colesterol: representa os triglicérides (um quinto destes).
23 Triglicérides: A principal maneira de armazenar os lipídeos no tecido adiposo é sob a forma de triglicérides. São também os tipos de lipídeos mais abundantes na alimentação. Podem ser definidos como compostos formados pela união de três ácidos graxos com glicerol. Os triglicérides sólidos em temperatura ambiente são conhecidos como gorduras, enquanto os líquidos são os óleos. As gorduras geralmente possuem uma alta proporção de ácidos graxos saturados de cadeia longa, já os óleos normalmente contêm mais ácidos graxos insaturados de cadeia curta.
24 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
25 Hipercoagulabilidade: Aumento da velocidade de coagulação do sangue.
26 Coagulação: Ato ou efeito de coagular(-se), passando do estado líquido ao sólido.
27 Ascite: Acúmulo anormal de líquido na cavidade peritoneal. Pode estar associada a diferentes doenças como cirrose, insuficiência cardíaca, câncer de ovário, esquistossomose, etc.
28 Derrame: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
29 Pleura: Membrana serosa que recobre internamente a parede torácica e a superfície pulmonar.
30 Hipoalbuminemia: Queda da albumina no sangue.
31 Exame de urina: Também chamado de urinálise, o teste de urina é feito através de uma amostra de urina e pode diagnosticar doenças do sistema urinário e outros sistemas do organismo. Alguns testes são feitos em uma amostra simples e outros pela coleta da urina durante 24 horas. Pode ser feita uma cultura da urina para verificar o crescimento de bactérias na urina.
32 Proteinúria: Presença de proteínas na urina, indicando que os rins não estão trabalhando apropriadamente.
33 Anticoagulantes: Substâncias ou medicamentos que evitam a coagulação, especialmente do sangue.
34 Tromboses: Formações de trombos no interior de um vaso sanguíneo. Podem ser venosas ou arteriais e produzem diferentes sintomas segundo os territórios afetados. A trombose de uma artéria coronariana pode produzir um infarto do miocárdio.
35 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
36 Biópsia: 1. Retirada de material celular ou de um fragmento de tecido de um ser vivo para determinação de um diagnóstico. 2. Exame histológico e histoquímico. 3. Por metonímia, é o próprio material retirado para exame.
37 Neoplasia: Termo que denomina um conjunto de doenças caracterizadas pelo crescimento anormal e em certas situações pela invasão de órgãos à distância (metástases). As neoplasias mais frequentes são as de mama, cólon, pele e pulmões.
38 Hipocalcemia: É a existência de uma fraca concentração de cálcio no sangue. A manifestação clínica característica da hipocalcemia aguda é a crise de tetania.
39 Desnutrição: Estado carencial produzido por ingestão insuficiente de calorias, proteínas ou ambos. Manifesta-se por distúrbios do desenvolvimento (na infância), atrofia de tecidos músculo-esqueléticos e caquexia.
40 Trombóticos: Relativo à trombose, ou seja, à formação ou desenvolvimento de um trombo (coágulo).
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