Convulsões. O que são e quais os primeiros socorros a serem prestados?
O que são convulsões?
Clinicamente, as convulsões são crises caracterizadas por perda súbita da consciência, geralmente acompanhadas de fortes abalos musculares tônico-clônicos (relaxamentos e contrações alternados), eliminação involuntária1 da urina2 e cessação da deglutição3, acompanhada de apneia4 com duração de alguns segundos e de um “despertar” confuso e desorientado.
As convulsões constituem um quadro de emergência5 médica e embora raramente representem um perigo à vida, geralmente são vistas dessa maneira pelas pessoas que circundam o paciente. A verdadeira gravidade ou não da situação é dada pelas enfermidades que desencadeiam as crises.
Quais as causas das convulsões?
A maioria das convulsões ocorre em epilépticos e neles são crises periódicas, crônicas e repetitivas. Há outras, eventuais, devido a fatores simples ou graves como febre6, traumatismos, hipóxia7 cerebral, tumores, intoxicações, infecções8 ou infestações, medicamentos, alterações metabólicas, etc.
As convulsões febris acontecem normalmente em 2 a 5% das crianças entre 3 meses e cinco anos de idade, à raiz de elevações bruscas e intensas da temperatura. Apesar de ser um quadro muito dramático essas convulsões em geral são benignas e tendem a desaparecer depois daquela idade.
Quais os sinais9 e sintomas10 de uma convulsão11?
Os sinais9 e sintomas10 das convulsões são:
- Perda brusca ou muito rápida da consciência. Algumas vezes essa perda é súbita; outras vezes ela é antecedida por breves sinais9, chamados “auras”, que avisam sua aproximação. A recuperação da consciência se dá gradualmente, dentro de alguns minutos.
- Queda desprotegida ao chão com possibilidade de se ferir.
- Violentas contrações musculares generalizadas que duram alguns segundos e torção12 da cabeça13 e dos olhos14 para um dos lados.
- Atrito dos dentes, com possibilidade de quebra dos mesmos. Possibilidade de mordedura e até seccionamento da língua15 em virtude de potentes contrações dos maxilares16.
- A língua15 torna-se flácida e pode cair para trás, impedindo a passagem do ar.
- Emissão de um grito agudo17 no momento do desmaio, resultante da eliminação do ar retido nos pulmões18.
- Eliminação involuntária1 de urina2.
- Incapacidade de deglutir19 saliva, com acumulação da mesma na boca20 e eliminação dela sob a forma de “baba”. Se houver ferimento da língua15, a saliva eliminada pode estar sanguinolenta21;
- Despertar confuso e desorientado, do qual o paciente se recupera aos poucos. De início ele não reconhece o lugar onde se encontra, nem as pessoas ao seu redor.
- Completa amnésia22 do ocorrido. O paciente não se lembra da convulsão11 que acabou de ter.
- Dor de cabeça13 e sensação de fadiga23 ao despertar.
Quais são os primeiros socorros a serem prestados em caso de convulsão11?
- Afrouxar as vestes que estejam justas: cintos, gravatas, colarinhos, etc. Retirar possíveis adereços (colares, cachecóis, etc.) e próteses (dentadura, aparelhos dentários móveis, etc.) que o paciente esteja usando, tendo o cuidado de não se ferir em uma eventual mordida do paciente.
- Proteger a cabeça13 do paciente e colocá-la de lado, evitando que a língua15 caia para trás e obstrua a passagem da respiração.
- Colocar uma proteção entre os dentes - um rolo de pano, por exemplo. Isso tanto evita o ranger violento dos dentes bem como a mordedura da língua15. Evitar colocar os dedos, que também podem ser feridos.
- Deitar o paciente sobre um lugar espaçoso e contê-lo para que ele não caia e não se fira, permitindo que os movimentos convulsivos se realizem até que terminem espontaneamente. Retirar objetos perigosos das proximidades do paciente.
- Aguardar para que o paciente recobre a respiração normal, o que em geral se dá após um período de apneia4 que termina por uma inspiração24 profunda.
- Manter-se junto do paciente até que ele recobre completamente sua orientação.
- Salvo nos casos de status convulsivos, em que as convulsões se repetem sem intervalos, ou nos casos em que ocorrerem complicações, nenhuma medicação precisa ser administrada imediatamente em seguida a uma convulsão11. Medicações ou outras medidas terapêuticas só devem ser administradas com vistas a prevenir novas crises. E devem ser prescritas por um médico.
- Em convulsões de causas ainda desconhecidas deve ser providenciada assistência médica que esclareça a causa.
- Raramente há complicações das convulsões, mas elas podem ocorrer: luxações articulares, fraturas ósseas, principalmente em pacientes com osteoporose25, deslocamentos de próteses, etc.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.